Ano 04 (2017) - Número 04 Causos
Dra. Suyanne Flávia Santos Rodrigues
Pesquisadora PDR do CNPQ junto ao Museu de Geociências-UFPA
Era uma vez uma jovem professora, ela no início de sua carreira, empolgava-se facilmente com as atividades que desempenhara. Em um belo dia de maio, convidada para ministrar um curso para iniciantes, recebeu em seu laboratório, um pouco mais que vinte alunos com idades entre sete e nove anos. Era uma turma muito curiosa, sem muito esforço da professora, rapidamente se interessaram pelo assunto, que há alguns anos atrás também havia cativado aquela professora: Os Minerais.
Para iniciar o curso, cada aluno foi rebatizado com um nome de mineral. Sem muito rodeio um deles dispara: – E qual é o seu nome, professora? Ela responde: -Flávia! Ele continua: – Flávia é nome de mineral? Ela um tanto desconsertada responde que não, e pede a eles para escolherem um mineral para ela. Não é difícil prevê o primeiro nome escolhido: diamante. Mas logo um deles concluiu, e obteve o apoio dos demais: – Diamante não parece nome de menina, é melhor escolher outro! A Professora, lisonjeada com a expressão “menina”, espera a nova decisão. Vários falam em alto tom: -Jade! A professora, então explica que o nome técnico correto é jadeíta, e assim nasceu a professora Jadeita.
Ao falar sobre as propriedades físicas dos minerais, uma em especial deixou um aluno encantado: o magnetismo. Ele logo concluiu:- A magnetita é o Magneto dos minerais, será que o osso dele é de magnetita? Magneto é um famoso vilão do universo dos super-heróis, e o paralelo traçado por ele, simplesmente maravilhou a professora.
Seguindo a apresentação das propriedades físicas, ao descobrir que o diamante era o mineral de maior dureza, e assim é capaz de riscar (cortar entenderam os alunos) todos os outros materiais, ele novamente dispara: – As garras do Wolverine devem ser de diamante! Mais uma vez, o menino traça um paralelo com um universo que por ele era tão conhecido. Quando ele descobriu que os minerais estavam presentes em diversas partes de sua casa, nos carros e aviões, ele empolgou-se ainda mais.
Ao final do curso, o menino demonstrava um verdadeiro encantamento para com os minerais. Esperou todos saírem, e aproximou-se da professora, a abraçou carinhosamente, disse com um delicioso tom de admiração e um largo sorriso no rosto:- Eu gostei muito dos minerais, eles são mais que legais! Muito obrigado! Eu quero ser igual à senhora! Mais uma vez ele, o Talco, a cativou e a deixou profundamente emocionada, pela primeira vez, em uma atividade como aquela, a jovem professora recebeu um agradecimento tão gratificante. Ela já havia ocupado o lugar daquele menino, e agora ocupara o lugar daqueles que motivaram sua escolha pela docência. Nada poderia ter a emocionado mais.