10 – O ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS AZULEJOS DO SOLEDADE

Ano 03 (2016) - Número 04 Artigos

Anne Carolina dos Santos Silva – LACORE/FAU/UFPA

Thais A. Bastos Caminha Sanjad – LACORE/PPGAU/ITEC/UFPA

Stephanie Assef Mendes, mestre em Arquitetura e Urbanismo – LACORE/FAU/PPGAU/UFPA

 

Os azulejos são constituídos por duas camadas, uma de maior espessura denominada de chacota ou biscoito, este último apenas para azulejos com a parte cerâmica com pó de pedra, e outra mais fina e vitrificada, que pode receber decoração ou não. Os azulejos do Soledade são de origem portuguesa, produzidos no século XIX com a técnica de estampilha, que consiste na utilização de moldes por cor para pintar o desenho sobre base lisa (que pode ser branca ou não).

A grande maioria dos azulejos históricos de Belém está assentada nas fachadas externas de edificações e após mais de cem anos de exposição às intempéries apresenta diferentes níveis de deterioração pelo intemperismo tropical. No caso dos azulejos do Cemitério da Soledade (inaugurado em 1850 e encerrado em 1880), eles foram assentados em túmulos baixos, em contato com o solo, o que os deixa numa maior situação de vulnerabilidade frente aos processos de intemperismo.

Esta pesquisa analisou o estado de conservação destes azulejos (Figura 1), visando registrar os principais danos e o estágio de deterioração de cada peça, e assim acompanhar o ritmo dos processos de deterioração atuante nos azulejos. As alterações mais comuns identificadas são a colonização biológica em várias frentes, carbonização pelo uso de velas, danos físicos como fraturas e fissuras e a presença de possíveis neoformações químico-minerais na parte cerâmica das peças em contato com o solo.

 

Figura 1: Azulejos do cemitério da Soledade. (A) Azulejo apresentado sujidade.

 

Figura 1: Azulejos do cemitério da Soledade. (B) Azulejo com perdas pontuais de vidrado.

 

Figura 1: Azulejos do cemitério da Soledade. (C) Azulejo com perda de mais de 50% do vidrado.

 

Figura 1: Azulejos do cemitério da Soledade. (D) Azulejo com perda total de vidrado.

 

No contexto da arquitetura mortuária trata-se de importante referência do uso de azulejos históricos em sepulturas e para a história da azulejaria portuguesa no Brasil, correspondem à padrões raros, e alguns já não existem mais nas fachadas das edificações de Belém. Chama a atenção a forte tendência à perda da camada vitrificada, atingindo assim os mais altos níveis de grau de deterioração, superior à grande maioria dos azulejos de fachada da cidade de Belém. Estes azulejos estão atualmente em risco de desaparecer.