08 – Minerais da carapaça do Teredo sp. de Salinópolis-PA

Ano 04 (2017) - Número 02 Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i2a8DSA

 

 

Daiveson Serrão Abreu, mestrando do PPGG/IG/UFPA; Laís Aguiar da S. Mendes, doutoranda no PPGG/IG/UFPA; Marcondes Lima da Costa, professor do Instituto de Geociências e Curador do Museu de Geociências/UFPA.

 

Os teredos, membros da família Teredinidae, são moluscos bivalves marinhos de corpo vermiforme filogeneticamente próximos à família Pholadidae, e formam com este a superfamília Pholadoidea (Turner, 1966; Santos, 2014). São animais conhecidos por se fixarem na madeira no final de sua fase larval e, à medida que crescem, constroem longas galerias revestidas de calcário (Muller & Lana, 2004, Aviz et al. 2009). É de grande importância a atuação desses animais na reciclagem da matéria orgânica de origem vegetal, notadamente em áreas de manguezal, que contribuem substancialmente para o enriquecimento das águas estuarinas por meio da exportação de detritos (Aviz et al. 2009). Os Teredinidae aceleram a destruição da madeira deslocada pelos rios ao mar, principalmente por aumentar a superfície em exposição, propiciando a formação de microhabitats ideais para que diversos grupos animais se fixem, sobretudo pequenos invertebrados bentônicos e bactérias (Turner, 1966; Rimmer et al. 1983; Aviz et al. 2009).

Na região costeira da cidade de Salinópolis, nordeste do Pará, carapaças de teredos (popularmente conhecidos na região como “turu”) são encontrados em troncos caídos na face de praia (Fig. 1A e B). Durante a viagem de campo da disciplina Mineralogia Conceitual, decorrida nos dias 11 e 12/06/2016 na região de Salinópolis, carapaças de teredos foram coletadas na praia do Maçarico com intuito de identificar a sua constituição mineralógica por DRX. As análises realizadas mostraram que as carapaças são constituídas por calcita, mineral dominante, seguido por aragonita e quartzo em menores proporções (Fig. 1C). É provável que quartzo seja contaminação da areia da praia. Calcita e aragonita são os principais constituintes de moluscos recentes.

 

Figura 1. (A) Tronco de árvore colonizado por teredos. Imagem capturada por Laís Aguiar; (B) Carapaças de teredos; (C) Difratograma de raios X de carapaças de teredos. Calcita (Cal), Aragonita (Arg), quartzo (Qtz).

 

REFERÊNCIAS

Aviz, D., Mello, C. F., Silva, P. F. 2009. Macrofauna associada às galerias de Neoteredo reynei (Bartsch, 1920) (Mollusca: Bivalvia) em troncos de Rhizophora mangle Linnaeus durante o período menos chuvoso, em manguezal de São Caetano de Odivelas, Pará (costa norte do Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais. v. 4, n. 1, p. 47-55.

Muller, A. C. P. & P. C. Lana, 2004. Manual de identificação de moluscos bivalves da família dos teredinídeos encontrados no litoral brasileiro: 1-148. Editora da UFPR, Curitiba.

Rimmer, M. A., S. L. Battaglene & P. L. Dostine, 1983. Observation of Bankia australis Calman (Mollusca: Teredinidae) in the Patonga Creeck mangrove swamp, New South Wales. Australian Journal of Marine and Freshwater Research 30(2): 355-357.

Santos R. A. O. 2014. Estudo da ação de Teredinidae (Mollusca, Bivalvia) no estuário da Marambaia, RJ. 2014. 57f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ.

Turner, R. D., 1966. A survey and illustrated catalogue of the Teredinidae: 1-265. Museum of Comparative Zoology, Harvard University, Cambridge.

 

 

 10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i2a8DSA