03 – Granito Rapakivi da Suíte Magmática Caapucú, Sul do Paraguai

Ano 04 (2017) - Número 04 Artigos

10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i4a3AFGDL

 

 

Amanda Figueiredo Granja Dorilêo Leite, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geociências/FAGEO-UFMT; Amarildo Salinas Ruiz, FAGEO-UFMT; Maria Zelia Aguiar de Sousa, FAGEO-UFMT; Narciso Cubas, Universidad Nacional de Assunción-Paraguai.

 

Granitos com textura rapakivi foram identificados nas rochas da Suíte Magmática Caapucú, localizada na região sul do Paraguai, a 100 km da cidade de Assunção, capital deste país. Granitos rapakivi caracterizam-se pela presença de feldspato alcalino manteado por plagioclásio e são importantes marcadores petrogenéticos da evolução da crosta terrestre (Dall’Agnol et al. 1999).

A Suíte Magmática Caapucú é pouco estudada e consiste em associações de exposições plutônicas e vulcânicas. Meinhold et al., 2011 afirmam que são compostas por granitos grossos com biotita, granitos hipoabissais porfiroclásticos a afaníticos, intercalados de tufos e ignimbritos, intrudidos por diques félsicos.

Cubas et al. (1998) identificaram quatro tipos faciológicos nesta suíte, denominando-os: Charará, Fanego, Casualidad e Barrerito. Os dois primeiros compreendem a rochas vulcânicas ácidas e os dois últimos correspondem, respectivamente, às fácies monzogranito a álcali-feldspato microgranito e sienogranito porfirítico rapakivi, tendo sua distribuição ilustrada no mapa geológico da Figura 1.

 

Figura 1 – Mapa Geológico da Suíte Magmática Caapucú (adaptado de Cubas, 1998).

 

A textura rapakivi é encontrada em rochas da Fácies Barrerito que foi classificada como sienogranito porfirítico rapakivi. São litotipos leucocráticos de cor, predominantemente, rosa e de textura porfirítica formada por fenocristais de quartzo e de feldspatos alcalinos de cor rosa manteados por plagioclásio branco (Figura 2) que se destacam numa matriz de granulação fina, essencialmente gráfica a granofírica.

 

Figura 2 – Fotografias de amostras porfiríticas da Fácies Barrerito ilustrando textura rapakivi: (A) e (B) fenocristais de feldspato alcalino pertítico de cor rosa com bordas de plagioclásio branco em matriz fina. Qtz: quartzo; K-fsp: K-feldspato; pl: plagioclásio; bt: biotita.

 

Os feldspatos alcalinos, além de se mostrarem manteados por plagioclásio, apresentam intercrescimento pertítico onde a fase sódica se dispõe em fios, filmes e grãos. O quartzo ocorre em grãos anédricos intersticiais ou de forma vermicular configurando textura gráfica/granofírica. O plagioclásio pode ser encontrado, mais raramente, em cristais subédricos tabulares isolados sendo classificados como albita a oligoclásio. Os minerais máficos essenciais formam pequenos agregados e estão representados por palhetas de biotita e cristais prismáticos de anfibólio. Apatita, zircão e minerais opacos são identificados como fases acessórias; enquanto argilominerais, sericita, epídoto e clorita correspondem aos minerais de alteração pós-magmática.

Haapala & Ramo (1992) foram os primeiros a definir os granitos rapakivi do batólito de Wiborg, na Finlândia, e caracterizaram esta textura como produtos de fusão ou refusão da crosta. Essa textura é gerada devido a um sobrecrescimento mineral representado pelo feldspato potássico englobado por um anel de plagioclásio (albita ou oligoclásio). O sobrecrescimento entre os minerais sugere uma mudança abrupta na composição do magma ou nas condições em que a cristalização ocorre.

A opinião tradicional (Hibbard, 1981) é que ocorreu uma mistura entre um magma mais evoluído, do qual megacristais de feldspato potássico cristalizaram, ou então uma mistura entre um magma mais quente e básico subsaturado em feldspato potássico. Ainda segundo este autor, a mistura de dois líquidos magmáticos leva à reabsorção parcial dos megacristais de feldspato potássico.

 

REFERÊNCIAS

Cubas N., Garcete A., Meinhold K.D. (1998): Hoja Villa Florida 5468, texto explicativo. 5 p. Direccion de recursos minerales (MOPC) e Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturales (BGR).

Dall’Agnol, R., Costi, H.T, Leite, A.A.S., Magalhães, M.S., Teixeira, N.P (1999). Rapakivi granites from Brazil       and adjacent areas – Group of Research on Granite Petrology, Centro de Geociências-UFPA.

Hibbard, M. J. 1981. The magma mixing origin of mantled feldspars. CONTRIB MINERAL PETROL 76, 158-70.

Haapala, I., Ramo, O.T., 1995. Geology of the rapakivi granites — a review. In: Dall’Agnol, R., Macambria, M.J.B., Costi, H.T. (Eds.), Symposium on Rapakivi Granites and Related Rocks, Abstract Volume. Center for Geosciences, Federal University of Pará, Belem, Brazil, pp. 4–5.

Meinhold K.D., Cubas N., Garcete A. (2011): Mapa Geológico 1:250.000 del Complejo Precámbrico Sur del Paraguay, texto explicativo. 22 p.

 

 

10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i4a3AFGDL