03 – Biotransferência de elementos químicos nos organismos dos manguezais de Curuçá

Ano 04 (2017) - Número 02 Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i2a3MPSP

 

 

Maria do Perpétuo Socorro Progene, Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus de Tomé-Açu; Marcondes Lima Costa, Universidade Federal do Pará; José Francisco Berrêdo, Museu Paraense Emílio Goeldi; Rosildo S. Paiva, Universidade Federal do Pará.

 

No estuário do rio Mocajuba em Curuçá, as comunidades que vivem aos arredores dos manguezais cultivam as ostras e retiram caranguejos, camarões, peixes e etc., para o próprio sustento e abastecimento de outras regiões. Os estuários atuam como filtros de constituintes químicos dissolvidos. Os elementos químicos presentes nesses ambientes, em níveis naturais ou antrópicos, são transferidos para as ostras Crassostrea gasar (Figura 1) e, o fitoplâncton. Em níveis elevados, os metais são potencialmente tóxicos e podem interromper as atividades biológicas dos ecossistemas aquáticos e também bioacumular nos organismos (Asante et al., 2008, Vilhena et al., 2012).

As águas do rio Mocajuba são levemente ácidas a neutras (pH 6,2 a 7,1), com salinidade entre 0 a 18, bicarbonatadas, enriquecidas em álcalis (Na+>Mg2+>Ca2+>K+). A composição química dos sedimentos reflete a mineralogia, derivada dos sedimentos lateritizados e solos oriundos da Formação Barreiras, e a influência do mar.

A composição química elementar do fitoplâncton (Figura 2), apresenta altos teores de Fe, Al, Ca, P, Mg, Mn, Zn, e Pb. As ostras Crassostrea gasar (Figura 1) são enriquecidas em macronutrientes K, Ca, Mg e P. Dentre os micronutrientes, o Zn é o elemento que mais concentrou seguido de Fe e Mn. Esses elementos, de origem natural, são bioacumulados pelo fitoplâncton e transferidos para as ostras C. gasar. As concentrações de metais no fitoplâncton e ambos (ostras e fitoplâncton) se comportam como bioacumuladores dos metais disponíveis nos estuários estudados e, revelam que os valores de transferências químicas, que embora, em pequenas quantidades nas águas e nos sedimentos, estes elementos se transferem para o fitoplâncton e ostras. Essas transferências de metais, não apresentam indícios de impactos ambientais por metais e minerais.

 

Figura 1. (A) Mesas de cultivo (travesseiros) no estuário do rio Mocajuba; (B) ostras C. gasar.

 

Figura 2. Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV, fitoplâncton do rio Mocajuba.

 

REFERÊNCIAS

Asante, K.A., Agusa, T., Mochizuki, H., Ramu, K., Inoue, S., Kubodera, T., Takahashi, S., Subramanian, A., Tanabe, S., 2008. Trace elements and stable isotopes (δ13C and δ15N) in shallow and deep-water organisms from the East China Sea. Environmental Pollution 156, 862-873.

Vilhena, M.P.S.P., Costa, M.L., Berredo, J.F., 2012. Accumulation and transfer of Hg, As, Se, and other metals in the sediment-vegetation-crab-human food chain in the coastal zone of the northern Brazilian state of Pará (Amazônia). Environ Geochem Health 35 (1), 1-20.

 

 

 10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i2a3MPSP