01 – Bauxita Colunar Boxwork

Ano 03 (2016) - Número 03 Artigos

Marcondes Lima da Costa.

 

Recebemos como doação para o nosso Museu de Geociências, entregue a minha pessoa em Trombetas durante recente visita às minas de bauxita, um excelente exemplar de bauxita, coletado pela geóloga Keila Palheta Gomes egressa do curso de geologia da UFPA, formada em 2002. A referida amostra foi coletada em 2006 no platô Almeidas, cujo minério já está exaurido. Essa amostra recebeu o número 2457 no acervo do Museu. Trata-se de exemplar de bauxita de aspecto geral colunar, muito leve graças a sua natureza muito cavernosa, em que as cavidades tendem a posição vertical, com padrão boxwork, sugerindo lixiviação intensa dos argilominerais (caulinita) e fração argila, talvez, além dos oxi-hidróxidos de ferro (hematita e goethita). O esqueleto bauxítico é dominado por gibbsita “cristalina”, que confere a amostra uma esplêndida cintilância perante a exposição a luz do sol. O padrão colunar sugere que o pacote em que ela se encontrava foi atingido por intensa atividade radicular, que promoveu a parcial decomposição da bauxita, desenvolvendo argilominerais e concentração lateral de oxi-hidróxidos de ferro, que foram a posteriori removidos pelas águas circulando que se aproveitaram dos dutos deixados pelas raízes. Evidências de raízes são dadas pelas formas tubulares centimétricas gibbsitizadas. As paredes das cavidades são cobertas parcialmente por agregados milimétricos a submilimétricos de cristais brancos a marrons, respectivamente gibbsita e hematita (?). Localmente observa-se gibbsita porcelanada, principalmente constituindo as raízes fósseis.

 

Figura 1. Bauxita colunar boxwork cavernosa do platô Almeidas, Oriximiná, frente e verso e detalhe mostrando feições tipo raízes gibbsitizadas. Acervo do Museu de Geociências, 2016.