04 – As várzeas de açaí na orla de Belém

Ano 03 (2016) - Número 02 Notícias

Como parte da programação do Museu de Geociências por ocasião da 14ª. Semana Nacional de Museus, organizamos um passeio pela orla de Belém, pela margem oposta, na rota Belém-Barcarena, transcorrida no dia 21.05.2016, a bordo do belo barco “Expresso Força da Fé” de Rodolfo Rodrigo. Encostamo-nos à Comunidade Santa Maria (Ilha das Onças), e fomos efusivamente recebidos. Foi descontração completa. Alguns treparam (não levem para o mal caminho) no açaizeiros, outros tomaram banho na maré alta, família inteira caiu na folia da maré, roeram caroços de açaí; eu tomei um alegre café docinho e prosei muito com a senhora professora Vera. Porém não pude perder a oportunidade de conhecer o projeto de piscicultura da comunidade. No momento estava em construção um dique para conter a água da maré e formar tanques para piscicultura. Um canal de 60 cm de largura e 100 cm de profundidade estava em escavação para ao mesmo tempo dar acesso à água e com sua argila formar uma muralha, que conteria esta água, formando-se assim os tanques necessários para a criação de peixes. Uma argila de várzea, de tonalidade achocolatada, macia, ligeiramente mosqueada, rica em raízes de açaizeiros, semelhante aquelas das várzeas da UFRA, já saía em blocos grandes formatados, que eram empilhados formando a muralha. Segundo nossos estudos preliminares essas argilas são constituídas de quartzo, caulinita, illita, com um pouco de óxi-hidróxidos de Fe, e bastante diatomáceas (fragmentos). Foi um passeio inesquecível, com vontade de repetição.

 

Figura 1. Imagens da excursão à orla de Belém (Ilha das Onças): o barco, açaizal em plena inflorescência, o muro de bloco de argila (veja no detalhe) de várzea e água da maré invasora e turma no toldo do barco.