01 – A influência das áreas-fonte para os sedimentos dos manguezais da costa paraense: consequências mineralógicas e geoquímicas

Ano 04 (2017) - Número 02 Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i2a1JFB

 

 

José Francisco Berrêdo, Museu Paraense Emílio Goeldi; Marcondes Lima Costa, Instituto de Geociências, UFPA; Maria do Perpétuo Socorro Progene Vilhena, Universidade Federal Rural da Amazônia; Christiene Lucas Rafaela, Universidade Federal do Pará.

 

As rochas sedimentares e os solos (latossolos) e materiais lateríticos derivados da Formação Barreiras são basicamente as principais fontes de minerais para a constituição dos sedimentos dos manguezais da costa do nordeste do Pará. Aqueles são constituídos de quartzo, caulinita, illita, por vezes esmectita, goethita, hematita e anatásio, além de muitos detritos orgânicos (vegetais, principalmente e produtos húmicos), os quais são transferidos para os manguezais dos estuários da região de Marapanim e Bragança (figura 1), através dos processos erosivos e transportes fluviais e estuarinos. Já depositados recebem a contribuição bioclástica marinha (diatomáceas e carapaças de animais). Na presença de alta salinidade, teores elevados de matéria orgânica, intensa atividade biológica e o lento movimento das águas intersticiais, o material primário é parcialmente transformado e dá origem a minerais neoformados no ambiente ácido e redutor tais como: esmectita, feldspato potássico, pirita, halita, gipsita e jarosita (Berrêdo, 2006).

 

Figura 1. Estuário do rio Marapanim (esquerda); estuário do rio Caeté, Bragança (direita).

 

  1. Decomposição da matéria orgânica

2{(CH2O)c(NH3)n(H3PO4)p} + c(SO42-)aq. → 2c(HCO3) + 2n(NH3) + 2p(H3PO4) + c(H2S)     (Richards 1965)

 

  1. Formação da pirita

2CH2O+SO42-(aq.) → H2S + 2HCO3- (Westrich 1983)

Fe2O3+ 4H2S   →  2FeS2 + 3H2O + 2H+ (Berner 1984)

 

  1. Formação da esmectita a partir da sílica biogênica e caulinita

2 SiO2 + Al2Si2O5(OH)4 + 3 Mg++ + K+ + 7H20 Mg3 → (SiAlO10)(OH)2 + KAlSi3O8 + 16 H+  

(biogênica)     (caulinita)                                                                                                              (Δ Fºf = – 43,83 Kcal)

 


  1. Precipitação de quartzo microcristalino (Remobilização e precipitação de sílica)

 

            

        

 

  1. Formação de oxi-hidróxidos de ferro (Corte transversal no testemunho. O marrom avermelhado intenso corresponde à precipitação de F+3 preenchendo vazios deixados pelas raízes).

  2. Formação de gipso (esquerda) e halita (direita).

REFERÊNCIAS

BERRÊDO, J. F. 2006. Geoquímica dos sedimentos de manguezais do nordeste do estado do Pará: o exemplo do estuário do rio Marapanim. Tese de Doutorado (não publicada), Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará,185 p.

RICHARDS, F.A. 1965. Anoxic basins and fjords. In: RILEY, J.P., SKIRROW, G. (Ed.).Chemical Oceanography. San Diego, Academic Press. p.611-645.

BERNER, R A. 1984. Sedimentary pyrite formation: An update. Geochimica et   Cosmochimica Acta, 48:605-615.

WESTRICH, J.T. 1983. The consequences and controls of bacterial sulfate reduction in marine sediments. New Haven, Yale University. 530p. Dissertation (Ph.D).

 

 

 10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i2a1JFB