19 – Iconografia histórica e a geologia no Centro Histórico de Belém/PA

Ano 02 (2015) - Número único Artigos

Jamylle Trindade de Matos, Roseane da Conceição Costa Norat, Marcondes Lima da Costa

 

A cidade de Belém/PA tem suas origens com a ocupação de uma porção de terra firme às margens da Baía do Guajará, cercada por terrenos alagadiços e igarapés, onde foi estabelecido o Forte do Castelo, marco de sua fundação em 1616. A partir desse ponto ao longo do tempo consolidaram-se os núcleos da Cidade, atual bairro da Cidade Velha, Campina e posteriormente o Reduto, os quais compõem a delimitação do seu centro histórico. O processo de urbanização com a abertura de vias, construção de moradias e outras obras decorria em terrenos com forte atuação intempérica caracterizados pelos perfis lateríticos.

As unidades litoestratigráficas que compõem a área da cidade de Belém são o Grupo Barreiras, os sedimentos Pós-Barreiras e a Unidade Cobertura Detrítica-Laterítica. O primeiro é composto por 8 fácies litológicas, porém, de forma geral são observados argilitos, siltitos e intercalações de lentes de arenitos (Oliveira 2011). Os lateritos imaturos de ampla distribuição se formaram a partir de suas litologias. A segunda consiste de sedimentos (na verdade solos) de cor amarelada, inconsolidados formados predominantemente por grãos de quartzo arredondados e de granulação muito fina, sobrepostos às rochas do Grupo Barreiras, mas lateritizadas. E a última ocorre geralmente recoberta por latossolos amarelados.

 

Fig. 1. Manuscrito da cidade de Belém por Algemeen Rijksarchief, Haia. 1640, onde se observar uma zona de praia e faixa de possível perfil laterítico recoberto por aterramentos na faixa onde se localizam hoje a área portuária e Estação das Docas e Feira do Ver-o-Peso. (Reis Filho, 2000).

 

 

A iconografia histórica de Belém mostra a evolução da paisagem ao longo do tempo e auxilia na interpretação dos impactos que podem ser observados quanto aos alagamentos recorrentes em pontos característicos da cidade, inclusive no centro histórico. Os processos de ocupação assim como sucessivos aterramentos de áreas alagadas e braços de rios são frutos da ação antrópica e alteraram apenas superficialmente a geologia local. A análise dos mapas e plantas antigos assim é de fundamental importância para a compreensão dos fatores que contribuíram para os processos de urbanização da região e seus impactos até o presente.

 

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, José Guilherme Ferreira de. Geologia e recursos minerais da Folha Belém – SA.22-X-D-III, Estado do Pará, escala 1:100.000 / José Guilherme Ferreira de Oliveira, Regina Célia dos Santos Silva. – Belém: CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2011.

REIS FILHO, Nestor Goulart. Imagens de Vilas e Cidades do Brasil Colonial. 1. ed. São Paulo: EDUSP/Imprensa Oficial, 2000. v. 1. 411 p.