12 – LIEBER PROF. HERBERT (PROF. DR. DR. HABIL. HERBERT PÖLLMANN)

Ano 09 (2022) – Special Issue on Herbert Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v92022iSpeciala12SFSR

 

 

Suyanne Flávia Santos Rodrigues (Frau Rodrigues)

Dra. Química Industrial, autônoma, suyanneflavia@gmail.com

 

Peço licença aos caríssimos leitores e ao senhor para narrar um pouco de nossa história.  Não irei destacar o inegável impacto de sua produção científica. E sim, sobre o impacto do querido, alegre e amável Prof. Herbert. Quando cheguei ao GMGA o Prof. Marcondes estava preparando sua tradicional viagem a Alemanha, para encontrar seu grande parceiro de cooperação internacional, mas muito além disto, seu grande amigo. Todos ali conheciam e falavam com empolgação sobre as visitas do Prof. Pöllmann à Belém, e como era possível completar parte dos estudos na Alemanha. Já havia ali estabelecida uma “ponte aérea” Belém (Brasil) – Halle (Alemanha). Logo neste início, sonhei com minha ida à Alemanha. Poucos meses depois, Prof. Herbert visitava Belém, sempre simpático, trazendo uma sacola repleta de bombons de chocolates que distribuía no nosso tradicional encontro semanal do GMGA. Muitos encontros vieram, e  a partir dali, o sonho de estudar na Alemanha passou a ser um projeto bem definido. Em 2012, nos encontramos em Frankfurt, o senhor alegre com os braços aberto exclamou: “finalmentche”, você na Alemanha! Era apenas a minha primeira visita ao seu país. A esta altura, a amizade já havia se consolidado entre nós.

Naquele período, traçamos o plano para o doutorado sanduiche que se concretizou em 2013, poucos meses intensos na Uni-Halle, onde recebi livre acesso a tudo que foi necessário para o desenvolvimento do trabalho. Tudo isso, está registrado em nossos currículos, junto aos trabalhos que publicamos. Porém, o que está registrado apenas em minha memória, são os fortes laços de amizades que permearam essa história. O senhor chegou a Belém às vésperas de minha defesa de tese. Foi recebido no aeroporto com o pão caseiro para o café (o Prof. Marcondes certamente tem uma imagem deste momento). Com o mesmo carinho que me recebeu meses antes no aeroporto de Leipzig-Halle. Dividimos muitas mesas de trabalho, mas dividimos também muitas mesas de refeições, acompanhadas de boas histórias, sempre alguma nova excursão, um novo mineral. Dividimos a cozinha no Brasil e na Alemanha. Era uma alegria cozinhar para o senhor. Por diversas vezes, abriu as portas de sua casa e me recebeu no seio de sua família, cozinhamos, comemos, bebemos, coletamos maçãs, produzimos suco ali mesmo; fatiamos e congelamos pães para o inverno. Conheci sua fantástica coleção de minerais. Passei horas ouvindo diversas narrativas de como um determinado mineral havia chegado aquele porão (Keller). De fato, os minerais estavam presentes por toda parte, em Halle, em Fürth e naquele porão em Eschberg.

Os minerais sempre foram os protagonistas das mais diversas histórias. Aqui destacarei as ametistas: Primeiro, o fantástico e grandioso geodo de ametistas proveniente do sul do Brasil. Quando cheguei a Eschberg acompanhada pelo Prof. Marcondes, vocês dois empolgados logo narraram a viagem para aquisição, e as manobras para que o geodo ocupasse aquele lugar, vi fotos e vídeos. Fui instalada em um quarto ao lado de uma belíssima drusa de também ametistas do sul do Brasil: “aqui você tem uma boa companhia” disse rindo referindo-se a drusa (Figura 1). Pouco tempo depois, estive em Lauf, onde está a outra banda do grande geodo, e novamente ouvi a história agora narrada pelo gentil Dr. Jürgen Göske, ex-aluno do prof. Herbert.

As ametistas de Alto Bonito nos geraram horas de boa conversa também. Recebi do Prof. Marcondes algumas amostras de ametistas e citrinos obtidos por tratamento térmico provenientes de Alto Bonito-PA. Novamente recebi a oportunidade de desenvolver um belo trabalho iniciado no campo por vocês. Sentamos e horas se passaram falando sobre aquela excursão, sobre a aventura de descer 150m pendurado por um cabo, em um poço de 1mx1m na mais completa escuridão (Figura 2). “O governador desceu”; “a mulher dele também desceu”, e as risadas que permeavam aquele episódio ainda ecoam na minha memória. Naquele campo, um machucado lhe rendeu o gentil cuidado das mulheres que alegremente “requiavam” o rejeito daquela mina.

Ao seu lado conheci o mais belo museu de minerais (Terra Mineralia Museum), em Freiberg, também na Alemanha. Na sua companhia também conheci a cidade do “trem que voa”, Wuppertal, onde visitamos uma empresa de automação em caracterização mineral através do colega Rogers. Andamos pelo interior do Pará; tomamos açaí e, junto a sua família, até dançamos carimbó sobre a Baia do Guajará. Na divertida festa de Santa Bárbara, na Universidade de Halle-Wittenberg, me “tornei geóloga”. O ambiente no seu grupo de pesquisa naquela universidade era uma harmoniosa combinação de trabalho duro e alegria.

Tudo isso nos mostra o quanto nossa formação acadêmica pode nos proporcionar as mais diversas e valiosas experiências. Sonhei em estudar na Alemanha e muito além deste sonho, vivi a Alemanha ao lado de um amado amigo. Que um bom Amigo pode estar guardado em uma relação de trabalho, pautada no respeito e profunda admiração. Finalizo este texto com claríssima sensação de que muito me ofertastes, e que esta equação não foi bem balanceada.

Um forte abraço, meu querido Professor Herbert,

Com carinho e mais profunda admiração.

Frau Rodrigues

 

Figura 1 – Uma bela companheira de quarto em Eschberg. Ágata com sua parede interna revestida por uma superfície formada por micro-cristais de quartzo e bem maiores calcita. Coleção do prof. Herbert.

 

Figura 2 – A descida no shaft de 150m de profundidade no garimpo de ametistas de Alto Bonito- PA: Herbert e o técnico-guia. Imagem do acervo de Marcondes Lima da Costa.

 

 

 10.31419/ISSN.2594-942X.v92022iSpeciala12SFSR