10 – A Mina do Boi Morto: aventura geológica no mundo das opalas

Ano 02 (2015) - Número único Artigos

José Fernando Pina Assis & Adria Kanome Mori Soares

 

Figura 1. Aspecto geral do paredão de arenito da Mina do Boi Morto. Desenho e imagem, Fernanda Ferreira.

 

Encravada entre serras e vales na zonal rural de Pedro II, estado do Piauí, 195 quilômetros ao norte de Teresina, a Mina do Boi Morto é a maior mina de opala a céu aberto do mundo e a mais importante do Brasil. Segundo moradores locais seu nome homenageia um boi muito valente, morto ali por um sertanejo, o que fez com que o local passasse a ser conhecido como Boi Morto. Sua história de aventura & perigo, data dos anos 30 do século XX, quando a primeira amostra de opala foi encontrada e logo atraiu curiosos ao local. Inicialmente a garimpagem era praticada de forma rudimentar, sendo frequentes os desabamentos e morte dos trabalhadores. Após anos de exploração clandestina, a mina foi abandonada. A partir de 2005, o trabalho de recuperação permitiu a retomada da exploração de opala, assim como possibilitou a visitação turística ao local, feita sob responsabilidade da ACONTUR (Associação dos Guias-Condutores de Turistas e Visitantes de Pedro II). Atualmente a mina é administrada pela empresa OPEX e parte dela é cedida a uma cooperativa local de garimpeiros, que explora o rejeito da mineração avaliado em 10 milhões de m3.

 

Visitar a Mina do Boi Morto é passear entre geohistória & aventura. A partir do portão de acesso, são 3 km de caminhada em estradinha de terra margeando um lindo vale, até a chegada ao sopé do paredão de arenito que esconde a mina (Figura 1). Uma vez lá, não há como escapar à magnitude geológica do lugar.

 

As Opalas de Pedro II

 Opala formada por sílica hidratada (SiO2. nH2O) associa-se às calcedônias (chert, jaspe, ônix, ágata), Forma-se quando rochas arenosas são atravessadas por fluidos em alta temperatura que “cozinham” os cristais de quartzo e lhes dão aspectos ímpares de coloração, iridescência e translucência.

Pedro II é Terra da Opala, como diz orgulhoso seu portal. A mineração da opala representa mais de 90% da receita bruta do município, cujo polo joalheiro conta com mais de 50 lojas & lapidarias que completam a cadeia produtiva que produz anualmente mais de 400 quilos de joias entre brincos, colares, pingentes chaveiros, amostras de mão parcialmente lapidadas (figura 2), além dos famosos mosaicos de sete cores (Figura 3), obra prima das Opalas de Pedro II.

 

Figura 2: cristais de opala em amostra de mão semi lapidadas.

 

Figura 3: mosaicos de sete cores de Pedro II. https://www.google.com.br/search?q=opalas+de+pedro

 

REFERÊNCIAS

Abreu, F.A.M, Assis, J.F.P – Roteiro para Trabalho de Campo em Geologia Introdutória. Universidade Federal do Pará, Faculdade de Geologia. 2013.

Allaby, M. – Oxford Dictionary of Geology & Earth Sciences. Oxford Univ. Press. 2013

Soares, A.K.M. – Prática de Campo em Geologia Geral – Relatório Final. Universidade Federal do Pará, Faculdade de Geologia. 2014.

http://www.pi.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/PI/Mina-do-Boi-Morto-%C3%A9-uma-das-mais-famosas-do-mundo.