09 – Esfeniscidita, (NH4,K)(Fe,Al)2(PO4)2(OH)

Ano 02 (2015) - Número único Artigos

Rômulo Simões Angélica, Professor e Chefe dos Laboratórios de Tecnologia Mineral, do PPGG/IG/UFPA

 

Em inglês spheniscidite. Pertencente ao grupo da leucofosfita foi descoberta na Ilha Elefante, pertencente a um conjunto de ilhas na parte britânica da Antártica. O nome é derivado de “Sphenisciformes”, que é o nome científico dos pingüins. Foi aprovada em 1986 pela IMA e a sua formação é atribuída à interação de soluções fosfáticas derivadas de guanos com minerais cloríticos e micáceos, em solos sobre áreas de pingüins na Antártida (http://webmineral.com).

A amostra em questão foi coletada por estudantes e pesquisadores do Projeto PROCAV, da UNIFESSPA, de Marabá e da empresa Vale, em trabalho de reconhecimento de diferentes cavernas em formações ferríferas na Serra Norte, em Carajás.

Na fotografia, a esfeniscidita corresponde ao cimento cinza-esbranquiçado, que envolve uma porção central, concrecionária, rica em fragmentos ângulos de formações ferríferas, em matriz goethítica-hematítica, semelhante ao que é descrito como a “canga ferruginosa” ou crosta ferruginosa laterítica, topo dos platôs em Carajás. Adicionalmente, observa-se, na porção superior da imagem, o mesmo mineral em texturas arborescentes, centimétricas, de coloração cinza escura. Ocorrem, frequentemente, nas paredes das cavidades, ou mesmo no teto e no piso das mesmas, formando diferentes tipos de espeleotemas. Sua identificação foi feita por Difratometria de Raios-X, nos laboratórios do IG-UFPA.

 

Figura 1: A esfeniscidita corresponde ao cimento cinza-esbranquiçado, que envolve uma porção central, concrecionária, rica em fragmentos ângulos de formações ferríferas, em matriz goethítica-hematítica.

 

 

Este trabalho é parte da dissertação de mestrado do estudante Alan Rodrigo Leal de Albuquerque, em desenvolvimento no PPGG-UFPA.

Além da localidade original, onde foi descoberta, poucas ocorrências de esfeniscidita foram descritas no mundo, e descritos na literatura, conforme busca recente no portal de periódicos da Capes. A primeira ocorrência desse mineral em ambiente de cavernas foi feita por Sauro et al. (2014), em cavernas de quartzitos em Corona ‘e Sa Craba (SW Sardinia, Itália). A questão mais interessante a ser investigada, naturalmente, está relacionada a sua origem, se também pode ser atribuída a guanos – no caso, de excrementos de morcegos ou outros animais, em cavernas – ou uma outras possibilidade inorgânica (por exemplo, hidrotermal).