05 – Bonito, Pará: Primeira Mina de Fosfato da Amazônia – Crandallita-goyazita, Minério de Fósforo

Ano 02 (2015) - Número único Artigos

Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências & Alessandro Sabá Leite

 

Em setembro de 2015 entra em operação a primeira mina de fosfatos da Amazônia: Bonito, no nordeste do Estado do Pará, a 140 h de Belém. É um marco na história da mineração da Amazônia e do Pará, e mais uma mina neste estado, com forte aptidão para a indústria mineral. O mais exótico nisto tudo é que os fosfatos lavrados em Bonito se constituem em uma anomalia no mundo inteiro, pois não é constituído de apatita, a exemplo dos fosforitos, foscoritos ou corpos ultramáfico-carbonatíticos mineralizados em apatita, mas sim, são fosfatos de alumínio, representados principalmente por crandallita-goyazita e woodhouseita-svanbergita, tipicamente de origem laterítica. A primeira mina de fosfatos de Al laterítica que entrou em lavra está no Senegal e Bonito é a segunda. Nas Ilhas Christmas se explora um pouco de fosfatos de Al, mas não são tipicamente lateríticos. Bonito é uma reserva pequena, da ordem de 4.000.000 t, mas de alto teor, por volta de 21 % P2O5. O minério se encontra no topo do morro Sapucaia (e também Boa Vista) e corresponde às crostas do perfil laterítico, parte do minério também está representada por paleocolúvio. Esses fosfatos foram descobertos por Marcondes e Walmeire Costa em 1983 quando retomavam a pesquisa por fosfatos na região nordeste do Pará, como parte das pesquisas por fosfatos iniciadas ainda em 1976, como parte de sua dissertação de mestrado e tese de doutorado. A partir de 2010 a área foi pesquisada por várias empresas visando a produção de fosfatos. No período de 2013 -2015 orientei a dissertação de mestrado de Alessandro Sabá Leite voltada para a geologia, mineralogia e geoquímica deste depósito. Ainda em dezembro submeteremos a publicação junto ao JGE um artigo completo sobre esses fosfatos. Os fosfatos de Bonito se correlacionam muito bem com aquele se Jandiá, Pedra Grande e Itacupim no Pará, e ainda Pirocaua e Trauíra, no Maranhão e são cronocorrelacionáveis com dos depósitos de bauxitas da Amazônia. Esses depósitos de fosfatos de alumínio constituem juntos talvez uma província única, sem equivalente no Mundo até o presente.

 

Figura 1. No sentido horário: Vista do minério exposto na trincheira; crosta pele-de-onça mineralizada; crosta fosfática, o minério rico; esteira transportadora levando minério para o britador em 9/2015. Esta última imagem é de bamineração.com, enquanto as demais é de Marcondes L. Costa.