05 – ALIIS INSERVIANDO CONSUMOR: O GRANDE EXEMPLO DO PROF. DR. DR. HERBERT PÖLLMANN

Ano 09 (2022) – Special Issue on Herbert Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v92022iSpeciala5RRW

 

 

Reinhard Richard Wegner

Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), reinhard.wegner@yahoo.com

 

ABSTRACT

I highlight the following topics about day to day with Herbert: the natural conexistence with the students; how things happen and develop; the typical example of prof. Dr. Dr. Herbert pöllmann from the university of Halle-Wittenberg (Martin-Luther Universität – MLC): Herbert, a passion for basalts, but why? our Herbert and its basalt; granitic pegmatites.

Keywords: Basalts, pegmatites, amethyst, achat, Mariele, Minas Gerais, Rio Grande do Sul

 

A CONVIVÊNCIA NATA COM OS ESTUDANTES

Ao servir os outros, me degasto! em tradução livre e direta. É exatamente isso que caracteriza a vida acadêmica do nosso querido Prof. Dr. Dr. Herbert Pöllmann. Fazendo de tudo para seus estudantes, ensinando e orientando, acompanhando-os em todas as etapas até que foram contratados/as por uma empresa depois do término, seja com o título de mestre ou seja, de doutor. Seus contatos internacionais e mais ainda, sua incansável procura por bolsas ou outra sustentação financeira para seus estudantes através de elaboração de projetos para adquirir verbas terceiras, foram um dos destaques deste famoso professor.

Arrumando sustentação financeira, ele, em momento nenhum, perdeu vista da sua obrigação para ensinar e preparar seus estudantes para sua futura vida profissional.

Estudantes, como todos outros jovens também, necessitam de acompanhamento de perto, embora, desejavelmente, de forma discreta. Nesta fase da vida, quando ainda não tem responsabilidade por outras pessoas, uma família por exemplo, passa muita coisa nas cabeças dos jovens, estando festas e diversão muitas vezes em primeiro lugar.

Um pequeno episódio, que por pura coincidência participei pessoalmente, serve para ilustrar isso.

Aconteceu ainda no antigo edifício do Instituto de Mineralogia e Geoquímica da Albert-Ludwig-Universität em Halle, na rua chamada “Domstraße”, no edifício em que antigamente foi a residência do bispo da cidade e na qual o Martin Luther foi julgado por sua desobediência religiosa.

Todo mundo acomodado no segundo andar, dentro de um espaço físico muito apertado, com muitos estudantes, apoiados por projetos de pesquisas com recursos financeiros para suas teses. Preocupavam-se com tudo, menos em saber sobre a fonte dos recursos para o desenvolvimento de seus trabalhos de pesquisa. E aí parecia uma bagunça alegre generalizada, que se estendeu por semanas, com perspectiva de aumentar ainda mais.

O nosso Herbert acompanhava de perto essa confusão. Por várias vezes chamou a atenção desse seu pessoal, mas praticamente sem efeito nenhum.

Em um dado momento Herbert conseguiu reunir todo o pessoal durante o café da tarde, incluindo biscoitos, tortas e outras guloseimas. Ao final os estudantes voltaram cada um ao seu local de trabalho, mas a bagunça continuou. E aí o Herbert deu um chega!

Chamou a sua secretária, a Sra. Henne, já com a voz bastante elevada, e a ordenou que de imediato convocasse toda essa “banda de roncadores (“Schnarcher”, em alemão, palavra que ele usou) para que se dirigissem de forma imediata a sua sala de trabalho. Tão logo todos se juntaram a sua sala deu uma bronca daquelas, repreendendo a todos eles pelo total falta de ética e disposição e principalmente, e ainda pela falta de cumprimento de suas atividades, demonstrada pela não apresentação de nenhum dos resultados previstos e prometidos. A apresentação dos resultados deveria ser feita o mais breve possível, uma vez que a produção técnico-científica fora fixada por contrato devidamente assinado. As empresas, financiadoras dos trabalhos de tese via bolsas e materiais analíticos, reclamavam junto ao Herbert a falta da contrapartida por parte da Universidade.

Todos os estudantes ouviram calados a repreensão e ficaram de cabeça baixo, visivelmente envergonhados.

Ao final da bronca com os estudantes ainda completamente calados e cabisbaixos, o Herbert perguntou-lhe, agora em tom coloquial, se o seu recado fora ouvido? Tuodo mundo confirmou e prometeu de agora em diante focar em seus trabalhos e estudos e que iriam deixar a alegria e a diversão para outros momentos.

Herbert, agora bastante aliviado, novamente olhou, de propósito, no rosto de cada um dos seus “Schnarchers” e convidou-os, para a noite do mesmo dia, de se encontrar num restaurante conhecido em Halle (o restaurante denominado “Zum Schad”), par jantar, exclusivamente para a conta do Herbert, para dar um ponto final ao episódio. Tudo mundo, agora também aliviado, se comprometeu a comparecer. Participaram, além dos estudantes, também a Sra. Henne e eu. Esse jantar acabou em clima de festa, com muita alegria e brincadeiras. Mesmo assim, o recado foi dado e daí por diante todos seus chamados “Schnarchers” se tornaram estudantes responsáveis e focaram no seu trabalho e nas suas obrigações – sem perder a alegria e diversão, mas agora na hora e no local adequados.

Devo salientar, que jamais vou esquecer aquelas noites, especificamente naquele restaurante “Zum Schad”, onde frequentemente nos encontramos para jantar, desde pequenos a grandes grupos de pessoas de diferentes idades, sexo e procedência, fosse da Alemanha ou do Mundo Inteiro.  Por vezes, alguns grupos, faziam muito barulho, e eu mesmo presenciei situação vexatória, quando os outros clientes deste restaurante reclamava, e foram chamados atenção pela gerência, chegando ao cúmulo de nos pedir para não mais comparecer ao local. Foram realmente noites de muita diversão – e o nosso Herbert sempre no meio e procurando apaziguar, quando necessário.

 

COMO AS COISAS ACONTECEM E SE DESENVOLVEM: O EXEMPLO TÍPICO DA VIDA ACADÊMICA DO PROF. DR. DR. HERBERT PÖLLMANN DA UNIVERSIDADE DE HALLE-WITTENBERG (MARTIN-LUTHER UNIVERSITÄT – MLU)

Deste março de 1987 sou professor da, hoje, Unidade Acadêmica de Mineração e Geologia da então Universidade Federal de Paraíba, hoje a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Antes da minha aposentadoria representei as áreas de Geologia e Mineralogia. Talvez deva acrescentar, que sou alemão, estudei em Freiburg na Alemanha, com Mestrado em Vulcanologia e Doutorado em Mineralogia/Geoquímica. Se alguém me perguntasse pela minha verdadeira profissão, eu diria: sou colecionador de minerais (e gemas).

Executando o trabalho de campo para minha tese de doutoramento em 1980, passei oito meses em Minas Gerais, coletando amostras de pegmatitos graníticos, portadores de gemas para posteriormente serem analisadas nos laboratórios da Universidade de Freiburg. Foi durante esses oito meses em Minas Gerais, em 1980, que comecei a amar o Brasil e iniciei a fazer planos para, depois do término do meu doutorado, ser contratado para trabalhar numa universidade do Brasil. E finalmente no ano 1987 fui contratado pela citada universidade UFCG para substituir um colega na área de Petrografia, e em parte de Mineralogia e principalmente, para contribuir com o recém-instalado “Núcleo de Gemologia”, uma vez que já tinha uma boa base nesta área.

Na Unidade Acadêmica de Mineração e Geologia, antigamente chamada de Departamento de Mineração e Geologia, com o andamento do curso Engenharia de Minas, fora contratado outro alemão, Hans Dieter Max Schuster, o “Didi”, cristalógrafo com Doutorado realizado na Universidade de Frankfurt, na Alemanha.

O Prof. Schuster, que lamentavelmente faleceu alguns anos atrás, tinha um amigo alemão da época dos seus estudos, o Prof. Walter Schuckmann, que foi contratado pela Universidade Federal de Pará (UFPA) com sede em Belém e que foi outro que era apaixonado pelos minerais. Meu amigo e colega “Didi” Schuster sempre falou do seu amigo em Belém, mas a gente nunca tinha se encontrado, por enquanto.

O Prof. Schuckmann teve como colega brasileiro na UFPA em Belém, o cientificamente famoso e condecorado Prof. Dr. Marcondes Lima da Costa, que por sua vez desenvolveu o seu doutorado na Universidade de Erlangen-Nürnberg (Friedrich-Alexander Universität – FAU, na Alemanha, quando ele dividiu os seus estudos com o então Mitarbeiter (durante as fases de Diplomarbeit e mais tarde Doktorarbeit) do prof. Dr.Hans Kuzel. Mais tarde Herbert tornou-se o famoso Prof. Dr. Dr. Herbert Pöllmann. Marcondes e Herbert se tornaram grandes amigos desde aqueles tempos. Daí se pode imaginar quão dura foi para ele a perda desse grande amigo de longa data e profunda convivência.

Visitando ocorrências de minerais no Nordeste (Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte), o Prof. Marcondes, acompanhado pelos Prof.es Pöllmann e Schuckmann, na ocasião visitaram o amigo e colega Prof. Schuster aqui em Campina Grande – e foi nesta visita que conheci os três Professores: Marcondes Lima da Costa, Walter Schuckmann e Herbert Pöllmann. Neste dia do encontro, na oportunidade de um churrasco, oferecido por meu amigo “Didi” Schuster, além das amizades que resultaram, foi o ponto da saída para duas excelentes cooperações científicas: com os colegas Marcondes e Walter da UFPA em Belém e com o Herbert da Martin-Luther-Universität de Halle, na Alemanha.

Se não me engano, foi no ano 1997, voltando da minha participação da Feira Internacional de Minerais e Gemas e Afins, realizada anualmente na cidade de Munique, na Alemanha, para minha cidade de origem, Bremen, passei pela cidade de Halle para visitar meu recém-tornado amigo, o Prof. Dr. Dr. Herbert Pöllmann, que o conhecera naquele churrasco em Campina Grande. Nesta oportunidade conheci o Instituto de Mineralogia e Geoquímico da mencionada Universidade de Halle e sua excelente infraestrutura laboratorial e científica, sendo o Prof. Pöllmann um dos principais professores. Na boca da noite fui convidado pelo mesmo para jantar com ele e seu assistente principal, Dr. Jürgen Göske, em um dos tradicionais restaurantes da cidade, o chamado restaurante “Zum Schad”. O jantar foi excelente, acompanhado das delícias da casa, incluindo a famosa cerveja da região. E embalados por tudo isso, coloquei uma pergunta que teve grandes consequências, por ter propiciada a nossa cooperação científica exemplar:

“Herbert, como vocês aqui em Halle tem sua linha de ensino e pesquisas focadas em mineralogia técnica, porque vocês não oferecem também algo em Gemologia, uma vez que a Gemologia é Mineralogia aplicada”?

A reposta do Prof. Pöllmann foi das mais simples:

“Essa pergunta eu estou a me fazer exatamente neste momento”. Depois de uma pequena pausa:

“Bom, aqui na Universidade por enquanto não temos a infraestrutura para isso. O meu amigo Marcondes de Belém já esteve aqui e deu um curso em Gemologia, mas sem as devidas gemas e mais ainda, sem o equipamento adequado. Sabendo que a Gemologia é uma área prática, foi muito difícil, embora Marcondes, nestas condições, tenha feito o máximo possível para suprir essas lacunas. Sabendo da sua atuação em Campina Grande, com seu museu, suas gemas e mais importante ainda, os equipamentos disponíveis em Campina Grande: será que você podia fazer algo neste sentido?”

A minha resposta foi de imediata:

“Acredito que sim. Equipamento e gemas, como você já viu durante sua visita, realmente não nos faltam. No então Núcleo de Gemologia, iniciado por meu colega e amigo Aderaldo, que hoje é conhecido por Centro Gemológico do Nordeste e que depois da aposentadoria do amigo Aderaldo passou a ser coordenado por mim, temos a infraestrutura necessária para esse tipo de curso e mais ainda, já oferecemos cursos em gemologia há vários anos, portanto temos uma boa experiência nessa temática. A única coisa que devo investigar são as condições de uma exportação temporária de todo material necessário, gemas brutas, lapidadas e equipamentos, junto a Receita Federal. Caso vocês aqui em Halle tenham interesse em curso de Gemologia, vou entrar em contato com a Receita Federal para saber quais são as condições para transportar esses materiais e equipamento através de uma exportação temporária, tudo aquilo que preciso para dar um curso completo em Gemologia aqui em Halle. Não vai depender de mim. Podemos, sim, caso a Receita Federal não coloque obstáculos, fazer um teste para descobrir a aceitação dos seus estudantes num curso deste tipo.”

Foi oi início de uma cooperação sensacional, que durou 22 anos, com a realização em cada ano, de um curso completo em gemologia – até a grande ruptura, causada pelo inesperado e lamentável falecimento do nosso grande amigo e iniciador de tudo isso: o Prof. Dr. Dr. Herbert Pöllmann, ídolo de todos seus estudantes.

Dos cursos em Halle, desde o primeiro dia, literalmente resultou numa amizade sem igual ou poucas iguais.

Dos inspetores da Receita Federal no Aeroporto Internacional dos Guararapes em Recife recebi, para realização deste primeiro curso, todo apoio para a exportação temporária do material, uma vez que existiu o entendimento, de que seria uma honra para o Brasil, de que um dos seus integrantes universitários estaria sendo convidado para ministrar um curso integral e de alto nível no exterior, mais ainda no chamado “primeiro mundo”. Como ainda não fora impossível oficializar meu primeiro curso junto a Reitoria da Universidade de Halle, e consequentemente, conseguir verbas para sua realização, o Herbert arrumou um hotel para mim com verbas, que somente ele sabia de onde tirar.

Como esse primeiro curso fora um grande sucesso, principalmente pela aceitação e a cooperação dos estudantes, ele foi o ponto de partida para uma cooperação, marcada por amizade e reconhecimento de ambas as partes. Os cursos de Gemologia em Halle viraram uma tradição, e duraram 22 anos e foram literalmente acompanhadas por noites inesquecíveis nos restaurantes da cidade de Halle, predominantemente no já citado “Zum Schad”. O Sra. Henne, secretária de Prof. Pöllmann, que é da própria cidade de Halle, através das suas amizades, em seguida conseguiu um apartamento simples para todos que chegavam de fora e executaram atividades no Instituto de Mineralogia e Geoquímica e que facilitou, pelo preço baixo, a realização dessas atividades.

Através da iniciativa do próprio Herbert, foi elaborado um convênio oficial de cooperação didático-científica, assinado pelos dois Reitores das Universidades envolvidas (Halle e Campina Grande) para estreitar ainda mais essa já fantástica cooperação/amizade. Ao saber da minha nova chegada ao Instituto, a Sra. Henne uma vez fez um comentário, que fala por si mesmo:

“Quando o Herbert sabe, que faltam poucos dias para sua chegada, ele vira outra pessoa. Esse coitado Professor, que tem cooperação com quase todos os continentes, que os estudantes (e até colegas) não dão trégua/repouso por nenhum minuto, de vez em quando fica tão estressado, que toda misericórdia parece pouca. Mas ao saber que você chegará em breve, ele realmente vira outra pessoa.”

Para demonstrar a total harmonia e respeito de um para com o outro, um pequeno detalhe: mesmo com a sala cheia de estudantes e/ou assistentes, nós dois, Herbert e eu, constantemente trocávamos farpas, um chamando o outro de burro, de ignorante e de incompetente, diante de todos presentes, assistindo esses impropérios, esse nível de conversa e acusações pareciam visivelmente assustadoras e horripilantes,  até perceberem que se tratava de pura brincadeira entre amigos de coração, que na verdade, tinham um enorme respeito um para o outro e um clima entre si, que até para amigos é raro. Além disso tudo, o que vai continuar até o último dia da minha vida são as inesquecíveis noites nos restaurantes em Halle e outros lugares. As brincadeiras, mas também as valiosíssimas conversas, trocas de ideias e discussões científicas.

Herbert, muito obrigado por todos esses anos de convivência profícua com você; por ter recebida a imensa preferência sua em todos esses anos, de ter sido seu amigo. Mas você se consumiu muito, se deu muito de si para os seus estudantes, e isso talvez tenha abreviada a sua partida tão precoce, mas que ao final foi um grande feito. Agora descanse em paz, amigo!

 

HERBERT, UMA PAIXÃO PELOS BASALTOS, MAS POR QUÊ?

Se uma palavra tinha um efeito eletrizante para o Prof. Dr.Dr. Herbert Pöllmann era: basalto! Imediatamente seus olhos ganhavam um brilho adicional intenso e uma impressão de enorme satisfação tomava conta de todo o seu rosto.

Essa paixão provavelmente origina-se das proximidades de berço original, Waldsassen, na Oberpfalz às ocorrências de basaltos de Teichelberg, que o levou, ainda na sua juventude, para amar a natureza e especificamente no seu reino mineral. Nunca conversei com ele sobre isso em detalhe, mas amostras de minerais de basaltos, sejam elas oriundo do Teichelberg ou de outras ocorrências pelo mundo afora, chamaram sua atenção já na sua juventude.

Não me lembro, apesar de uma constante confusão de amostras e montanhas de documentos no bureau dentro da sua sala no Instituto de Mineralogia e Geoquímica na Universidade de Halle, que em um único momento faltasse pelo menos uma amostra de basalto, seja de qual tipo, no meio dessa aparente bagunça. Viver sem uma amostra de um basalto perto dele, tenho certeza, ele entraria em pânico. E se por acaso a gente quisesse tranquilizar o nosso famoso e estressado Herbert: bastava iniciar uma conversa sobre basaltos. Realmente foi uma paixão difícil descrever. Para ilustrar a dimensão dessa paixão, gostaria de apresentar um exemplo, que fala por si mesmo.

Esse episódio aconteceu em sua segunda residência no extremo Sudeste da Bavária, em Eschberg, cerca de 20 km ao norte de Passau, onde sua esposa Mariele viveu com seus pais e passou sua juventude, até iniciar os seus estudos na Universidade de Erlangen-Nürnberg, em Erlangen, onde Herbert e Mariele se encontraram pela primeira vez. Depois do falecimento dos pais da Mariele, Herbert e sua esposa Mariele tomaram conta dessa propriedade, reformaram-na para posteriormente, depois das suas aposentadorias, usarem como um recanto de repouso e lar. Até o lamentável falecimento do Herbert, ele e a Mariele investiram continuamente em grande escala para reformar essa propriedade, transformando-a em um “mini-castelo” da modernidade e funcional.

Um recanto de lar sem basalto? Absolutamente inimaginável! Consequentemente, o nosso grande Herbert tomou uma atitude bem típica dele. Foi para uma pedreira de basalto no Palatinado (Seria Planalto) Superior situado no Estado da Bavária, região de origem dele, e negociou as colunas poliédricas naturais de basalto típico, de vários metros de comprimento e tonelada de peso. Em seguida entrou em contato com uma famosa instituição de assistência técnica não-governamental, o chamado “Technisches Hilfswerk” e convenceu o gerente de executar uma megaoperação, em termos de treinamento, para o transporte dessas colunas para a recém reformada residência no sul da Bavária, como dito, em Eschberg.

Lamentavelmente, não estive presente durante esta operação, mas pelos relatos do próprio Herbert foram mobilizados vários caminhões grandes para o transporte dessas colunas, necessitando que estradas inteiras fossem temporariamente bloqueadas para garantir o transporte seguro das mesmas. A gente pode já imaginar tal proeza em País tão organizado e prezado por segura individual e coletiva. Quando a caravana gigante chegou ao local de destino, o castelo em Eschberg, uma multidão de pessoas da redondeza largou tudo que estava a fazer naquele momento, para se observar e participar daquele espetáculo grandioso a se desenvolver na tranquilidade e simplicidade daquele Dorf, Eschberg, e principalmente saber o porquê tudo isso e por quem.

O desembarque dessas grandes colunas naturais de basalto, por conta de seus tamanhos e pesos, como se pode imaginar, foi uma atividade nada fácil e muito menos, sem problemas. Por muito pouco nenhum desses grandes caminhões, cada um deles com guincho próprio, não foi danificado, uma vez que um deles foi atingido por uma das colunas que escapou do guincho e caiu de volta em cima do próprio caminhão, provocando o soerguimento da frente dele, fazendo com que todo o veículo ficasse levantado com suas rodas dianteiras ficando suspensas no ar por um bom tempo.

De qualquer forma, essa ação de transporte com o bloqueio de estradas, desembarque e finalmente, a colocação das colunas no seu já preparado lugar de destino durou um dia inteiro, até que todas as colunas estivessem assentadas e alinhadas, com sua base dentro do solo, fazendo um muro específico que agora marca a divisa com o terreno do vizinho – e que não encontra semelhante em toda região. Embora que essa ação tenha sido realizada muitos anos atrás, tenho certeza de que as pessoas, que acompanharam esse espetáculo até hoje estão comentando e quebrando cabeça, sobre a exata finalidade. E vai ser difícil. Certamente concluirão: – coisas de louco!

 

A “cerca” ou muro formada por colunas ligeiramente pentagonais de basaltos da Bavária no castelo da família Pöllmann (Mariele, Herbert e Peter). Ao fundo a casa do vizinho. Imagem capturada em 9 setembro de 2012 por Marcondes Lima da Costa e contida em seu acervo (DSC01942).

 

O NOSSO HERBERT E SEUS BASALTOS

Se me lembro ao certo, foi no ano de 1997 que o Governo do Estado de Rio Grande do Sul entrou em contato com o pessoal do Centro Gemológico do Nordeste da UFCG, convidando meu colega Ms. Sc. Alcides Ramos de Brito e minha pessoa, para viajar para Rio Grande do Sul, para contribuir com experiências e ideias obtidas no Nordeste, para o desenvolvimento e melhoramento do setor da extração, beneficiamento e comercialização de ametista e ágatas, ambas, enorme riqueza natural naquele Estado. Foi nesta oportunidade, que tomei conhecimento dessas famosas riquezas, associadas com os basaltos, abundantes na região, mas concentradas especificamente no centro e no oeste desse Estado. Porém se estendem além das fronteiras do Rio Grande do Sul,

No ano 2000, em conexão ao Congresso Internacional de Geologia, realizado na cidade de Rio de Janeiro, propus ao Herbert, que também participara desse evento, para que junto com um dos seus alunos, para que realizássemos, logo após o congresso, uma viagem para o Rio Grande do Sul para conhecer os basaltos daquela região, bem como, suas mineralizações em ametistas e ágatas.

Deu mais do que certo e se iniciava outra paixão do Herbert: ágatas, ametistas e demais minerais associados, especificamente calcita e selenita.

Nossa viagem começou com a visita a uma empresa de beneficiamento de ágatas em Lajeado, oportunidade em que se tomou conhecimento da linha de processamento desse mineral e seus produtos. Em Soledade, no centro do Rio Grande do Sul, levei o Herbert e os demais acompanhantes para a empresa Irmãos Lodi. Entrando no gigante galpão dessa empresa internacionalmente conhecida, onde milhares de drusas (“capelinhas”) de ametista de todo tamanho estavam expostas enfileiradas adensadas, de tal forma que era difícil se movimentar entre elas; da mesma forma estavam expostas dezenas de milhares de placas de ágatas, o que levou Herbert a fazer o seguinte comentário, que jamais esquecerei: “Reinhard, me tira daqui ou eu vou ficar completamente louco”. O “coitado” do Herbert simplesmente entrou em pânico! Era uma riqueza imensa, infinita desses minerais, em condição única no mundo – e lá iniciou outra paixão: o mundo das ametistas e dos minerais que ocasionalmente ocorrem associados, bem como, de placas de ágatas.

Mesmo assim: isso foi somente o início dessa viagem, porque o principal objetivo era alcançar os basaltos em Salto de Jacuí com a retirada de bolas de ágata e posteriormente, os basaltos da região de Ametista do Sul, com visita às galerias de extração de drusas de ametista. Em todas elas o entusiasmo de Herbert foi total, realizando seu velho desejo e/ou sonho: ver com os próprios olhos os basaltos, portadores dessas riquezas naturais, famosos e presentes em todas as coleções de minerais no mundo inteiro.  Raramente vi o Herbert tão feliz e entusiasmado.

 

Herbert e prof. Reinhard no galpão ou loja dos irmãos Lodi, ao lado de um belo e grande exemplar de “capelinha” de ametista. Era ‎novembro‎ de ‎2002. Imagem do acervo de MLC, escaneada de uma foto em papel, possivelmente enviada por Herbert para Marcondes (mlc-0528).

 

As visitas à Soledade, Salto de Jacuí e mais ainda, à Ametista do Sul, foram tão marcantes para o Herbert, que desde o ano de 2000 repetidamente visitou esses lugares, parcialmente comigo, por vezes sozinho, com amigos, colegas e ainda, com sua esposa e seu filho Peter.  Com a vantagem do espaço disponível na sua residência, seu “castelo”, apropriadamente apelidado por ele, continuou a adquirir novas amostras e uma delas é imensa e foi disposta em sua bela sala de estar. Ao longo dos últimos anos ele adquiriu uma impressionante e representativa coleção de minerais oriundos do Estado de Rio Grande do Sul, principalmente de drusas de ametistas e placas de ágata, mas também de calcitas e selenitas, em suas diferentes formas, cores e associações mineralógicas.

Devo ainda acrescentar, que para este ano 2022 tínhamos planejado mais uma viagem, para que nós dois mais uma vez nos encontrassem no Rio Grande do Sul, para juntos vasculharmos, o que teria de novidades no ramo das ágatas e ametistas, e claro, minerais associados. Infelizmente quis o destino que ela não se mais se concretizasse. Mesmo assim, a presença de Herbert sempre estará na minha mente, no meu coração, na forma dos minerais, que juntos adquirimos e que a exemplo do Herbert, marcaram profundamente a minha paixão como colecionador de minerais e gemas.

 

Obrigado Herbert pela preferência, de ter tido a oportunidade de realizar tudo isso com você, em momentos muitos felizes e inesquecíveis!

 

PEGMATITOS GRANÍTICOS

Se os Basaltos ocuparam o primeiro lugar das paixões científicas do nosso grande amigo e incentivador científico, o famoso e inesquecível Prof. Dr. Dr. Herbert Pöllmann, os pegmatitos graníticos não ficaram tão por baixo, foram outra paixão. Não tenho conhecimento do exato motivo para isso: possivelmente pela proximidade do famoso pegmatito granítico de Hagendorf-Süd, Oberpfalz (Palatinado Superior) na Bavária, outro cenário geológico perto do local de origem do Herbert. Ele inclusive descreveu a ocorrência de um raro fosfato de nestes pegmatitos, que Marcondes Costa descrevera como mineral B em sua dissertação de mestrado e logo seria publicado em 1979 como mineral novo por (Pete J. Dunn, Donald R. Peacor, John S. White, and Robert A. Ramik after the type locality – Kings Mountain, Cleveland County, North Carolina, USA.): a kingsmoutita, Ca3MnFe2+Al4(PO4)6(OH)4 (comunicação por escrito de Marcondes Costa).  Bem possível. Seja como for: os pegmatitos em geral e aqueles descritos como “graníticos” em especial, chamaram sua atenção desde que conheço o Herbert.

Com base em suas cooperações com pessoas de todos os continentes e principalmente, com sua grande amizade com o Prof. Dr. Marcondes Lima de Costa da UFPA em Belém, com qual tem amizade desde o tempo dos seus estudos conjuntos na Universidade de Erlangen na Alemanha, foi uma questão de tempo para o Herbert conhecer os pegmatitos graníticos abundantes em várias regiões do Brasil, especificamente ao norte do Estado de Minas Gerais e na Província da Borborema, no Nordeste do Brasil, comigo.

Através de amizades entre vários colegas alemães, professores nas Universidades de Belém do Pará e de Campina Grande na Paraíba, foi uma questão de tempo, para que o Herbert em mais de uma de suas visitas ao eu amigo Marcondes, os dois fizessem uma viagem com a participação do outro colega alemão da UFPA, o já falecido Prof. Dr. Walter Schuckmann, nos visitasse, e a pedido seu rever o seu amigão de estudos o também já falecido Prof. Dr. Hans Dieter Max Schuster da UFCG, o chamado “Didi”.

Embora encarregado principalmente das áreas de Mineralogia, Petrografia e principalmente, de Gemologia, eu tinha elaborado minha tese de doutorado na Universidade de Freiburg na Alemanha sobre uma questão geoquímica de pegmatitos graníticos, portadores de gemas, no Estado de Minas Gerais, a principal província pegmatítica do Brasil.

Sendo de naturalidade alemã, no ano 1987 fui contratado pela minha atual Universidade, hoje chamada de Universidade Federal de Campina Grande, para contribuir na, hoje, chamada Unidade Acadêmica de Mineração e Geologia. Como tinha minha formação voltada para pegmatitos graníticos, além de ser colecionador de minerais, estudei, deste da minha contratação, os pegmatitos graníticos da Província da Borborema, que se estende pelos Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, literalmente focado em colecionar minerais raros. Aqui o ciclo se fechou.

Conheci o Herbert durante essa sua visita ao colega “Didi” Schuster influenciada pelo prof. Schumann e de imediato fizemos amizade.  Conhecendo o Herbert e sabendo do interesse dele em minerais em geral e daqueles de pegmatitos em especial, ofereci a ele a oportunidade de realizar excursões no interior dos Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte para conhecer vários pegmatitos e possivelmente adquirir amostras de minerais. Deu certo, e como.

De todos os pegmatitos visitados com Herbert, embora ele tenha gostado de todos, dois deles chamaram seu interesse em especial: o pegmatito denominado Alto Serra Branca no Município de Pedra Lavrada, na Paraíba e aquele de Quintos de Baixo, sul de Parelhas, no Rio Grande do Norte, esse famoso por suas turmalinas elbaítas, apelidadas de “turmalina Paraíba”. Talvez com o Alto Serra Branca em primeiro lugar. Independentemente do fato, foi nesse pegmatito que descrevemos o novo mineral serrabrancaíta, MnPO4•(H2O) (Named in 2000 by Thomas Witzke, Reinhard Wegner, Thomas Doering, Herbert Pöllmann, and Walter Schuckmann for the type locality, the Serra Branca pegmatite, Pedra Lavrada, Paraíba, Northeast Region, Brazil; link: https://www.mindat.org/min-7288.html, acessado em 08.12.2022). Esse pegmatito, por conta de sua mineralização fosfática, lembrou o Herbert do famoso Ppgmatito granítico, também fosfático, de Hagendorf-Süd, já citado anteriormente. Esses dois Pegmatitos, Hagendorf-Süd e Alto Serra Branca, se destacam assim por sua mineralização específica em fosfatos raros, embora seus fosfatos sejam particularmente diferentes.

Foram, no decorrer dos últimos 20 anos, algo como 8 visitas ao Alto Serra Branca. Em cada visita Herbert encontrava novidades e coletou um significante número de amostras. Com a infraestrutura científica presente na sua Universidade de Halle e ainda com apoio do ZWL (Zentrum für Werkstoffanalytik Lauf – Centro de Análises de Materiais Lauf – em tradução), com qual o Herbert mantinha uma intensa cooperação através do seu ex-doutorando e grande colaborador por muitos anos, Jürgen Göske, diretor deste Centro, foi possível analisar um grande número de amostras, cujos resultados foram posteriormente publicados.

Sobre o citado pegmatito de Hagendorf-Süd foi organizado e publicado um livro, contendo além de descrições geológicas detalhadas, uma descrição de todos os minerais encontrados nele, novos ou não. A partir deste livro Herbert teve a ideia de elaborar um semelhante sobre a geologia e mineralogia de Alto Serra Branca. Em fevereiro de 2022, dois meses antes do seu lamentável falecimento, acompanhado pela geóloga Prof. Dr. Dorothee Mertmann, também de Halle, nos visitou e fomos a esse pegmatito novamente, e já executara um levantamento geológico detalhado, e adicionalmente, capturou várias para serem incluídas livro planejado. O Herbert ainda me pediu de juntar mais amostras representativas, além da enorme quantidade já separada para tal publicação. Agora, sem o Herbert e sem a infraestrutura analítica da sua Universidade, vai ser muito difícil escrever e publicar o livro, que foi um dos últimos sonhos particulares do Herbert.

Se há um Estado brasileiro famoso por corpos pegmatitos graníticos é o de Minas Gerais. No ano 1980, na ocasião do trabalho de campo para minha tese de doutorado, passei 8 meses em Minas Gerais, nas regiões de Governador Valadares, Teófilo Otoni e Araçuaí, para visitar dezenas de Pegmatitos, fazer as descrições geológicas e principalmente, coletando amostras diversas que foram analisadas por mim, cujos resultados estão em minha tese.

Sabendo do meu conhecimento e ainda com ajuda do geólogo Prof. Dr. Joachim Karfunkel da UFMG em Belo Horizonte, com o qual eu estudei em Freiburg e desde então mantenho uma grande amizade, o Herbert articulou o desejo, de também conhecer os pegmatitos daquela região norte de Minas Gerais.  Visitamos muitos pegmatitos dessa região, os quais conheci durante meu próprio trabalho e Herbert foi incansável em coletar amostras. Também levei ele à comerciantes em Governador Valadares para adquirir mais amostras de exemplares raros.

Uma vez, visitando a famosa Feira de Minerais, Gemas e Afins, na cidade de Munique, como já mencionei anteriormente, da qual participo por mais de 30 anos com um standard próprio, um dos comerciantes de minerais de Governador Valadares, o Carlos Vasconcelos, amigo meu, também tinha um estande. O Herbert ao me visitar, informei a ele, que o Carlos tinha um cristal grande de herderita, um fosfato raro. Propus a ele que visitássemos Carlos para tomar conhecimento desse cristal espetacular. Imediatamente o Herbert se movimentou, adquiriu essa herderita e, voltando para mim, fez um simples comentário: “existe alguma coisa sem você no meio?”

Outro episódio, também na Feira de Munique, também visitada por Herbert anualmente, que era facilitada por sua residência principal em Fürth, já na Bavária, era uma viagem de apenas 150km pelas belas autopistas alemães, vencidos em questão de pouco mais de uma hora. Neste ano tinha meu estande ao lado daquele do meu já falecido amigo Luiz Alberto Dias Menezes Filho, o famoso “Luiz Menezes” (um dos autores do belo livro bilingue: Minerais e Gemas do Brasil), principal representante brasileiro de minerais do Brasil, poucos metros distantes de uma área exclusiva de minerais para coleção. Lá estava exposta um exemplar do raro mineral polucita, um silicato do elemento césio, por um comerciante italiano, o chamado “Enno”, o qual conheci por alto.

Esse cristal de polucita é até hoje um dos mais perfeitos e maiores já encontrado para esse mineral. Simplesmente uma sensação. Sabendo dessa amostra e seu preço moderado, mandei todos os amigos, inclusive Herbert e o também famoso colega croata, o Prof. Dr. Vladimir (“Vlado”) Bermanec, outro grande amigo meu, para tomar conhecimento dessa amostra. Ambos voltaram perplexos ao meu estande e do Luiz, que também fico extasiado e o “Vlado” assim comentou: “pelo amor de Deus, um de nós deve comprar essa amostra”, embora ele pessoalmente não tivesse condições financeiras para sua adquiri-lo.

Depois de algumas voltas pelos galpões da Feira, o Herbert voltou ao nosso estande, visivelmente alterado e comentou: “A polucita não está mais no estande do Enno”.

“Eu sei”, respondi, bem tranqüilo e com um sorriso no rosto. E o Herbert: “Onde está essa amostra agora?” Mostrei com meu polegar para trás e acrescentei: “está comigo”. Nunca vou esquecer o brilho nos olhos do Herbert, ficando aliviado e supersatisfeito, pelo fato de que pelo menos um de nós, finalmente, tivesse ficado com o mineral. O Vlado expressou a mesma satisfação, quando informei, que finalmente tinha adquirido a amostra de polucita.

Depois da Feira, já voltando para a cidade de Bremen, minha cidade na Alemanha, passei por Halle para conversar com Herbert. Entrei na sala dele e como foi quase normal, tinha várias pessoas com ainda diferentes assuntos para serem discutidos com o Herbert. Ele parou de conversar, olho para mim, nem ofereceu nem um bom dia nem outra articulação de bem-vindo. Somente três palavras: “cadê a polucita?”

“Está no meu carro”. “Traz aqui para mim, pois preciso fazer algumas lindas imagens dela”. Somente após ter feito várias imagens todos os ângulos possíveis dessa exclusividade mineralógica é que me ofereceu pelo menos um café. Agora a polucita é um dos destaques do Museu de Minerais e Gemas do Centro Gemológico do Nordeste da Unidade Acadêmica de Mineração e Geologia da UFCG.

 

CONCLUSÕES

Eu poderia escrever um grande tratado sobre as minhas situações ou vivências engraçadas que passei com Herbert. Eu nem tenho coragem em imaginar quantas situações ainda poderia descrever, mas pelo menos tenho as presentes lembranças escritas para permanecerem até os últimos dias de minha vida.

Obrigado Herbert, por ter desfrutado de todo esse tempo com você e viver essa rara amizade entre nós dois.

 

 

 10.31419/ISSN.2594-942X.v92022iSpeciala5RRW