03 – OS DIAMANTES DE SÃO JOÃO DO ARAGUAIA NO ESTADO DO PARÁ (AMAZÔNIA): HISTÓRICO, EXTRAÇÃO, MINERALOGIA E VALORIZAÇÃO

Ano 09 (2022) – Número 01 Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v92022i1a3HHN

 

 

DIAMONDS OF SÃO JOÃO DO ARAGUAIA IN THE STATE OF PARÁ (AMAZON): HISTORY, EXTRACTION, MINERALOGY AND VALUATION

Helmut Höhn1 (in memoriam)

Marcondes Lima da Costa2*

1Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica (PPGG) do Instituto de Geociências (IG) da Universidade Federal do Pará, Brasil; in memoriam;

2Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica (PPGG) do Instituto de Geociências (IG) da Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil; orientador do mestrado de Helmut Hohn; marcondeslc@gmail.com

Autor correspondente

Note: Texto e ilustrações extraídos e modificados da dissertação de mestrado de Helmut Höhn desenvolvida sob a orientação do prof. Dr. Marcondes Lima da Costa junto ao Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica do Instituto de Geociências (então Centro de Geociências) da Universidade Federal do Pará, em Belém, Pará e defendida e aprovada em 29.08.2000, nesta mesma cidade. A banca foi constituída pelo prof. Marcondes, como orientador, e pelos prof. Dr. Mário Luiz Sá Carneiro Chaves (UFMG) e prof. Dr. Raimundo Netuno Nobre Villas (UFPA) (Informações do autor correspondente e segundo autor).

ABSTRACT

The stretch of Baixo Rio Tocantins between the cities of São João do Araguaia and Tucuruí, geologically is placed at the borders of the Amazon Craton. Historically, it was one of the richest Brazilian diamond producing areas. The produced stones had good acceptance on the market, being characterized by their abundance, their relatively small size (rare above l ct), the predominance of yellow colors, external morphology many times abraded, ratio gems/industrial stones said until 90%. The largest stone found is said to have been of 51 ct (gem quality). At present times the garimpagem activity is practically extinct. During the present work, alluvial diamonds collected during the years of 1996/97 at São João do Araguaia/PA were characterized mineralogically. Some inclusions, hosted by these diamonds, were submitted to analysis by scanning electron microscope with energy dispersive spectroscopy (MEV/EDS). The predominant weight of the diamonds was found to be among 0.5 to 0.75 ct. The most frequent colors were yellow with different hues, the most frequent crystalline forms dodecahedrons. The medium value of the collected diamonds was evaluated at US$ 100. – per carat. Inclusions hosted by diamonds sampled at São João do Araguaia, can be related to the ultra-mafic suite. The samples collected at São João do Araguaia apparently represent a mix of two different diamond populations at the Baixo Rio Tocantins area. One subjected to strong corrosion and dissolution conditions acting during her emplacement summed to a relatively long geological history. The other population apparently was only weakly subjected to those conditions allied to a relatively shorter geological history. The first population may correspond to most of the diamonds mined during the production boom. Their origin apparently could be related to the Poti Formation. The other is apparently related to a nearer situated, may be primary, origin.

 Keywords: Amazon region; mineral inclusion; carat; dodecahedron; gold.

INTRODUÇÃO

Estudos específicos sobre os diamantes no Baixo Rio Tocantins e sua explotação são raros. A maior parte das publicações disponíveis apenas apresentam ligeiras considerações sobre o assunto, sem maiores detalhes. Shearer & Capper de Souza (1944) oferecem um dos primeiros relatos, juntamente com um mapa de localização dos principais garimpos da época no Baixo Rio Tocantins (Figura 1); Rodrigues (1945), citando fontes mais antigas (Baena, 1839), narra a história da descoberta dos diamantes no Baixo Rio Tocantins por exploradores franceses; os relatórios do engenheiro Patury (1955 e 1957), são a fonte de dados e imagens mais completa disponível; Svisero (1968) descreve 4 cristais de diamantes sem inclusões, provenientes de Ipixuna. 0 relatório publicado por Brasil (1974) faz uma rápida menção aos diamantes do Baixo Rio Tocantins, o mesmo faz o relatório da empresa Engevix (1986). Barbosa (1991) juntamente com Gonzaga & Tompkins (1991) e Almeida et al. (1995), representam as publicações mais recentes sobre os diamantes no Baixo Rio Tocantins. Supostamente devem existir relatórios internos elaborados por empresas de mineração, porém os mesmos são de caráter reservado e não estão disponíveis.

 

DADOS HISTÓRICOS SOBRE OS DIAMANTES DE SÃO JOÃO DO ARAGUAIA (SJ ARAGUAIA)

Na segunda metade do século XVI, a França iniciou um 1processo de colonização envolvendo a região norte do Brasil, criando a França Equinocial. Os colonizadores estabeleceram a sua base principal nas proximidades da hoje cidade de Alcântara, no Estado do Maranhão.

Em 1605, o rei da França Henrique IV enviou ao Brasil Daniel de la Touche, o senhor de “La Ravardiere “. Uma das incumbências a ele atribuídas, era a de descobrir o El Dorado do povo Inca, cuja existência havia sido alardeada por Francisco Orellana e que, por suposto, estaria localizado na Amazônia brasileira (Baena apud Rodrigues, 1945).

Uma das várias expedições enviadas por La Ravadiere desbravou o rio Tocantins. Estava acompanhada por dois frades capuchinhos, Ives d’Evreux e Claude d’ Abbeville, encarregados da catequese. Segundo a crônica destes frades, a expedi9ao teria descoberto, em 1610, dois diamantes na Serra dos Pacajá. A serra era assim denominada porque se localizava em uma área habitada pelos índios Pacajá, na beira do rio. Tempos depois, a região foi renomeada Cachoeira da Itaboca (Rodrigues, 1945). A localização coincide exatamente com o trecho do rio onde, cerca de 320 anos mais tarde, foi encontrado um dos mais ricos aluviões diamantíferas do Baixo Rio Tocantins, próximo ao antigo sítio da cidade de Jacundá (Figura 1). Então, segundo essa versão, os primeiros diamantes do Brasil foram descobertos no Estado do Para, mas foram esquecidos por um período que durou mais de 320 anos. Fato que pode ser explicado pelo difícil acesso (perigosas cachoeiras no rio e índios valentes defendendo o seu territ6rio), além de questões políticas (em 1615, La Ravadiere retomou a França, vencido pelos portugueses).

Ja em tempos modernos, as jazidas de diamantes no Baixo Rio Tocantins que viriam a ser explotadas economicamente poucos anos depois, foram (re)descobertas, segundo Mendonça et al. (1983), no ano de 1926, no ribeirão Cametahu (Figura 14), defronte da povoação do Lago Vermelho (hoje cidade de Itupiranga).

Segundo Patury (1955), a (re)descoberta aconteceu 10 anos mais tarde e em outro local: “Nos trechos a jusante da cidade de Marabá, o primeiro diamante foi apurado em 1936 pelo garimpeiro    negro Jorge Francisco de Andrade, no lugar denominado Prai`Alta” (Figura 1). A mesma data é indicada por Barbosa (1991), porém em local diferente: “O diamante foi descoberto no Rio o0cantins em Marabá em 1936. Desenvolveram-se diversos garimpos a jusante da cidade de São João do Araguaia”.

Controvérsias a parte, os trabalhos de explotação que se seguiram demonstraram que as ocorrências mais ricas estavam localizadas em locais de difícil acesso, como por exemplo nos “poços” das cachoeiras. A produção efetiva e substancial de diamantes no Baixo Rio Tocantins foi iniciada a partir de 1939 (Patury, 1955), com a chegada de garimpeiros que vinham de locais como Baliza (GO) e Aragarças (GO). Os mesmos tinham experiência com trabalhos de mergulho, trazendo consigo motobombas e escafandros. Nos anos seguintes, o número estimado de garimpeiros de diamante na região segundo Patury (1957) e Barbosa (1991) excedeu a 10 mil homens.

A mineração formal na região foi implantada a partir de 1957, quando o sr. João Gomes de Carvalho requereu a lavra (concedida pelo Decreto n° 41.308 de 10/ 04/ 57) em um frecho do rio Tocantins conhecido como Canal do Jahu. Ainda no mesmo ano, vendeu a sua concessão para a Empresa de Mineração Caeté-Mirim S/A, de capital norte-americano.

Historicamente, a explotação de diamantes motivou a primeira concessão de lavra na região do rio Tocantins que engloba a atual Província Mineral do Carajás e resultou em uma das primeiras grandes corridas de garimpeiros no Estado do Pará.

Em 1965 a aparente exaustão dos depósitos de diamantes resultou na retirada da Empresa de Mineração Caeté-Mirim e no abandono gradual da área por parte dos garimpeiros. Com a construção da Hidroelétrica de Tucuruí, a partir do início dos anos 1970 (1976 a 1984), o trecho entre as cidades de Tucuruí e Itupiranga foi coberto pelas águas da represa. Atualmente muito poucos garimpeiros ainda mergulham nos locais outrora famosos, na esperança de encontrar “cascalhos” revelados pelas sempre mutantes correntezas do rio.

 

Modo de ocorrência

O diamante produzido na região do Baixo Rio Tocantins era todo explotado de depósitos concentrados no leito ativo e nas margens do rio (Figura 1, com exceção do garimpo do Itamirim (ou “do Cajueiro”), um depósito secundário, localizado a aproximadamente 15 km da margem esquerda do rio Araguaia, em local mais elevado.

Os aluviões mineralizados (cascalhos) mais ricos em diamantes e ouro estavam localizados preferencialmente no fundo das caldeiras e poços que ocorrem junto as cachoeiras. Segundo a descrição de Patury (1957), essas caldeiras poderiam apresentar formas e dimensões variadas, circulares ou alongados, desde alguns poucos até dezenas de metros. As suas profundidades variavam, desde uma lâmina de água média de 15 m, até uma profundidade máxima de 44 m (Poço das Corvinas).

Patury (1955) assim descreve o “cascalho” diamantífero e aurífero na região do Baixo Rio Tocantins: “(…) ora está solto e incoesivo, ora mais ou menos ligado por um cimento argilo-ferruginoso, pardo-amare/ado ou cinzento-esverdeado, constituindo neste último caso (cascalho cimentado) o que se denomina mocororo (…) “. Segundo o mesmo autor, a camada de “cascalho” apresenta uma espessura que varia “desde alguns centímetros até dois metros ou mais “. Na descrição de Patury (1955), o “cascalho” diamantífero na região do Baixo Rio Tocantins apresentava “elevada percentagem de minerais pesados, sendo os satélites mais frequentes: seixos rolados de quartzo, areias pretas (black sands: ilmenita, magnetita,etc…), turmalinas (feijão­preto), hematita (ferrugem), jaspe vermelho, rutilo (agulhas}, ilmenita ” .

Um bloco de conglomerado ferrífero (“mocororo”), pesando aproximadamente 14 kg, originalmente coletado em 1946 pelo sr.  João Gomes no garimpo de Praia Alta, Baixo Rio Tocantins, é retratado na Figura 2. Segundo o atual proprietário, o bloco contém mineralização de diamante e ouro.

Figura 1 – Principais aluviões diamantíferos no Baixo Rio Tocantins, entre os município de Tucuruí e São João do Araguaia. Fonte: Shearer & Capper de Souza, 1944.

 

Figura 2 – Bloco de conglomerado ferrífero, originalmente coletado pelo Sr. João Gomes no garimpo de Prai´Alta/PA (1946). Peso aprox. 14kg.

 

DESCRIÇÃO DOS DIAMANTES PRODUZIDOS

Peso

Os diamantes extraídos na região do Baixo Rio Tocantins eram em geral pequenos, com peso entre 0,5 e 1 ct (Patury, 1955 e Barbosa, 1991), conforme demonstra a Tabela 1.

 

Tabela 1 – Classificação dos diamantes produzidos (Barbosa, 1991)

Abaixo de 25 pontos 25%
25 pontos 20%
50 pontos 25%
1 quilate 25%
2 a 5 quilates 5%
acima de 5 quilates raro

 

Segundo informações colhidas de garimpeiros, o garimpo de Itamirim, produzia pedras   maiores, até 10 ct (Correia,1995, comunicação verbal).

 

O maior diamante de que se tem notícia na região do Baixo Rio Tocantins teria sido encontrado no local denominado PraiAlta ou Praia Alta (Figura 1) e teria pesado 51 ct, sendo de qualidade gema (Gomes, 1995 comunicação verbal). Segundo outra fonte, o maior diamante encontrado teria pesado 43 ct e teria sido encontrado próximo a foz do igarapé Tauari (Figura 1), sendo de qualidade gema (Arraes, 1995 comunicação verbal). Na bibliografia disponível não foram encontradas referências a esses ou quaisquer outros diamantes de maior tamanho.

 

Qualidade

Os diamantes produzidos na época eram considerados de qualidade muito boa, sendo disputados pelos compradores (Patury, 1955). Não foram encontrados registros ou documentos que permitissem deduzir o valor dessas gemas. Uma consulta à Delegacia da Receita Federal em Marabá em cujos arquivos se esperava encontrar as guias de diamantes, documentos exigidos por lei para o seu transporte (contendo dados sobre valor e quantidade), resultou na informação de que todos os documentos da época teriam sido incinerados.

Os jazimentos aluvionares do Baixo Rio Tocantins apresentavam uma proporção entre diamantes de qualidade gema e diamantes de qualidade indústria muito boa (na época, a classificação no garimpo era somente nestas duas categorias). Segundo depoimentos verbais de Alkmim (1995), Horta (1997), Moura (1997) e outros garimpeiros ativos na época, dita proporção era aproximadamente igual a 90 %, ou seja, de cada 10 diamantes encontrados, 9 eram de qualidade gema.

Segundo Patury (1955) e Alkmim (1995, comunicação verbal), uma característica marcante observada em boa parte dos diamantes produzidos durante a época de explotação mais intensiva, era de os cristais apresentarem arestas arredondadas e superfícies com fortes sinais de desgaste. Essa característica é atribuída por eles como sendo consequência de um longo processo de transporte até o local onde foram encontrados.

 

Cores

A cor mais frequente, relacionada aos diamantes extraídos na época histórica recente do garimpo no Baixo Rio Tocantins, é a amarela, porém são relatados (Patury, 1955) e (Alkmim, 1995, comunicação verbal), também diamantes brancos, marrons e azuis. O garimpo do Itamirim é especialmente citado (Correia, 1997 comunicação verbal e Moura, 1997 comunicação verbal), como tendo produzido diamantes na cor verde. Segundo os entrevistados, a ocorrência de carbonado era muito rara, porém haveria uma suposta pequena concentração de carbonados à montante, na região de Xambioá (TO).

 

Quantidades

A ausência de documentos e a tradicional informalidade no comércio de diamantes tomam muito difícil qualquer estimativa sobre a produção de diamantes na região. Tomando como parâmetros o tempo de vida dos jazimentos e o número de pessoas envolvidas, a produção aparentemente foi expressiva.

Segundo Patury (1955) ocorreram achados fantásticos como “(…) haver extraído o Sr. Pedro Carneiro, atual prefeito do Marabá, cerca de um quilo de diamante de um so poço “.

Os relatórios da Empresa de Mineração Caeté-Mirim S/A ao DNPM, assinados pelo engenheiro Patury, não podem ser utilizados como referência. Declaram simplesmente que não houve produção de diamantes durante todo o período de atuação na área. Estranhamente nos mesmos relatórios são apresentados consideráveis teores contidos no aluvião mineralizado: “teor médio de 3 a 5 quilates de diamante e de 2 a 4 gramas de ouro por tonelada métrica”, além de uma reserva inferida para a área do Canal do Jahu de 83.058 ct de diamantes (Patury, 1957).

É muito difícil acreditar que uma empresa permanecesse trabalhando sem retomo financeiro por quase 10 anos na mesma área (Canal do Jahu). Com exceção do engenheiro Patury, que assim mesmo aparentemente não participava de todos os trabalhos de campo (Alkmim, 1995, informação verbal), todos os técnicos eram especialistas estrangeiros (norte-americanos e israelenses). A primeira fiscalização do DNPM (vistoria técnica) aconteceu em 1968, ou seja, 12 anos após o início das atividades de explotação. O texto do telegrama reproduzido na Figura 3, acusa francamente a empresa de contrabando de diamantes e outros minérios.

Figura 3 – Telegrama acusando a empresa Caeté-Mirim S.A. Fonte: Patury, 1955.

 

Segundo o depoimento de um antigo funcionário da Empresa de Mineração Caeté-Mirim S/A (Alkimim, 1995, comunicação verbal), em certa ocasião, ele próprio teria sido o portador de 18.620 ct de diamantes para o Rio de Janeiro, equivalentes a dois meses de operação da empresa no Canal do Jahu, no ano de 1958.

Em relatório interno do DNPM, é mencionado um teor contido de 20 ct de diamantes por metro cúbico de “cascalho” no Poço do Jahu, o que seria uma quantidade extraordinária.

Barbosa (1991) estima (Tabela 2) que tenham sido produzidos na região de Marabá as seguintes quantidades de diamantes (equivalentes a aproximadamente 10% do total da produção nacional estimada para aquela época:

 

Tabela 2 – Produção de diamantes na região de Marabá (Barbosa, 1991).

 

PERÍODO

PRODUÇÃO DE DIAMANTES (ct)

1941 a 1942
12 mil
1942 a 1943
26 mil
1943 a 1944
30 mil
1950 a 1951
12 a 13 mil
1956 a 1957
3 a 4 mil
1958
15 mil+

+ somente no Canal do Jahu

 

MINERAÇÃO INFORMAL (GARIMPEIROS)

No início, os instrumentos do garimpeiro na região eram representados por uma pá e uma bateia de madeira. Quando a extração começou a ficar mais difícil, foi sendo necessária a introdução de novas técnicas e equipamentos. O recolhimento do “cascalho” passou a ser efetuado por mergulhadores a partir de uma embarcação de apoio (Figuras 4, 5 e 6). A apuração tinha sua continuação em terra, sendo realizada por lavagem manual (Figura 7) do “cascalho” através de três peneiras de malhas diferentes e que encaixam entre si (“temo”).

Figura 4 – Balsa de garimpeiros no canal do Jahú, Baixo Rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

Figura 5 – Mergulhadores (escafandristas) de diamantes no Canal do Jahú, Baixo Rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

Figura 6 – Mergulhador (escafandrista). Garimpeiros de diamantes, Canal do Jahú, Baixo Rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

Figura 7 – Apuração manual de diamantes. Canal do Jahú, Baixo Rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

Quando possível, nas temporadas de estiagem, os garimpeiros procuravam secar alguns canais do rio através de barragens rústicas.

Os conflitos pelos melhores locais de explotação do diamante eram muito frequentes. Assim, o concessionário do primeiro Decreto de Lavra na região, João Gomes, foi obrigado a vender a sua concessão e abandonar a região após uma disputa por um poço diamantífero com um garimpeiro conhecido como Tenente Paranhos (Arraes, 1995, comunicação verbal).

 

MINERAÇÃO FORMAL (EMPRESA DE MINERAÇÃO)

O texto do telegrama reproduzido na Figura 8, enviado diretamente ao então Presidente da República, Café Filho, redigido em termos intempestivos, pode esclarecer um pouco sobre o que pensava a população local acerca da primeira Concessão de Lavra para diamantes na região. O relatório de vistoria a área abrangida pelo Processo DNPM 348/55, um laudo público, assinado pelo Eng. minas Humberto Melo Cavalcante, Técnico da Seção de Fomento 5° Distrito do DNPM/ Belém, datado de 30 Set. 1976, reproduzido parcialmente a seguir, traz de maneira suscinta o histórico das concessões mineiras e da atuação da empresa de mineração na área em estudo:

 

“A área do presente processo, DNPM 348/55 foi a primeira área requerida na região do Rio Tocantins, seguindo a lei mineraria até então reconhecida pelo Governo Federal.

Assim, em 15/01/1955 o sr. João Gomes Carvalho, requereu ao DNPM (então subordinado ao Ministério da Agricultura) uma área de 291,20 ha para pesquisa de diamantes, no local denominado de Canal do Jahu, naquela época pertencente ao município de Marabá.

A pesquisa foi concedida em 04/03/55, através do Decreto de Pesquisa no 36.979, publicada no DOU de 09/ 03/ 55. O plano de pesquisa de autoria do eng. de minas Raymundo S. Patury foi protocolado em 15/ 09155(…). Em 27/ 10/ 56 é encaminhado ao DNPM relatório de pesquisa de autoria do eng. de minas Raymundo S. Patury, apresentando um resumo dos trabalhos realizados, ressaltando:

 

  • a profundidade média do cascalho diamantífero na estiagem varia de 18 a 28 m e nas enchentes varia de 25 a 35 m;
  • reserva inferida de 83.058 ct de diamantes, adotando-se um coeficiente de segurança de 50% devido a vários fatores tais como, irregularidade de distribuição das gemas, dificuldade em extrai-las em certos locais obstruídos por enormes blocos de rocha (…). Em 23/01/57 o relatório é aprovado pelo DNPM, para em 11/02/ 57 o João Gomes de Carvalho requerer a lavra, que foi concedida pelo Decreto n° 41.308 de 10/ 04/ 57.

Figura 8 – Cópia de Telegrama solicitando a revogação da primeira concessão de levra para diamante na região do Baixo Rio Tocantins.

 

  • Nessa época entra em ação a Mineração Caeté-Mirim S/A, autorizada a funcionar como empresa de mineração pelo Decreto no. 37.047 de 17/03/55. Adquire do titular da lavra, sr. João Gomes de Carvalho seus direitos à lavra, conforme escritura pública passada em 16/10/57 no Cartório do 5o Ofício de Notas, Rio de Janeiro, (na época Distrito Federal). Em 17112/57 o DNPM concede averbação do contrato de cessão de direitos, foi transcrita à folha 81 do livro G-4, da DNPM e publicada no DOU de 23/12/57(…). Apesar do Decreto de Lavra desta área ter sido outorgado em 1957, somente a partir de 1968 o DNPM enviou seus técnicos a Região do Tocantins, em caráter de vistoria de lavra “.

 

No mesmo relatório são citadas as empresas norte americanas Ocean Mining e Mineração Ananaquara, não especificando se estas empresas faziam parte ou não do mesmo grupo da mineração Caeté-Mirim S.A.

Segundo o Relatório de Vistoria, a área do Canal do Jahu foi a primeira área legalmente requerida na região do rio Tocantins/PA. Porém, durante a pesquisa bibliográfica nos arquivos do DNPM em Belém, foram encontradas referências a um processo ainda mais antigo, tratando da pesquisa de diamantes na região: Processo DNPM número 010950/; data 01/ 12/ 42 – titular: Guilherme Bessa D’Oliveira Filho, em 26/ 06/ 44; local Ilha das Pacas, Mãe Maria e Canal do Jahu; alvará de pesquisa para diamante, DOU 26/ 06/ 44. Segundo informações do DNPM/ Belém, este processo de alto valor hist6rico, teria sido incinerado.

As empresas de mineração que na época atuavam na região do Baixo Rio Tocantins, usavam diversos métodos na exploração do diamante, inclusive sondagens (Figuras 9 e 10).

O aluvião diamantífero era extraído utilizando balsas com motobombas de 6 polegadas ou com a utilização de escafandristas. A concentração era realizada em uma planta (Figura 11) utilizando métodos gravimétricos. A apuração final era efetuada manualmente (Patury, 1955).

O método de secar uma parte de um canal do rio através de barragens improvisadas também foi utilizado pela empresa Mineração Caeté-Mirim SIA por exemplo no poço do Antonico. Foram construídos vários “matames”, esgotando a água acumulada com emprego de bombas de 5 e de 6 polegadas conjugadas com motores a óleo de 75 e de 100 HP. No fundo do canal foram abertas cavas, escoradas precariamente por madeiras (Figura 12) para explotar o diamante (Patury, 1957).

Figura 9 – Balsas de produção de diamantes da empresa de mineração Caeté-Mirim S.A. no Canal do Jahú, Baixo Rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

Figura 10 – Balsas com sondas da empresa de mineração Caeté-Mirim S.A., Canal do Jahú, Baixo Rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

Figura 11 – Planta de concentração para extração de diamantes da da empresa de mineração Caeté-Mirim S.A., Canal do Jahú, Baixo Rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

Figura 12 – Barragens improvisadas para extração de diamantes pela empresa de mineração Caeté-Mirim S.A., Canal do Jahú, Baixo Rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

ENTREVISTAS

Os entrevistados, todos envolvidos pessoalmentecom o garimpo de diamantes na épocado seu auge, estão hoje na faixa dos 70 anos de idade. Representama memóriaviva do que foium dia o garimpo de diamantes no Baixo Rio Tocantins, talvez uma última oportunidade para oresgatededadosnãoregistradaspelaliteratura.

 

Garimpeiros trabalhando atualmente

Na época da realização do levantamento estavam trabalhando na região do Baixo Rio Tocantins:

  • Uma “balsa” (nome “Chico Ourives”), com tripulação de 5 garimpeiros escafandristas, tendo como proprietário o Alton Arraes;
  • Um número variável de não mais de 30 garimpeiros independentes, com equipamento rudimentar (pás e peneiras), distribuídos ao longo do trecho compreendido entre as cidades de São João do Araguaia e Tucuruí

 

MAPEAMENTO GEOLOGICO EXPEDITO

Na área da amostragem, quartzo sericita-clorita xistos da Formação Couto Magalhaes (Almeida et al.,1995) dispostos em direção aproximada norte-sul, formam diversos travessões que retém minerais pesados carreados pelo rio. O aluvião diamantífero é composto na sua maior parte de areia quartzosa com granulação média a grossa e subordinadamente por seixos sub arredondados a irregulares de óxidos de ferro, dentre outros.

No município de Itupiranga, foram encontrados afloramentos de conglomerado ferruginoso (Figura 13) semelhantes àqueles que, segundo Patury, seriam uma possível fonte para o diamante na região (Figura 14).

Figura 13 – Afloramentos de conglomerado ferrífero no município de Itupiranga, margem esquerda do rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

Figura 14 – Afloramento histórico de conglomerado ferrífero no município de Itupiranga, margem esquerda do rio Tocantins. Fonte: Patury (1955).

 

NOVAS OCORRÊNCIAS DE DIAMANTE

Trabalhos de campo evidenciaram ocorrências de diamantes na região da Serra dos Carajás, ainda não mencionadas na literatura disponível. Estão localizadas em aluviões recentes dos rios Itacaiúnas, Parauapebas e Sororó, além da grota do Sereno, próximo à Serra Pelada (Figura 15). Os diamantes destacam-se por apresentarem predominantemente cor branca; boa transparência;

pesos entre 0,05 e 0,15 quilates; cristais bem formados, superfícies das faces lisas, cantos e arestas vivas.

Figura 15 – Novas ocorrências de diamantes na bacia de drenagem do Baixo Rio Tocantins. Fonte: Patury (1955)

 

OS DIAMANTES DE SÃO JOÃO DO ARAGUAIA

Materiais e Método

Amostragem

Adequando as ações aos recursos financeiros disponíveis, a amostragem foi realizada acompanhando o trabalho de uma “balsa” de garimpeiros (Chico Ourives). Essa metodologia resultou em significativa economia de custos com garantia de que as amostras realmente procediam de um determinado local e que não sofreram tratamentos prévios, muito comuns entre os comerciantes de pedras como, por exemplo, a limpeza através de ácidos.

A assim chamada “balsa” é, na verdade, uma embarcação de madeira (Figura 16) comum na região, sobre a qual foram adaptados equipamentos de trabalho e moradia da tripulação. A extração do “cascalho” e realizada através de uma draga aspirante de 6 polegadas, operada no fundo do rio por um mergulhador (Figura 16). A polpa é submetida a uma pré-concentracão por meio de um concentrador simples, composto por uma caixa de aço (1,50 x 0,80 x 1,00 m), onde é diminuída a velocidade da água (“paraquedas”) e uma canaleta (0,50x 2,00x 0,15 m) com travessões (“tariscas”) de madeira (3 cm de altura), que concentram os minerais mais densos, entre eles o diamante. A canaleta é forrada com um tapete para reter partículas finas de ouro, que também ocorre no aluvião. O conjunto é conhecido pelos garimpeiros locais como “bica” (Figura 16).

A cada quatro horas de operação aproximadamente, o material retido atrás das “tariscas” é recolhido em baldes. No final do dia, é peneirado manualmente através de um conjunto de três peneiras: a peneira “despedradeira” (malha de 6 mm), a peneira “mediana” (malha de 3 mm) e a peneira fina (malha de 1 ½ mm). Ocasionalmente pode ser utilizada uma quarta peneira para separar os seixos maiores, denominada “suruca” (malha de 2 a 2 ½ cm). Apesar da técnica primitiva utilizada, foram recuperados diamantes com peso de 0,04 ct. A perda de diamantes com a utilização da “bica”, porém, é estimada em mais de 40%.

 

Tratamento das amostras no campo

Os diamantes aluvionares podem apresentar uma camada externa que os envolve total ou parcialmente e que e formada durante o seu período de permanência nos sedimentos. Para retirar esta capa e assim evitar perdas na hora da venda, tradicionalmente os diamantes obtidos de garimpeiros são submetidos a banhos de limpeza com ácidos. Esse procedimento pode implicar mudanças na composição química de inclusões secundarias, alcançadas pela infiltração do ácido ao longo de fraturas pré-existentes. Para excluir de antemão quaisquer possíveis dúvidas, quando da interpretação de imagens ou de resultados de análise, os diamantes amostrados foram levados ao laborat6rio sem terem sofrido tratamento prévio algum no campo.

Figura 16 – A balsa (topo); O mergulhador (meio); e o concentrador de amostras (a bica) (abaixo). Fonte: Patury (1955).

Figura 16 – A balsa (topo); O mergulhador (meio); e o concentrador de amostras (a bica) (abaixo). Fonte: Patury (1955).

Análises laboratoriais

Os diamantes foram descritos com o auxílio de um microsc6pio binocular (marca Zeiss, modelo Stemi SV 11); pesados (balança de precisão AA-200, Denver Instrument Company) e submetidos a teste de fluorescência (Mineralight UVSL-25, Ultra-Violet Products Inc.) no Laboratório de Mineralogia Aplicada do Centro de Geociências da UFPA.

Para o estudo da composição química das inclusões, foram separadas cinco amostras (diamantes H8, Hl 7, H119, H163 e H168), que apresentavam inclusões maiores, totalmente inclusas no cristal hospedeiro (totally-enclosed inclusions) e relativamente próximas da superfície. Um lapidário poliu as amostras selecionadas tomando as inclusões aflorantes.

As amostras foram estudadas por meio de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV/EDS) no Laboratório de Materiais do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Antes da análise foram as amostras foram recobertas por uma camada de ouro (aproximadamente 350 Å de espessura) em uma câmara de vácuo (sputtering).

Cinco amostras (diamantes H123, H160, H171, H242 e H244) foram separadas do lote de

maneira aleatória, para análise por catodoluminescencia (CL) no Laboratório do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para tanto, foram embutidas em cápsulas de epoxi e polidas. Os resultados e discussões estão contidos no artigo publicado neste boletim BOMGEAM Ano 5 (2018) número 2: https://gmga.com.br/02-catodoluminescencia-de-diamante-do-rio-tocantins-no-para/.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Características mineralógicas

O lote de 84 diamantes produzido em São João do Araguaia e estudado neste trabalho, apresentou as características mineralógicas reunidas na Tabela 3. Acompanhando a metodologia de Barbosa (1991), a classificação quanto à qualidade dos diamantes é simplificada e restrita a três unidades: lapidável, indústria e “de fundo”.

Tabela 3 – Características mineralógicas dos diamantes de São João do Araguaia.

Continua.

 

Tabela 3 – Características mineralógicas dos diamantes de São João do Araguaia. Continuação.

Continua.

 

Tabela 3 – Características mineralógicas dos diamantes de São João do Araguaia. Continuação.

Continua.

 

Tabela 3 – Características mineralógicas dos diamantes de São João do Araguaia. Continuação.

Continua.

 

Tabela 3 – Características mineralógicas dos diamantes de São João do Araguaia. Continuação.

Continua.

 

Tabela 3 – Características mineralógicas dos diamantes de São João do Araguaia. Continuação.

Continua.

 

Tabela 3 – Características mineralógicas dos diamantes de São João do Araguaia. Continuação.

Termina.

 

 

Imagens de alguns diamantes provenientes de São João do Araguaia estão representadas na Figura 17.

Submetidos a luz UV (onda curta), 84 diamantes do lote produzido em São João do Araguaia apresentaram as reações (cores) resumidas na Tabela 4.

Figura 17 -Diamantes coletados em São João do Araguaia, Estado do Pará. Pesos: (A) 0,11 ct; (B) 0,07 ct; (C) 0,09ct.

 

Tabela 4 – Fluorescência qualitativa observada nos diamantes investigados em São João do Araguaia no Baixo Tocantins.

Amostra Fluorescência Amostra Fluorescência
H90 azul, fraca intensidade H115 Azul, média intensidade
H91 azul, fraca intensidade H116 Verde-amarelo, muito fraca
intensidade
H92 azul claro, média a fraca H117 azul, fraca intensidade
intensidade
H93 azul, fraca intensidade H118 azul, fraca intensidade
H94 azul, fraca a média intensidade H119 azul, fraca a média intensidade
H95 verde-amarelo, fraca intensidade H120 azul, fraca intensidade
H96 azul, média intensidade H121 azul, fraca a média intensidade
H97 ausente H122 azul, fraca intensidade
H98 ausente H123 ausente
H99 ausente H124 ausente
H100 ausente H125 verde-amarelo, fraca intensidade
H101 azul, fraca a média intensidade H126 azul, fraca intensidade
H102 azul, intensidade muito fraca H127 azul, fraca intensidade
H103 azul, fraca a média intensidade H128 verde-amarelo, fraca intensidade
H104 azul, média intensidade H129 ausente
H105 azul, fraca a média intensidade H130 azul, fraca intensidade
H106 azul, fraca intensidade H131 verde-amarelo, fraca intensidade
H107 ausente H132 azul, fraca intensidade
H108 azul, intensidade muito fraca H133 ausente
H109 azul, média intensidade H134 azul, fraca intensidade
H110 azul, fraca intensidade H135 ausente
H111 azul, fraca intensidade H136 verde-amarelo, fraca intensidade
H112 ausente H137 ausente
H114 azul, fraca intensidade H164 ausente
H139 azul, média intensidade H165 ausente
H144 amarelo, intensidade muito fraca H166 ausente
H146 verde-amarelo, fraca intensidade H167 ausente
H147 azul, fraca intensidade H168 ausente
H148 azul, fraca intensidade H169 azul, média intensidade
Hl49 verde-amarelo, fraca intensidade H170 azul, fraca intensidade
H150 azul, intensidade média a fraca H138 azul, média intensidade
H151 azul, intensidade média a forte H171 azul, fraca intensidade
H152 azul, intensidade média a forte H172 azul, média intensidade
H153 azul intensidade média a forte H173 ausente
H154 azul, intensidade média a forte H174 azul, média intensidade
H157 azul, média intensidade H175 ausente
H158 ausente H176 ausente
H159 ausente H201 ausente
H160 ausente H202 ausente
H161 azul, fraca intensidade H203 verde-amarelo, fraca intensidade
Hl62 ausente H242 azul, fraca intensidade
H163 ausente H244 azul, fraca intensidade

 

Resultados Estatísticos

Os dados obtidos sobre os diamantes foram reunidos em gráficos apresentados a seguir. A Figura 18 apresenta a variação relativa dos pesos encontrados no lote de diamantes. A maior concentração está entre 0,25 e 0,50 ct, havendo três amostras que se destacam: H92 com 1,43 ct (a maior pedra do lote); H91 com 1,26 ct e H167 com 1,18 ct.

A Figura 19 apresenta a variação relativa das cores encontradas em 84 diamantes. O domínio é da cor amarela em variadas tonalidades. Seguem, pela ordem decrescente, as cores branca, marrom e verde.

Figura 18 – Variação relativa dos pesos dos diamantes em ct. Faixas de variação em ct da legenda da figura: 0,05 – 0,25; 0,26 – 0,50; 0,51 – 0,75; 0,76 – 1,00; 1,01 – 1,50 ct.

 

Figura 19 – Variação relativa das cores dos diamantes: branco, amarelo, verde e marrom.

 

A Figura 20 apresenta o resultado do teste de fluorescência. A cor de fluorescência mais frequente é o azul de fraca intensidade, seguido do azul de intensidade média a forte e, por último, das cores verde-amarelas de fraca intensidade. Aproximadamente 1/3 dos diamantes não apresentam fluorescência.

Figura 20 – Cores de fluorescência dos diamantes investigados: azul, azul fraco, verde amarelo e não apresenta fluorescência.

 

A Figura 21 apresenta a variação relativa das formas cristalinas encontradas nos 84 diamantes estudados. A forma cristalina dominante é o dodecaedro seguida pelo octaedro e, em menor expressão, pelo rombo dodecaedro. As formas irregulares ocorrem em cerca de 12% dos cristais.

Figura 21 – Variação relativa das formas cristalinas observadas nos diamantes investigados: octaedro; dodecaedro, rombododecaedro e irregular.

 

A Figura 22 apresenta a classificação (qualidade) dos diamantes da ocorrência de São João do Araguaia divididos em lapidáveis e de indústria. Ocorre uma prevalência relativamente pequena dos cristais lapidáveis sobre os de indústria.

Figura 22 – Classificação (qualidade) dos diamantes investigados quanto a lapidável e indústria.

 

Avaliação

A avaliação do valor comercial dos 24,04 ct de diamantes do lote produzido estimou um valor médio de U$ 100 por quilate. Este valor foi reconfirmado na prática, com a venda de material para a empresa CINDAM no Rio de Janeiro, onde foi gentilmente reavaliado pelo Sr. E. Steinfeld.

 

 

Inclusões

As inclusões encontradas nos diamantes de São João do Araguaia são de tamanhos e formas diversos. A Figura 23 apresenta um diamante com algumas inclusões de cor negra, localizadas próximo à superfície do seu hospedeiro.

Inclusões hospedadas pelos diamantes H94, H99, H163 e H168, foram estudadas por MEY/EDS, sendo os resultados das análises químicas semiquantitativas apresentadas a seguir.

O diamante H163 apresenta uma inclusão primaria de aspecto arredondado, constituída provavelmente por olivina, cuja imagem e composição química semiquantitativa são apresentados pela Figura 24.

O diamante H168 apresenta uma inclusão primária constituída provavelmente por magnésio-cromita deficiente em oxigênio, cuja imagem e composição química semiquantitativa são apresentados pela Figura 25.

O diamante H94 hospeda uma inclusão alterada, a qual apresenta pequenos cristais contidos em uma microcavidade (Figura 26). A sua composição química semiquantitativa (MEV/EDS) está apresentada na Figura 27.

 

O diamante H99 hospeda urna inclusão alterada, a qual apresenta pequenos cristais contidos em uma microcavidade (Figura 28). A sua composição química semiquantitativa (MEV/EDS) está apresentada na Figura 29.

Figura 23 – Inclusões de cor negra hospedadas por um diamante coletado em São João do Araguaia.

 

Figura 24 – Inclusão primária, provavelmente olivina conforme imagem e composição química semiquantitativa dessa inclusão obtida por MEV/EDS. Diamante H163.

 

Figura 25 – Inclusão primária, provavelmente Mg-cromita conforme imagem e composição química semiquantitativa dessa inclusão obtidas por MEV/EDS. Diamante H168.

 

Figura 26 – Cristais em uma inclusão alterada, amostra diamante H94. Imagem de MEV.

 

Figura 27 – Composição química semiquantitativa (MEV/EDS) de um cristal contido em uma microcavidade (Inclusão alterada). Diamante H94

 

Figura 28 – Cristais em uma inclusão alterada no diamante H99. O ponto 99_01.spc indica o local da análise realizada por MEV/EDS apresentada na figura 29 a seguir.

Figura 28 – Cristais em uma inclusão alterada no diamante H99. O ponto 99_01.spc indica o local da análise realizada por MEV/EDS apresentada na figura 29 a seguir.

 

Figura 29 – Resultados de análises químicas semiquantitativas de um cristal situado em uma microcavidade (inclusão alterada) no diamante H99 conforme figura 28, precedente.

 

OBSERVAÇÕES

As imagens e análises obtidos por catodoluminescência (CL) e sua discussão já foram publicados no BOMGEAM Ano 5 (2018) número 2: https://gmga.com.br/02-catodoluminescencia-de-diamante-do-rio-tocantins-no-para/. Já os resultados e a discussão sobre os minerais indicadores e/ou acompanhantes serão motivo de publicação à parte no presente número do BOMGEAM 9 (2022) número 1.

 

DISCUSSÕES E CONCLUSÕES

Tanto o rio Araguaia quanto o rio Tocantins, antes da sua confluência próximo à cidade de São João do Araguaia, formando o chamado Baixo Rio Tocantins, percorrem longos trechos sobre os mais variados terrenos geológicos. Ambos apresentam ocorrências de diamantes ao longo dos seus cursos. Uma pergunta que se impõe: por quais razões teria ocorrido a concentração de diamantes no leito do Baixo Rio Tocantins, justamente entre as cidades de São João do Araguaia e Tucuruí? Embora não seja do escopo explicito do presente trabalho, são discutidas a seguir algumas considerações sobre possíveis origens dos depósitos de diamantes no Baixo Rio Tocantins:

 

A sugestão de Patury (1955) indica como fonte do diamante no Baixo Rio Tocantins, o conglomerado ferrífero representado pela Figura 13. Este teria sido fraturado em grandes blocos, que teriam se acomodado no leito do Baixo Rio Tocantins. Um estudo expedito sobre essa hipótese concluiu que nos afloramentos visitados o conglomerado ferrífero em questão (Figura 13) é oligomíctico, constituído principalmente por seixos de quartzo leitoso em uma matriz ferruginosa, enquanto o conglomerado ferruginoso mineralizado (Figura 14) é polimíctico, incluindo na sua composição seixos de arenitos, quartzo leitoso, jaspe, formação ferrífera bandada (BIF), dentre outros.

 

Uma explicação muito convincente sobre a fonte para o diamante no Baixo Rio Tocantins é sugerida por Gonzaga & Tompkins (1991). O mesmo seria derivado da Formação Poti (Carbonífero) que por sua vez, tem suas origens relacionadas com os metaconglomerados do Grupo Chapada Diamantina no Estado da Bahia. De fato, as maiores concentrações de diamante no Baixo Rio Tocantins estão localizadas à jusante de terrenos cobertos por essa Formação. A ocorrência de diamantes em locais que, em princípio, não são relacionados à Formação Poti, como por exemplo, aqueles encontrados nos rios Itacaiúnas, Parauapebas, Sororó e grota do Sereno (Figura 15), pode ser creditada ao ainda incipiente conhecimento da geologia da região ou então a uma segunda fonte, discutida mais adiante, situada supostamente nas cercanias da Serra dos Carajás.

 

Segundo Gonzaga & Tompkins (1991) a Formação Poti em outros locais, onde é tida como fonte de diamantes, caracteriza-se por conter uma razoável quantidade de carbonados. Os relatos dos garimpeiros da “época rica” dizem que os carbonados no Baixo Rio Tocantins eram muito raros. É verdade que os carbonados podem ser de reconhecimento um tanto difícil, a época do garimpo histórico coincidiu em boa parte com a Segunda Grande Guerra, quando os carbonados brasileiros eram muito procurados. Também na ocorrência de São João do Araguaia, estudada neste trabalho, não foram identificados carbonados, apesar da boa experiência da equipe de amostragem. Porém, foi noticiado que haveria uma pequena ocorrência de carbonados a montante, na região do município de Xambioá (TO) área de influência da Formação Poti.

É certo que para acontecer a concentração de diamantes no Baixo Rio Tocantins entre os municípios de São João do Araguaia e Tucuruí (PA), a constituição física particular do leito do rio nesse trecho teve uma importante contribuição. Os obstáculos criados por formações geológicas, representam localmente as armadilhas que retiveram o diamante e outros minerais pesados.

 

Os aluviões diamantíferos do Brasil são reconhecidos internacionalmente, porém nunca existiu e nem existe atualmente no Brasil uma mina de diamante em rochas vulcânicas. Empresas de mineração, como Rio Tinto (RTZ) e Sociedade Pesquisa Mineral (SOPEMI), encontraram mais de uma centena de pipes quimberlíticos e pelo menos um de lamproíto na Amazônia. Vários contém mineralização de diamantes (ex. quimberlitos de Juína), porém nenhum deles até agora provou ser uma mina (Jacobi, 1998, comunicação verbal).

 

O levantamento bibliográfico realizado durante este trabalho, evidenciou que existe muito pouca literatura disponível sobre um dos mais importantes períodos na história da mineração do Estado do Pará. De grande valia podem ser consideradas as entrevistas realizadas com antigos garimpeiros de diamante na área, permitindo resgatar e registrar informações importantes, não encontradas em outras fontes.

 

Levando em conta a produção obtida no período de campo (24,04 ct), tem-se a percepção de que os sítios históricos de explotação de diamantes no leito do Baixo Rio Tocantins estão esgotados. Melhores chances de sucesso para a produção por meio de metodologias modernas supostamente estão localizadas nos aluviões ainda virgens nos paleo-leitos, principalmente a montante das cidades de Itupiranga e São João do Araguaia, além das ilhas no Iago de Tucuruí (ex. Ilha Saúde). Nesse contexto, também a área de Itamirim merece um estudo mais aprofundado.

 

As inclusões estudadas em diamantes de São João do Araguaia podem ser classificadas como relacionadas à suíte ultramarina. Nessa serie o carbono que forma o diamante hospedeiro, provavelmente é constituído por carbono primitivo do manto.

 

A estrutura interna simétrica revelada pela amostra H242 permite interpretar o ambiente geoquímico em que se formou o respectivo diamante como sendo tranquilo e livre de perturbações durante o seu tempo de cristalização. O mapeamento das impurezas (nitrogênio e boro, muito provavelmente) indica um ambiente de formação. caracterizado por aportes regulares de soluções nutrientes, cuja composição apresentava teores variáveis e alternados. A presença (provável) de nitrogênio na estrutura indica que o respectivo diamante pode ser classificado como pertencente ao tipo I (Höhn et al., 2018, in: https://gmga.com.br/02-catodoluminescencia-de-diamante-do-rio-tocantins-no-para/.

 

O valor médio de U$ 100.-/ct, encontrado para os diamantes de São João do Araguaia pode ser considerado semelhante ao de diamantes aluvionares do rio Araguaia em Mato ·Grosso (Akabane, 1998; Steinfeld, 1998, comunicação verbal).

 

As amostras coletadas em São João do Araguaia aparentemente representam uma mescla de duas populações diferentes de diamantes sugerindo mais de uma origem para os diamantes do Baixo Rio Tocantins:

  • Uma, onde os diamantes aparentemente foram sujeitos à fortes condições de corrosão e dissolução atuantes no meio magmático durante o seu emplacement, como é indicado pelos cristais com superfícies das faces de aspecto corroído e arestas arredondadas. Estas feições são acentuadas ainda mais durante o transporte hidráulico. Supostamente as formas cristalinas dos diamantes minerados em época histórica recente pertenciam a formas dodecaédricas ou mais complexas, nos quais o maior número de faces e consequentemente feição hidrodinâmica mais arredondada favorecem o transporte hidráulico e uma maior concentração em aluviões, resultando em uma relação gema/indústria muito favorável. Corresponderiam a essa população, provavelmente relacionável à Formação Poti, a maioria dos diamantes extraídos na “época rica” do

 

  • Outra, cuja presença é denunciada pelas características do lote de diamantes coletado em São João do Araguaia, onde os diamantes aparentemente não foram submetidos a condições muito agressivas de corrosão e dissolução, como é indicado pelo expressivo número de cristais com as arestas vivas e as superfícies das faces lisas e pela representativa presença de formas cristalinas mais simples (octaedros). Formas irregulares também são relativamente frequentes. A relação gema/indústria menos favorável seria resultado de uma menor exposição e, por isso, menor seleção através dos agentes geológicos. Essa suposta segunda população de diamantes teria uma origem primária e poderia estar situada mais próximo dos locais onde os diamantes são encontrados atualmente. A região de influência da Serra dos Carajás, nas proximidades de uma região cratônica e de uma profunda fratura na crosta talvez constitua um alvo privilegiado para a procura de mineralização de diamantes originados dessa suposta segunda fonte, a qual poderia ocorrer em rochas vulcânicas na forma de diques ou pequenos diatremas ou então em rochas ainda não reconhecidas como

 

Agradecimentos

Expresso os meus sinceros agradecimentos a todas as instituições e pessoas que, com a sua colaboração, tornaram possível o desenvolvimento deste trabalho:

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), pela concessão de Bolsa de Estudo.

À Universidade Federal do Para, em especial à Pró-reitora de Ensino e Pesquisa (PROPESP),

Ao Curso de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica do Centro de Geociências pela infraestrutura em Belém, auxílio financeiro para as viagens de campo, acesso aos laboratórios e pela oportunidade.

Ao Professor Dr. Marcondes Lima da Costa, pela orientação, compreensão, paciência e decidido apoio durante todo o desenvolvimento do trabalho. Agradeço também o auxílio financeiro para viagens ao campo e análises específicas.

Ao Prof. Dr. Rômulo Angélica, pelas discussões proveitosas e pelas bibliografias. Aos Professores: Dr. Dall’Agnol, Dr. Basile, Dr. Netuno, Dr. Fenzl, Dr. Ramos, Dr. Scheller e M. Sc. Vaquera pelos ensinamentos e discussões que enriqueceram o trabalho. A geóloga Walmeire, pelo apoio no laboratório de difração de raio-X da UFPA. Ao chefe do laboratório de química, Natalino, pela ajuda nas análises.

À Profa. Dra. Ana Maria Maliska, do Laboratório de Materiais da Universidade Federal de Santa Catarina pelo grande incentivo na realização das análises de microscópio eletrônico de varredura. Ao operador, estudante de engenharia Pablo, pela paciência.

Ao Prof. Dr. Reinhard Wegner da Universidade Federal de Campina Grande/PB pelas aulas sobre diamantes e pelas fotografias cedidas.

Ao sempre cordial e amigo Sr. E. Steinfeld da CINDAM no Rio de Janeiro, pela avaliação dos diamantes de São João do Araguaia.

Ao geólogo Fernando Lemos do DNPM/ Belém e ao gemólogo Dr. Taylor Collyer, pelas bibliografias cedidas;

Ao colega geólogo Pedro L. Jacobi da RTZ, pelas informações.

 

Aos integrantes do grupo de estudo de mineralogia, geólogos Elias Leão, Carlos Cassini, Rosiney Araújo, engenheiro Oscar Choque e a arquiteta Ana Resque pelas discussões que enriqueceram o trabalho. Agradecimentos especiais ao geólogo Daniel Sousa, pelas aulas de computação e diagramação.

Aos colegas de mestrado, geóloga Maria do Carmo, químico Nestor, químico Henrique, geólogo Jesus, pelos incentivos e amizade demonstrados.

Ao lapidário José Souza pela amizade e pelo competente trabalho realizado.

Aos funcionários do Centro de Geociências da UFPA, da secretaria de Pós-Graduação, às bibliotecárias. A todos o meu sincero obrigado.

Ao garimpeiro e grande amigo Cezar, aos mergulhadores Goiano, Raimundinho, Simplício, pelo companheirismo e cordialidade. Ao dono da balsa Chico Ourives, sr. Alton Arraes, pela amizade, livre acesso e apoio. Ao mergulhador Simplício Filho, que perdeu a sua vida na arriscada coleta das amostras de diamante, expresso meus sentimentos de gratidão e respeito.

Homenagem póstuma especial é prestada ao Prof. Dr. Walter Schuckmann, eminente mineralogista, Professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará que tão prematuramente nos deixou.

 

REFERÊNCIAS

(Essas referências não foram atualizadas, manteve-se a situação da época de defesa da dissertação de mestrado de Helmut Hohn junto ao PPGG/IG/UFPA, em 2000)

 

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 10.31419/ISSN.2594-942X.v92022i1a3HHN