02 – O Xinguzão

Ano 02 (2015) - Número único Artigos

Marcondes Lima da Cosa, curador do Museu de Geociências e Suyanne Flávia S. Rodrigues

 

Um bloco de rocha de aproximadamente 4 t foi assentado memoravelmente sobre o solo em frente a sede da FAGEO. É a primeira mega-amostra do acervo (N°. 2445) do Museu de Geociências do IG/UFPA, que representa a pedra fundamental do Projeto TRILHA MINERAL NO CAMPUS, uma iniciativa deste Museu e que conta com o apoio efusivo da direção do nosso Instituto de Geociências. Ela é um exemplar típico do Complexo Xingu, procedente de sua região típica, ou seja, das margens do rio Xingu, no domínio da Volta Grande do Xingu, logo abaixo da cidade de Altamira, Pará. Nesta região está em construção toda a infraestrutura da grande hidrelétrica de Belo Monte, sob a batuta da empresa Norte Energia. O exemplar foi selecionado pelo professor Marcondes Lima da Costa, quando em agosto de 2015 realizava atividades de campo voltadas para geoarqueologia a convite do Dr. Renato Kipnis, diretor da empresa Scientia Consultoria Ltda. Na oportunidade o Dr. Renato estava presente e percebeu da minha empolgação com o enorme bloco de “granitoide” (migmatito) englobando um lindo e espesso veio pegmatoide, com grandes cristais cliváveis de microclínio róseo. Imediatamente eu disse: – Um belo exemplar para o nosso Museu -. Dr. Renato se contagiou com minha empolgação, e manifestou interesse em materializar a chegada do bloco a Belém. Ao final da tarde já redigíamos o pedido de retirada do bloco da área da Norte Energia e dias depois a empresa o liberava e o levara para o escritório da Sciencia. Numa primeira tentativa o transporte para Belém não se concretizou, mas se tornou realidade no dia 10.12.2015. Às 09h30minh o caminhão já estava em frente à FAGEO e aguardava a chegada do caminhão-muque para a retirada e assentamento da mesma. Isto ocorreu às 12 h. E o pesado bloco foi logo batizado de Xinguzão. Tá ele deitado espreitando a área ao seu redor, que lhe parece muito, mas muito estranha. Alguém tão velho assentado sobre coisas tão novas. Ele deve estar dizendo: – Essa meninada não está com nada! Quanta besteira ela não está dizendo por aí! E eu aqui calejado com os meus mais de 2.000.000.000 de anos já vi tantos e tantas, mas vou ficar só observando, pois o terreno é fresquinho, muito novo, não é meu, não o conheço.

O Xinguzão está para ser olhado, tocado, fotografado e estudado. Bom proveito.

 

Figura 1: O Xinguzão assentado provisoriamente em frente à sede da FAGEO rodeado por seus recepcionistas e admiradores no dia 10.12.2015 às 13h: Glayce, Emissário da Scientia, Marcondes, dois Motoristas do muque, Motorista do caminhão que trouxe o Xinguzão, Suyanne Flávia e Pabllo. É nítido o veio pegmatoide na base do bloco.

 

Figura 2: Pedreira onde “nasceu” o Xinguzão, em Belo Monte, Altamira, Pará. Tornou-se peça do acervo do Museu de Geociências ainda em 26.08.2015 por iniciativa de Marcondes Costa e Dr. Renato Kipnis.