02 – O ALGODÃO NA PITORESCA PELO SERTÃO

Ano 11 (2024) - Número 1 - Pitoresca pelo Sertão Artigos

10.31419/ISSN.2594-942X.v112024i1a2MESX

 

Milson Edmar da Silva Xavier

Grupo de Mineralogia e Geoquímica Aplicada – GMGA

 

FORTALEZA: A capital alencarina e o “Ouro Branco do Sertão”

Raquel de Queiroz, alencarina também por descender de José de Alencar, nasceu em Fortaleza, mas adotou a cidadania quixadaense, tem em sua Fazenda Não Me Deixes, em Quixadá-CE, a sua máquina de costura que transforma o tecido, produto do algodão, em belas vestimentas, o que levou, em final do século XIX, a Fábrica de Tecidos Progresso se instalar na capital cearense. Esse liame entre o ouro branco e a capital resultará, em setembro de 2024, na realização do 14º Congresso Brasileiro de Algodão na capital alencarina.

Figura 1

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Manuscrito de Raquel de Queiroz adotando Quixadá como terra natal.

Figura 2

 

BATURITÉ

Entre as fases econômicas por que passa a cultura do algodão está o seu transporte até o centro consumidor. Em Baturité-CE foi erguida uma estação ferroviária com essa finalidade, inicialmente para a produção de café dos municípios da região, Guaramiranga entre eles, posteriormente se juntando a de algodão e outras culturas de agricultura familiar, tão velha como a terra.

Figura 3

 

QUIXADÁ: Algodão e Mandacaru: o duelo pacífico

Atualmente, a produção cearense do algodão advém de 20 municípios alencarinos e em acirrada disputa por terra com o mandacaru, vegetação típica da região. Entre esses municípios produtores Quixadá aparece nas derradeiras posições. Na fazenda Não Me Deixes, local de estadia da escritora Raquel de Queiroz quando em visita ao Ceará, um exemplar devidamente catalogado, dentre outras espécies da região.

Figura 4

 

A produção de algodão, como de qualquer outra cultura, não sobrevive sem esse bem precioso que é a água. O sertão nordestino, massacrado por longos períodos de seca, implorava por soluções eficazes e definitivas da então Corte Portuguesa. Com a Independência do Brasil e o Reinado de D. Pedro II, o Imperador nomeou uma comissão para esse intento em 1884, resultando daí a construção do Açude Cedro, em Quixadá, concluído em 1906. Inicia-se, assim, o planejamento e projeto de grandes barragens pelo Brasil, a fim de garantir o suprimento de água e irrigação no Polígono das Secas.

Figura 5

 

REGIÃO DO SERIDÓ – ACARI – RN: Francisco Raymundo de Araújo.

O algodão é um produto que sofreu muita evolução na forma e manejo do seu plantio, resultando em melhor qualidade e diversidade de cores. Em Acari-RN desponta um personagem de expressão internacional, Sr. Francisco Raymundo de Araújo, um “cientista por extinto”.

Figura 6

 

MUSEU HISTÓRICO DE ACARI – RN

O Museu Histórico de Acari, também conhecido como Museu do Sertanejo, está organizado em um prédio, de arquitetura colonial, que outrora funcionou a Cadeia Pública e Intendência de Acari. Fora construído, como várias outras coisas boas deste país, ainda no período imperial do Brasil. É um espaço bem-organizado que retrata os meios de subsistência do homem sertanejo, permitindo conhecer sua identidade e cultura. Dentre as atividades econômicas desenvolvidas pelo homem sertanejo na região do Seridó, está a algodoeira, inclusive com destaque internacional quando supria a indústria têxtil da Inglaterra.

Figura 7