01 – METODOLOGIAS ATIVAS PARA O ENSINO DE PALEONTOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Ano 11 (2024) - Número 2 - Crônicas Artigos

10.31419/ISSN.2594-942X.v112024i2a1LRES

 

Laeny Rosário do Espírito Santo1
José Fernando Pina Assis2
Sandra Nazaré Dias Bastos3

 

Especialista em Ensino de Ciências. Licenciada em Ciências Naturais, participou como estagiária dos Programas de Iniciação à Docência: PIBID e Residência Pedagógica. E-mail: rosariolaeny@gmail.com

Geólogo, Mestre em Ciências. Professor do Instituto de Geociências (Faculdade de Geologia) e do Instituto de Ciências Exatas e Naturais, (Faculdade de Ciências Naturais) da Universidade Federal do Pará. E-mail: josepina@ufpa.br

3 Bióloga, Doutora em Educação em Ciências. Professora da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, Instituto de Estudos Costeiros (IECOS), Campus de Bragança. E-mail: sbastos@ufpa.br

 

ABSTRACT

The teaching of Paleontology is of great importance in the training of students, supporting the understanding of various science contents. For this reason, its implementation from Elementary School is essential as it provokes curiosity in students. Despite this, themes in this field of knowledge are treated in a fragmented manner in school spaces, so many difficulties are encountered, whether in the structure, the lack of teaching resources, the limitations of support instruments, such as textbooks, or even due to negligence of the official documents that guide fundamental education in Brazil, which often do not deal with the subject with due importance. Given this context, we set out as a general objective to present methodological proposals for the teaching of Paleontology based on the elaboration of a catalogue that brings together scripts of practical activities, which require little infrastructure, and uses simple, low-cost materials that can contribute to the teaching-learning process of Paleontology in Elementary School. The preparation of the catalogue followed three stages: 1) Collection of reference data (bibliographic and teaching materials); 2) Selection and ordering of the thematic activities found, always focusing on the low cost of the materials used and the ease of carrying them out in the school environment); 3) Structural reorganization of the selected activities, considering our pedagogical understanding, to compose the catalogue. Thus, and in line with the National Common Curricular Base (BNCC), the activities were organized into three groups: a) research/production of materials; b) didactic game; c) information and communication technologies. The Practical Activities Guide Catalog aims to bring students and teachers at Elementary School Science and Paleontology together, serving as an instrument to assist in the teaching-learning process.

Keywords: Paleontology; Science teaching; Catalog.

 

RESUMO

O ensino de Paleontologia tem grande importância na formação dos estudantes, sendo suporte para o entendimento de diversos conteúdos de ciências, por este motivo é essencial sua implementação desde o Ensino Fundamental uma vez que provoca curiosidade nos estudantes. Apesar disso, temas desse campo do conhecimento são tratados de maneira fragmentada nos espaços escolares tantas são as dificuldades encontradas, seja na estrutura, na carência de recursos didáticos, nas limitações dos instrumentos de apoio, como livros didáticos, ou mesmo, por conta da negligência dos documentos oficiais que norteiam a educação fundamental no Brasil, os quais, muitas vezes, não tratam do assunto com a devida importância. Diante desse contexto, traçamos como objetivo geral desenvolver e apresentar propostas metodológicas para o ensino de Paleontologia a partir da elaboração de um catálogo que reúne roteiros de atividades práticas, que demandam pouca infraestrutura, e que utilizam materiais simples, de baixo custo e que possam contribuir com o processo ensino-aprendizagem de Paleontologia no Ensino Fundamental. A elaboração do catálogo seguiu três etapas: 1) Coleta de dados de referência (bibliográfica e de materiais didáticos); 2) Seleção e ordenamento das atividades temáticas encontradas, norteando sempre o baixo custo dos materiais usados e a facilidade de realização no próprio ambiente escolar); 3) Reorganização estrutural das atividades selecionadas, à luz do nosso entendimento pedagógico, para compor o catálogo. Assim, e em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) as atividades foram organizadas em três grupos: a) pesquisa/confecção de materiais; b) jogo didático; c) tecnologias da informação e comunicação. O Catálogo Roteiros de Atividades Práticas visa aproximar estudantes e professores de Ciências do Ensino Fundamental da Paleontologia servindo como instrumento para auxiliar no processo ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Paleontologia; Ensino de Ciências; Catálogo.

 

INTRODUÇÃO

A Ciência é um meio pelo qual a prática social se apropria do mundo, se os sujeitos se tornarem mais atuantes e transformadores no seu meio, poderemos ter um mundo melhor, com mais respeito e preservação (Compiani 2005). As Ciências da Natureza são necessárias para a formação do cidadão, assim é importante que sejam compreensíveis, acessíveis no ambiente escolar, desta maneira:

Formar um cidadão responsável e sensível às questões relativas à Vida e ao planeta, pode advir de uma educação que permita ao indivíduo reconhecer o que é o planeta, como ele funciona, e como nesse espaço e ao longo do tempo, se processam as relações da Vida. São esses alguns atributos singulares da Geologia – que concebe de forma sistêmica a entidade planetária e seus habitantes. Tal corpo de conhecimentos, somados à noção de globalização, facilita que o indivíduo reconheça sua identidade/cidadania terrena, entendendo-se por cidadão terreno o indivíduo responsável pelo uso e ocupação do meio natural, e sensível aos problemas ambientais e à importância da Vida (Morin; Kern, 2002, p. 1).

Frodeman (2001) destaca três razões para que as Ciências da Terra, entre elas a Paleontologia, se destaquem e se transformem no campo central do conhecimento científico no século 21: a natureza do raciocínio geológico, a importância dos fatos e eventos geológicos (como por exemplo o processo de formação dos fósseis) e a pertinência da perspectiva geológica. A compreensão dessa temática é necessária para o desenvolvimento de uma visão aprofundada sobre o uso dos recursos naturais, para fortalecer nosso senso crítico e para nos ajudar na tomada de decisões corretas e conscientes. Para Compiani e Gonçalves (1996), o conhecimento do Sistema Terra contribui para a apropriação material do planeta, proporcionando assim a sobrevivência da humanidade.

A Paleontologia é um espaço de interação entre a Biologia e a Geologia, é necessário observá-la a partir dos dois campos de visão científica, para obter um conhecimento mais completo a respeito da evolução dos seres vivos ao longo do tempo. O termo Paleontologia vem do grego, sendo formado por três diferentes palavras: palaios (antigo), ontos (ser), logos (estudo). Trata-se de um ramo das ciências naturais, que estuda os seres antigos (fósseis), seus vestígios, hábitos e habitats, coletando dados sobre os mesmos, no sentido de compreender sua evolução espaço-temporal.

O ensino de Paleontologia tem grande importância na formação dos estudantes, na medida em que é suporte para o entendimento de diversos conteúdos biológicos e, ao contrário do senso comum, não é unicamente o estudo dos fósseis de maneira isolada. Um exemplo disso, é a Teoria da Evolução das Espécies que se fundamentou no uso dos fósseis. A implementação dessa temática no Ensino Fundamental é essencial, uma vez que nesse nível da escolaridade os estudantes trazem consigo muitas curiosidades, mitos, além do interesse pelos dinossauros que mexem com a imaginação e os professores podem se apropriar disso para transformar o conhecimento popular em conhecimento científico.

Para Sampaio (2020, p. 29) “o estudo da Paleontologia busca compreender os diversos processos que ocorreram no planeta e que ainda vem ocorrendo”, seu ensino auxilia tanto para a compreensão de conceitos biológicos quanto para a cultura científica, sendo essencial na formação do indivíduo, fazendo com que sejam mais críticos e consigam contextualizar os processos passados com os atuais. O autor defende que é necessário abordar essa temática em sala de aula para que se desfaçam padrões e esclareçam conhecimentos do senso comum (Sampaio 2020).

Veicular e inserir assuntos referentes a Paleontologia no cotidiano dos docentes e estudantes, desperta a conscientização em relação a preservação dos sítios fossilíferos e bens paleontológicos do país e, ao mesmo tempo, incentiva outros pesquisadores a explorarem esta temática. Contudo, apesar disso, há pouca divulgação no Ensino Fundamental e Médio, deixando a Paleontologia restrita aos laboratórios, museus e centros de pesquisa. Silva et al. (2019) dizem que

a relação entre a Paleontologia e o Ensino de Ciências é estreita, visto a grande quantidade de conceitos que podem ser abordados a partir deste tema. A exemplo disso cita-se a formação da Terra, origem da vida, evolução biológica, formação dos ecossistemas, combustíveis fósseis, entre outros, que podem ter como ponto de partida os diferentes tipos de registros fósseis (Silva et al., 2019, p. 113).

A Paleontologia é base para diversos conteúdos como evolução, os fósseis, ecologia, tafonomia, sendo dividida em cinco áreas distintas: Paleozoologia, Paleobotânica, Paleoicnologia, Paleobiologia e Paleopalinologia. Prestes (2012) afirma que é uma ciência que engloba diversas áreas do conhecimento, podendo levar o estudante a um conhecimento integrador, reconhecendo a importância dessa temática e as adversidades que rodeiam para que esse ensino se faça presente em sala de aula, principalmente de uma forma que faça com que os estudantes sejam mais críticos e entendam as ligações do passado com o presente, é necessário a “criação de ferramentas eficazes para o estudo da Paleontologia nas escolas” (Prestes, 2012, p. 14).

Paleontologia e Evolução estão interligadas, pois ambas são necessárias para se conhecer o passado e entender os processos que ocorrem no planeta, o ensino de Paleontologia também está ligado a compreensão da cultura cientifica (Sampaio, 2020).  Serafim (2001) argumenta que os estudantes que não reconhece o conhecimento científico em situações do seu cotidiano, não será capaz de compreender a teoria. Freire (1996) afirma que: “para compreender a teoria é preciso experimentá-la”.

O ensino de Paleontologia chega aos estudantes de maneira fragmentada, (quando chega), tamanhas e diversas são as dificuldades encontradas, seja na estrutura, na carência de recursos didáticos, nas limitações dos instrumentos de apoio como os livros didáticos, ou mesmo, na negligência dos documentos oficiais que norteiam a educação no Brasil, que não estão dando a importância necessária a temática, que devia estar de forma clara e ampla nos documentos. Para Duarte (2015):

os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), que direcionam o conteúdo do ensino básico no Brasil, não valorizam devidamente a Paleontologia dentro das Ciências Naturais. Além disso, alguns professores e livros didáticos não dão a devida atenção à Paleontologia nos seus planejamentos e capítulos (Duarte et al., 2015, p. 2).

Essa negligência se estende aos dias atuais, uma vez que segundo a BNCC – Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018), o ensino de Paleontologia ficou limitado ao currículo do sexto e sétimo ano do Ensino Fundamental (Unidade Temática: Terra e Universo), de forma integrada à Geologia, sendo ignorada no oitavo e nono ano do Ensino Fundamental. Para Cruz et al., (2019) essa situação é ainda mais preocupante uma vez que, por esse documento, não há previsão de que a Paleontologia e a Geologia sejam trabalhadas no Novo Ensino Médio (NEM). Como alternativa os autores sugerem que esses conteúdos possam ser trabalhados em atividades interdisciplinares, pois é nesses espaços que podem

suprir a falta ou complementar os assuntos trazidos pelos livros didáticos, principalmente aqueles que foram restringidos na BNCC. Desse modo, a diversidade da vida ao longo do tempo e espaço é um assunto relacionado a diversas áreas, tais como Biologia, Física, Química, Geografia e História, e que pode ser adicionado ao currículo do estudante como um projeto interdisciplinar, trazendo conceitos geológicos, paleontológicos e ambientais (Cruz, et al., 2019).

Essa situação se reflete no livro didático, um dos recursos didáticos mais utilizados em sala de aula, e que muitas das vezes acaba sendo o único recurso utilizado. Assim, a escolha desse recurso deve ser criteriosa e um saber necessário ao professor, pois, como afirma Sato et al. (2010), a seleção deve priorizar obras com abordagem clara, concisa e consistente e que fazem a transposição didática de forma adequada para colocar os estudantes frente às suas realidades, para que possam compreender o conhecimento científico e relacioná-los a fatos e acontecimentos do seu dia a dia.

O estudo desenvolvido por Sato et al. (2010) verificou que os livros didáticos, em sua maioria, abordam de forma inadequada e/ou ineficiente os conceitos de Paleontologia. Nesse caminho, Tavares et al. (2021, p. 14) dizem que “a inexistência do conteúdo de Paleontologia nos livros didáticos de algumas séries pode corroborar o desconhecimento do tema pelos alunos.” Portanto, é fundamental que haja um aprofundamento do tema nos livros didáticos, para que isso possibilite ao estudante entender o mundo a sua volta e seus processos, do passado e do futuro, além de desenvolver suas habilidades, crítica, investigadora e científica, fazendo com que os estudantes saibam questionar e não somente procurar por respostas (Sato et al, 2010).

Assim, as práticas pedagógicas referentes a Paleontologia, ministradas nas disciplinas de Ciências e Geografia no Ensino Fundamental, devem e precisam ser reavaliadas. Quando se trata do Ensino de Ciências muitas vezes as escolas não dispõem de estrutura para proporcionar o desenvolvimento de práticas necessárias para melhor compreensão dos conteúdos, o que torna o livro didático o único recurso utilizado pelo professor. É preciso considerar que raramente esse recurso associa teoria e prática, assim há necessidade de desenvolver novas estratégias metodológicas, para tentar minimizar os problemas relativos ao processo ensino-aprendizagem do tema Paleontologia.

Nobre e Farias (2015, p.7) afirmam que “o ensino de Paleontologia, em específico, precisa ser repensado, pois a maioria dos professores refere-se aos temas de maneira superficial”, assim como também é necessária “a ampliação da abordagem Paleontológica nos documentos nacionais que direcionam a composição curricular”. Pois, se houver uma abordagem mais ampla nos documentos, os livros didáticos darão maior importância para a temática, na medida em que a análise de coleções didáticas de Ciências mostra que há uma desvalorização dos conteúdos de Paleontologia, sendo abordados de forma descontextualizada e sem relação com o cotidiano. Desse modo,

por mais importante e necessária que a temática Paleontologia seja para o ensino de ciências, a mesma é representada de forma descontextualizada e com pouca associação com o cotidiano, dificultando assim o processo de aprendizagem dos estudantes. Este fato é preocupante, uma vez que os LD analisados já estão adequados à BNCC, documento normativo atual, que, tal qual os PCN, também negligência a temática (Peres et al, 2021).

Considerando que o livro didático é uma das metodologias mais utilizadas é necessário que os documentos normativos deem um enfoque maior para a temática, para que assim os livros didáticos estejam mais adequados e com uma abordagem mais ampla; ressalta-se que é necessário que o professor contextualize essa abordagem para a realidade do estudante, para que não fique abstrata, podendo utilizar metodologias ativas nesse suporte.

Bastos (2006) aponta o uso das metodologias ativas como “processos interativos de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para um problema.” Logo, o professor será um mediador do conhecimento e o estudante, com os meios acessíveis ao conhecimento, será um sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem. Assim, as metodologias ativas trazem por meio de experiências reais ou virtuais, oportunidades de aprimorar a maneira de aprender, com o intuito de solucionar problemas não só do ensino-aprendizagem, mas, também, os problemas do contexto social do estudante, motivando-o a pensar, solucionar e criticar. Desse modo, é possível afirmar que utilizar metodologias diversificadas no ensino da Paleontologia é uma forma de instigar o estudante a pensar, criar e se divertir aprendendo, além de tornar acessíveis temas que são considerados mais complexos.

Dias e Martins (2018, p.2) afirmam que os professores podem explorar diversos “métodos de ensino a fim de facilitar a aprendizagem do conteúdo paleontológico pelos alunos, como a visitação a museus e exposições, oficinas teórico-práticas e/ou a utilização de métodos didáticos práticos e lúdicos.” Com tantas metodologias existentes, o ensino de Paleontologia pode e deve ser mais contextualizado, visando a participação ativa dos estudantes durante as aulas, possibilitando autonomia, motivação, criatividade, estimulando a solucionar problemas e a melhorar sua confiança.

Prestes (2012, p. 12) alega que “as aulas investigativas, pela dinâmica, contribuem para a produção e argumentação acerca do conteúdo abordado, trazendo diferentes questionamentos e associando a vivência e a interpretação de cada aluno para chegar a um senso comum” fazendo com que os estudantes tragam para sua realidade o objeto de conhecimento, desta forma se tornam sujeitos ativos no processo de ensino- aprendizagem e o professor, um mediador nessa construção.

Para Dias e Martins (2018, p.4) os “jogos também podem promover o avanço da aprendizagem do conhecimento obtido em sala de aula pelos alunos, além de desenvolver a capacidade de resolução das questões envolvidas”. Ressalta-se que é necessária a apresentação teórica antes da utilização de metodologias práticas, para que haja integração com os conceitos e processos, principalmente aqueles de mais difícil entendimento (Dias; Martins, 2018).

Dessa forma o planejamento e o desenvolvimento de experiências metodológicas são essenciais para os professores, pois mostram o seu potencial e efeitos na prática pedagógica, além de reavaliar os padrões de ensino-aprendizagem e avaliativos (Assis, 2017). Dias e Martins (2018, p. 9) ressaltam que:

Os métodos didáticos podem (e devem) ser aplicados para o aprendizado científico paleontológico em qualquer nível de ensino, mas a abordagem deve ser feita de maneira adequada e de acordo com cada faixa etária e necessidade do aluno, fomentando também assim a educação inclusiva, […] estas atividades proporcionam a materialização de conteúdos usualmente ensinados de maneira conceitual, além de viabilizar um espaço de reflexão e questionamento do aluno sobre o conteúdo abordado de forma prazerosa. (Dias; Martins, 2018, p. 9).

É fundamental reforçar a importância das aulas teóricas, contudo, são necessárias aulas práticas para que os estudantes possam se envolver de forma mais efetiva, com a elaboração do conhecimento, além de compreender com mais facilidade os conteúdos. Nesse caminho, a utilização de metodologias diferenciadas é desejável, para aprimorar o aprendizado tornando-o mais prazeroso.

Borges e Alencar (2014, p. 120) explicam que metodologias ativas são “formas de desenvolver o processo do aprender que os professores utilizam na busca de conduzir a formação crítica de futuros profissionais nas mais diversas áreas”. A utilização dessas metodologias favorece a autonomia do educando, desperta a curiosidade, estimula as tomadas de decisão tanto de forma individual, quanto coletiva e são essenciais na prática social e em contextos do estudante. Desta maneira, é possível afirmar que metodologias ativas dão ênfase ao protagonismo do estudante e estimulam seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as etapas do processo educativo. Eles experimentam, desenham, criam com orientação e supervisão do professor, como defendem Moran e Bacich (2018).

Borges e Alencar (2014, p. 120) explicam que metodologias ativas são “formas de desenvolver o processo do aprender que os professores utilizam na busca de conduzir a formação crítica de futuros profissionais nas mais diversas áreas”. A utilização dessas metodologias favorece a autonomia do educando, desperta a curiosidade, estimula as tomadas de decisão tanto de forma individual, quanto coletiva e são essenciais na prática social e em contextos do estudante. Desta maneira, é possível afirmar que metodologias ativas dão ênfase ao protagonismo do estudante e estimulam seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as etapas do processo educativo. Eles experimentam, desenham, criam com orientação e supervisão do professor, como defendem Moran e Bacich (2018).

A partir dessa realidade e diante da pequena inserção da Paleontologia no currículo escolar, bem como das dificuldades encontradas pelos professores para mediar os conteúdos, essa questão foi foco do nosso Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)[4], que verificou a ausência e/ou limitações de recursos e práticas pedagógicas no ensino de Ciências com enfoque nos temas de Paleontologia. A pesquisa realizou um levantamento e descreveu as práticas docentes desenvolvidas no Ensino Fundamental para o ensino de Geologia, com enfoque nos conteúdos de Paleontologia na disciplina de Ciências, 6° ao 9° ano, ministrada em escolas do município de Bragança-Pará.

A análise mostrou que quase nenhuma carga horária é voltada para a temática ou, que o tema é visto apenas de maneira pontual, para apoio a outros conteúdos. Apesar disso, foi observado que os professores reconhecem os temas que podem trabalhar. Quando questionados sobre quais metodologias são empregadas em sala de aula o debate apareceu em maior proporção, seguido das atividades práticas, que não necessitem de uma grande estrutura, principalmente, que possam ser realizadas dentro da sala de aula.

Percebemos que essas atividades em particular eram limitadas, não apenas pela carga horária insuficiente para inserção dos conteúdos no planejamento do professor, mas, sobretudo, pela falta de estrutura e de materiais. Mesmo diante dessas dificuldades, os professores sinalizaram que desejavam ter acesso a alternativas metodológicas para trabalhar melhor, e de forma diferenciada, esse tema e que fosse levado em conta os problemas de infraestrutura e de materiais (Espírito Santo, 2022).

Tal demanda nos motivou à realização desta pesquisa que estabelece, como objetivo geral, apresentar propostas metodológicas para o ensino de Paleontologia a partir da elaboração de um catálogo que reúne roteiros de atividades práticas, que demandam pouca infraestrutura, e que utilizam materiais simples, de baixo custo e que possam contribuir com o processo ensino-aprendizagem de Paleontologia no Ensino Fundamental.

 

CAMINHOS METODOLÓGICOS

Para o levantamento, elaboração e adaptação das atividades foram seguidas as etapas listadas abaixo:

Etapa 1 – Pesquisa bibliográfica e de materiais didáticos: o primeiro passo foi a realização da pesquisa bibliográfica e documental fazendo um levantamento das atividades e materiais didáticos relatados na literatura, que abordassem conteúdos de Paleontologia, publicados em meio físico ou eletrônico/digital, tais como livros, artigos científicos, páginas de web sites, cartilhas, filmes, além de aplicativos disponíveis, de forma gratuita na plataforma Google play store[5]. As ferramentas de pesquisa foram o Google e Google acadêmico nas quais utilizamos como palavras-chave, os termos: dinossauros, eras geológicas, fósseis, Formação Pirabas, dentre outras correlacionadas. Para seleção das atividades, elegemos como critérios: a)facilidade de execução; b) realização com uso de material de baixo custo; c) operacionalização sem exigência de locais específicos, como laboratórios, por exemplo; d) Aplicativos disponibilizados gratuitamente e em português; e) Filmes e/ou documentários conhecidos do público e disponibilizados de forma gratuita na internet.

 

Etapa 2 – Organização das atividades encontradas: Atividades encontradas foram compiladas em planilha Excel, destacando as seguintes informações: objetivos de ensino; conteúdos; material necessário para realização da atividade, descrição da atividade, além de informações sobre necessidade do uso de material complementar (textos, imagens, links etc). Informações que não estavam disponíveis no material pesquisado, foram elaboradas ou foram readaptadas para que ficassem mais acessíveis aos objetivos pretendidos.

Etapa 3 – Elaboração do Catálogo:  O catálogo foi montado na plataforma de design gráfico Canva[6], que pode ser usada de forma gratuita ou paga, e que permite criar gráficos de mídia social, apresentações, pôsteres e diversos conteúdos visuais. Para elaboração desse catálogo utilizamos a forma gratuita e o modelo de documento tipo livreto.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Silva et al., (2021) apontam que o termo Paleontologia não aparece uma única vez no documento oficial da BNCC e, de modo geral, esse documento não estimula a ampla discussão sobre esse tema. Como consequência, subsídios importantes para o estudo de outras ciências são deixados de lado na educação de jovens estudantes, comprometendo a função social que os conhecimentos paleontológicos trazem para a formação cidadã. Como explica Soares,

a ausência dos temas paleontológicos nas escolas não reduz apenas as possibilidades de interação desses conhecimentos com as demais ciências e a biologia, mas impossibilita, sobretudo, uma atuação mais direta no que concerne a função social que o ensino da Paleontologia pode oferecer. Deve se levar em consideração que o objeto de estudo da Paleontologia, os fósseis, são patrimônio da União e testemunhos da história da vida na Terra que precisam ser conservados. (Soares, 2015, p. 23)

As atividades selecionadas para o catálogo abrangem conteúdo do Ensino Fundamental Anos Finais, em consonância com a BNCC que traz os conteúdos em que se pode trabalhar a Paleontologia distribuídos na unidade temática Terra e Evolução, nos 6° e 7º anos, nos seguintes objetos do conhecimento:

(EF06CI12) Identificar diferentes tipos de rocha, relacionando a formação de fósseis a rochas sedimentares em diferentes períodos geológicos;

(EF07CI12) Demonstrar que o ar é uma mistura de gases, identificando sua composição, e discutir fenômenos naturais ou antrópicos que podem alterar essa composição;

Desse modo as atividades foram selecionadas também por, em alguma medida, se alinharem às competências gerais previstas por esse documento, a saber: valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos; exercitar a curiosidade intelectual incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade; valorizar as diversas manifestações artísticas; utilizar diferentes linguagens: verbal, visual, sonora e digital; compreender e utilizar as tecnologias digitais de informação para se comunicar, acessar e disseminar informações e resolver problemas; argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis; exercitar o diálogo, a cooperação; agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência, entre outras (Brasil, 2018, p. 9-10).

Levamos em consideração ainda as atividades que se alinhassem às competências específicas previstas para a área de Ciências da Natureza para o Ensino Fundamental, desse modo, a adaptação e elaboração das atividades que promovam ou desenvolvam as competências para: analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da Natureza, construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista, utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações (Brasil, 2018, p. 324). A Tabela 1 apresenta o levantamento inicial para elaboração do catálogo com alternativas metodológicas.

 

Tabela 1 – Atividades selecionadas a partir do levantamento realizado. Fonte: Elaborada pelos autores.

Atividade Tipo Referência
Montagem de dinossauro feito de papelão Vídeo no youtube https://www.youtube.com/watch?v=W3mVPAi0Zkc&t=22s
Crie fósseis na sua sala de aula! Vídeo no youtube https://www.youtube.com/watch?v=6KyXtuodX_0
Fóssil de uma mão Vídeo no youtube https://www.youtube.com/watch?v=HLKfFov40Xs
Oficina de Escavação de Fósseis Vídeo no youtube https://www.youtube.com/watch?v=eYA3RBeCGvE

 

Escavação de dinossauros

 

Vídeo no youtube https://www.youtube.com/watch?v=31mXpMLCFgw
Paleontologia na escola Artigo de revista https://fisica.ufmt.br/eenciojs/index.php/eenci/article/view/166/146
A paleontologia na educação infantil Artigo de revista https://www.scielo.br/j/ciedu/a/RQpZvQKLgH5KCWTLhVTB34n/?format=pdf&lang=pt
Material didático como recurso para o ensino e conceitos paleontológicos básicos em uma escola do distrito do ariri, Macapá/AP Capítulo de livro https://www2.unifap.br/editora/files/2014/12/Livro-ELA-finalizado.pdf
O tanque de fossilização Capítulo de livro https://www.paleontologianasaladeaula.com/
A história de um fóssil Capítulo de livro https://www.paleontologianasaladeaula.com/
Diferenças entre um fóssil e um organismo atual Capítulo de livro https://www.paleontologianasaladeaula.com/
Simulando o processo de fossilização Capítulo de livro https://www.paleontologianasaladeaula.com/
Atividades didático-pedagógicas Trabalho de Conclusão de Curso  http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/9359
Uso de origamis como um recurso didático e interdisciplinar Trabalho de Conclusão de Curso https://bdm.unb.br/bitstream/10483/33229/1/2021_BrendaDaSilvaRibeiro_tcc.pdf
Oficinas variadas Oficinas Acervo do Prof. Me. José Fernando Pina Assis
Jogo de memória paleopatológico Capítulo de livro https://www.paleontologianasaladeaula.com/
Caça-palavras paleopatológico Capítulo de livro https://www.paleontologianasaladeaula.com/
Cruzadinha paleopatológica Capítulo de livro https://www.paleontologianasaladeaula.com/

 

Considerando a importância de trabalhar essa temática a partir das habilidades e conteúdos citados, foram selecionadas atividades e materiais didáticos que apresentassem um modo diferente de pensar e produzir conhecimento, tornando as aulas mais dinâmicas, interessantes e ligadas ao cotidiano do estudante.

O catálogo *Roteiros de atividades práticas em Paleontologia* (Apêndice 1) apresenta os seguintes elementos: título; objetivos de ensino; conteúdos que podem ser trabalhados; material necessário; desenvolvimento da atividade (passo a passo para execução); observações importantes e referências (Figura 1).

 

Figura 1 – Roteiros de atividades Práticas em Paleontologia. Fonte: Imagens obtidas por captura de tela, pelos autores.

 

As atividades selecionadas para compor o catálogo foram reunidas em três grupos: a) atividades de pesquisa/confecção de materiais; b) jogo didático e c) tecnologias da informação e comunicação, apresentadas na seguinte sequência (Tabela 2).

 

Tabela 2 – Classificação das atividades apresentadas no catálogo. Fonte: Elaborada pelos autores

Título da Atividade Tipo
Atividade 1 – Lapbook: conhecendo os dinos brasileiros  

 

 

Pesquisa/confecção

de materiais

Atividade 2 – A era dos origamis: O passado em suas mãos
Atividade 3 – Crie seu dinossauro
Atividade 4 – O desfile da vida no tempo geológico
Atividade 5 – Construindo réplicas de fósseis
Atividade 6 – Cretáceo: o final glorioso da era Mesozoica
Atividade 7 – Foraminíferos da Formação Pirabas
Atividade 8 – O que é, o que é: é fóssil ou não é? Jogo Didático
Atividade 9 – Dinossauros, entre realidade e ficção Tecnologias da informação e comunicação
Atividade 10 – Tecnologias digitais para ensino de Paleontologia

 

Cada atividade apresenta o título, objetivos de ensino, conteúdo a ser trabalhado e material necessário para sua realização. Em alguns casos são apresentados informações adicionais, leituras complementares, links importantes e referências para aprofundamento (Figura 2).

Figura 2 – Organização das atividades no Catálogo Roteiros de Atividades Práticas em Paleontologia. Fonte: Imagens obtidas por captura de tela, pelos autores.

 

A maioria das atividades requer que os estudantes façam leituras adicionais, pesquisas, consultem livros e artigos, cuja intenção é despertar a curiosidade e a necessidade de ir além dos conteúdos trabalhados em sala de aula. Delval (2007) alerta que os estudantes “resistem a aprender coisas cuja utilidade não veem, porque não conseguem encontrar gosto pelo saber, pela aprendizagem, pelo estudo e pelo esforço”. Assim, é necessário investir em ações educativas, atividades pedagógicas que vão além da sala de aula, instigando, questionando e ressignificando aquele conhecimento dos estudantes. Nesse caminho, a escola pode ajudar nessa situação, uma vez que tem o papel de

[…] promover a educação científica e tecnológica, auxiliando o aluno na construção de conhecimentos, habilidades e valores necessários às tomadas de decisões sobre questões de ciência e tecnologia, além de atuar na solução de questões relacionadas à sociedade que o afetam. Isso exige ter acesso à informação e, também, saber processá-la e significá-la, ou seja, a formação possibilitando uma adequada apropriação da informação (Esperança et al., 2014, p. 1584).

É importante que o estudante, não apenas tenha acesso aos novos conhecimentos, fontes de pesquisa, mas, principalmente, que saiba manuseá-los. É necessário ter o professor como mediador nesse processo, trazendo questionamentos e problematizações para que os estudantes possam refletir, pesquisar e construir seu conhecimento, além promover a aproximação com artigos científicos, descobertas inovadoras e, por que não dizer, promover o acesso a um passado desconhecido. Para Severino (2010):

aprender é necessariamente uma forma de praticar o conhecimento, é apropriar-se de seus    processos específicos. O fundamental no conhecimento não é a sua condição de produto, mas o seu processo. Com efeito, o saber é resultante de uma construção histórica, realizada por um sujeito coletivo. Daí a importância da pesquisa, entendida como processo de construção dos objetos de conhecimento e relevância que a ciência assume em nossa sociedade (Severino, 2010, p. 266).

Escolhemos ainda trazer jogos didáticos, uma vez que essa atividade, quando direcionada de forma correta, pode aumentar o interesse, a comunicação e motivação podendo facilitar assim a assimilação de conceitos abstratos. Tarouco et al. (2004) defendem que “os jogos podem ser ferramentas instrucionais eficientes, pois eles divertem enquanto motivam, facilitam o aprendizado Para dar forma a esse processo, além da pesquisa bibliográfica, as atividades propõem ainda a construção de maquetes, painéis, réplicas, instrumentos importantes, que vão além do livro didático, para que o estudante busque dar significado para a teoria e que transforme esse conhecimento em algo concreto, colocando a mão na massa através de atividades práticas de manipulação. Segundo Menin, et al., (2022, p. 87) é importante “desenvolver propostas educativas que contemplem valores e conceitos ambientais, possibilitando aos estudantes que eles explorem e construam conhecimentos a partir do próprio interesse” pois elas contribuem para uma aprendizagem mais significativa, trazendo assim o conteúdo para a sua realidade.e aumentam a capacidade de retenção do que foi ensinado, exercitando as funções mentais e intelectuais do jogador”. Vygotsky (2003, p.  107)  fala que, “ao subordinar todo o comportamento a certas regras convencionais, ele é o primeiro a ensinar uma conduta racional e consciente. Para a criança, o jogo é a primeira escola de pensamento. Todo pensamento surge como resposta a um problema, como resultado de um novo ou difícil contato com os elementos do meio” assim os jogos estimulam os estudantes a pensarem e refletirem criando respostas para questionamentos e problemas que podem surgir no seu cotidiano.

O mundo tem evoluído constantemente, principalmente quando se fala no desenvolvimento de tecnologias, e não tem como a educação ficar de fora desse processo. O uso das tecnologias de informação e comunicação pode possibilitar aos estudantes um mundo novo, cheio de eventos e situações novas. Para Silva, et al., (2016) “a tecnologia une o educador e o educando num único espaço, mostrando a eles que a educação não é somente a transmissão de conhecimentos, mas um processo em que o ser humano deve passar, para aprender a se comunicar com o mundo em que está a sua volta”. Assim, o professor que associa a tecnologia ao seu fazer pedagógico, está empregando métodos ativos de aprendizagem e ao articular esse domínio com sua prática pedagógica e com as teorias educacionais ele pode refletir sobre a própria prática e a transformá-la, visando explorar as potencialidades pedagógicas e à consequente constituição de redes de conhecimentos (Almeida, 2015).

Para isso é necessário que haja um planejamento, organização das estratégias e seja utilizado de forma responsável, para que o professor consiga alcançar os objetivos traçados, lembrando que “o docente necessita ter consciência que é a educação que deve ditar as regras, sendo a tecnologia o meio e a ferramenta do fazer pedagógico. Ela não pode ser o centro da ação.” (Soffa; Torres, 2009, p. 4). De acordo com esses autores, as tecnologias da informação e da comunicação como recurso didático podem contribuir para auxiliar professores na mediação do conhecimento

e adquirir uma nova maneira de ensinar cada vez mais criativa, dinâmica, auxiliando novas descobertas, investigações e levado sempre em conta o diálogo. E, para o aluno, pode contribuir para motivar a sua aprendizagem e aprender, passando assim, a ser mais um instrumento de apoio no processo ensino-aprendizagem […] (Soffa; Torres, 2009, p. 4).

Assim, os recursos tecnológicos, quando utilizados de forma planejada, levando em consideração o que os estudantes demandam e seus interesses, estimulando a curiosidade, auxiliam o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o mais significativo e possibilitando acesso a novos ambientes e experiências.

As atividades elaboradas também estimulam o trabalho em grupo. Ressaltamos a importância de realizar esse tipo de atividade, pois segundo Souza (2012) são  muitos os benefícios  da  aprendizagem  colaborativa, cabendo destacar a possibilidade de: “(1)   compartilhar  ideias, debater,  aprender  e  verificar  seus  enganos,  conceitos  errados  ou  mal formulados,  a  partir  da  discussão  com  o  outro;  (2)  negociar quando existem pontos de vista conflitantes; (3) refletir sobre suas ações e as dos demais, como em um ciclo de ação-reflexão-ação” (Souza, 2012, p. 127).

Colaço (2004) salienta que ao trabalharem juntos, os estudantes orientam, apoiam, dão respostas e, inclusive, avaliam e corrigem a atividade do colega com o qual dividem a parceria do trabalho. Com isso, assumem posturas e gêneros discursivos semelhantes aos do professor. Nesse processo o compartilhamento e desenvolvimento de ideias em grupo estimula a ajuda mútua, além do aprendizado de lidar com suas emoções e sentimentos.

A falta de material didático e de estrutura apropriada para realização de aulas práticas e experimentais nas escolas, nos levou investir na elaboração de atividades que requerem materiais de baixo custo. Essa iniciativa é uma estratégia viável para auxiliar professores na organização e planejamento de aulas, de modo que possam chamar a atenção dos estudantes e, ao mesmo tempo, contribuir para o processo ensino-aprendizagem, de forma contextualizada e dando significado para a teoria. Desse modo, é possível, para além das aulas expositivas, proporcionar aos estudantes a oportunidade de construir seu conhecimento com a auxílio de atividades simples que não requerem materiais muito elaborados e nem um local específico para acontecerem. Por outro lado, proposição de um material com essa natureza não dispensa a necessidade de que as escolas recebam investimentos para garantir estrutura física e material de qualidade para que as aulas aconteçam. A elaboração de roteiros de baixo custo é uma medida alternativa que visa tornar mais acessível, práticas e experimentos que podem ser adaptados para cada realidade, possibilitando aulas dinâmicas, participativas e acessíveis e barata.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É possível criar e adaptar recursos didáticos com a utilização de materiais de baixo custo e de fácil acesso, sejam jogos, maquetes ou painéis. A elaboração do Catálogo Roteiros de atividades práticas em Paleontologia pretendeu aproximar o conhecimento da Paleontologia, dos estudantes e professores de Ciências do Ensino Fundamental. Esperamos que a utilização dessas atividades possa auxiliar o processo ensino-aprendizagem na escola, e que se façam cada vez mais presentes no ensino.

A confecção de réplicas, realização de jogos e o uso de tecnologias de informação e comunicação agrega aspectos cognitivos, lúdicos e proporciona oportunidades de aprender de maneira mais satisfatória e prazerosa. Consideramos que o catálogo apresenta alternativas viáveis para ministrar temas de Paleontologia na disciplina de Ciências no Ensino Fundamental.

Os roteiros de atividades práticas mostram grande potencial para estimular a curiosidade, cooperação, interação entre os estudantes, promovendo a aproximação do conhecimento científico e de resoluções de questões problematizadoras.

Os próximos passos consistem em apresentar esse material a professores da Educação Básica, na forma de oficinas, para que conheçam o material, manifestem suas opiniões, se apropriem deles e os utilizem em salas de aula.

 

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[4] Espírito Santo, L. R. Realidade e estratégias de abordagem metodológica para otimização do magistério de Ciências: o caso concreto de Paleontologia nas atividades letivas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental em escolas do município de Bragança, Pará. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Naturais) – Universidade Federal do Pará. 2022.

[5] A Google Play Store, ou simplesmente, Play Store, é uma loja de aplicativos do Google. Por meio dela, usuários Android, podem ter acesso e fazer downloads de diversos aplicativos, gratuitos ou pagos. Informações disponíveis em: https://www.techtudo.com.br/listas/2020/10/o-que-e-google-play-loja-de-apps-do-android-oferece-filmes-e-livros.ghtml Acesso em 11 de outubro de 2023.

[6] Essa plataforma pode ser acessada em: https://www.canva.com/pt_br/