01 – DIAMANTES EM DEPÓSITOS COLUVIONARES DO TAPAJÓS (ITAITUBA, PARÁ)

Ano 08 (2021) – Número 02 Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v82021i2a1MAGB

 

 

DIAMONDS IN COLLUVIOUS DEPOSITS AT TAPAJÓS (ITAITUBA, PARÁ)

 

Marcus Antônio Girão de Brito1

Marcondes Lima da Costa1*

Herbert Pöllmann2

Mário Luiz de Sá Carneiro Chaves3

Helmut Hohn (in memoriam)1

 

1Programa de Pós-graduação em Geologia e Geoquímica (PPGG) do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil;

2Martin-Luther Universität Halle-Wittenberg, Institut für Geologische Wissenschaften, Halle an der Saale, Alemanha;

3Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil;

*Autor para correspondência.

 

Obs.: O conteúdo deste artigo foi extraído e adaptado da dissertação de Mestrado de Marcus Antônio Girão de Brito, defendida em 2000 junto ao Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará, em Belém, Pará, por iniciativa de Marcondes Lima da Costa, o orientador da referida dissertação. Ela contou com a participação e idealização de Helmut e contribuição analítica de Herbert Pöllmann e Mário L.S.C. Chaves. As figuras e tabelas nesse manuscrito perderam qualidade em suas resoluções, pois foram obtidas do pdf escaneado em sistema ainda muito arcaico. Infelizmente Marcondes não teve acesso aos originais dessas ilustrações. Mas se preferiu manter assim mesmo, tendo em vista que se considerou de extrema importância geológica divulgar esses dados esquecidos em uma dissertação de mestrado. Também se procurou manter ao máximo a íntegra da redação original, quando possível (Texto de autoria de Marcondes Lima da Costa).

 

ABSTRACT

The diamonds from the Painin garimpo, on the Tapajós River, in Itaituba, state of Pará, were mined in alluvial gravel in geological terrains dominated by the Barreirinha, Itaituba and Monte Alegre Paleozoic formations. 30 diamonds extracted from the concentrates of this garimpo were analyzed by stereomicroscopy, optical microscopy, x-ray diffraction, scanning electron microscopy with EDS and luminescence. The average weight of these specimens is 0.42 ct and the predominant forms are dodecahedral and octahedral, in addition to others such as ballas and bort. Surface figures, microstructures, luminescence, and various inclusions are recognized. The inclusions can be classified as syngenetic (periclase, diopside, among others) and epigenetic (eg minerals of crandallite group). Green covers were also observed. This study, however, was not able to solve the problem of the genesis of the diamond in the studied region, as happens to date with most secondary diamond deposits in the Amazon region (Tapajós, Tocantins and Tepequém-Maú), except for those related to kimberlite pipes of Mato Grosso Rondônia.

Keywords: Painin; gravels; bort; jaças; ballas; crandallite or plumbogummite group; coesite; Amazon basin; mineral inclusions.

 

RESUMO

Os diamantes do garimpo Painin, no rio Tapajós, em Itaituba, Pará, foram garimpados em cascalho aluvionar em terrenos geológicos dominados pelas formações paleozoicas Barreirinha, Itaituba e Monte Alegre. 30 cristais de diamantes extraídos dos concentrados desses cascalhos foram analisados por estereomicroscopia, microscopia ótica, difração de raios x, microscopia eletrônica de varredura com EDS e luminescência. O peso médio desses cristais é de 0,42 ct e as formas predominates são dodecaédricas e octaédricas, além de outras como ballas e bort. Reconhece-se figuras de superfície, microestruturas, luminescência, além de várias inclusões. Essas podem ser singenéticas (periclásio, dipsídio, entre outros) e epigenéticas (por exemplo minerais do grupo da crandallita). Capas verdes também foram observadas. Esse estudo, no entanto, não foi capaz de solucionar a problemática da gênese do diamante da região estudada, como acontece até o presente com a maioria dos depósitos secundário da Amazônia (Tapajós, Tocantins e Tepequém-Maú), exceto aqueles relacionados aos pipes kimberlíticos de Mato Grosso Rondônia.

Palavras-chave: Painin; cascalhos; bort; jaças; ballas; grupo da crandallita ou plumbogummita; coesita; Bacia Amazônica; inclusões minerais.

 

INTRODUÇÃO

Conforme contido nos artigos de Brito et al (2021) e Costa et al (2021) neste número do BOMGEAM o garimpo de diamante Painin (Folha Capituã SB.21-X-A-II), está situado na margem direita do rio Tapajós, a 10,7 km em linha reta a sudeste da cidade de Itaituba. A principal frente de lavra garimpeira está sob as coordenadas 04°0 20′ 49,6″ S e 56° 02′ 27,1″ W (Figura 1). Os diamantes eram explorados de coluviões/aluviões quaternários, depositados na base das encostas dos afloramentos da Formação Monte Alegre e principalmente no fundo dos vales sobre os calcários da Formação Itaituba, e por vezes preenchendo “marmitas” desenvolvidas nos folhelhos da Formação Barreirinha. São sequências grano decrescentes ascendentes, cuja base representa o nível de cascalho diamantífero, constituído predominantemente por seixos ou fragmentos de quartzo, de rocha diversas (arenito, granitos, gnaisses e quartzitos), de crosta laterítica ferruginosa e de fosfatos de alumínio.

Figura 1 – Mapa de localização geográfica da área em estudo, ressaltando a reserva garimpeira de ouro. Observar no canto inferior esquerdo da figura de detalhe a localização do garimpo Painin. Brito (2000)

 

A geologia regional do Baixo Médio Rio Tapajós onde se situa o garimpo Painin está ilustrada na Figura 2. Ela compreende:

Do ponto de vista geotectônico a área de trabalho está inserida na Província Amazônica Central (2.5 Ga) de Teixeira et al., (1989), que corresponde ao bloco Araguacema estabelecido por Hasuy et al. (1984) e na borda sul da Bacia Sedimentar Amazônica (Figura 2). A nível regional essa superfície insere-se no Planalto Rebaixado do Amazonas, onde, no geral, observam-se áreas aplainadas e embutidas em relevo dissecado, destacando-se os patamares estruturados das formações paleozoicas da Bacia Sedimentar do Amazonas, com arcabouço típico de Cuestas pouco definidas (Santos et al. 1975).

Segundo Faraco et al. (1997), a geologia da região do rio Tapajós compreende quatro unidades geotectônicas: 1 – Crosta Antiga, com idade proterozoica-arqueana, representada pelo Complexo Xingu, de Silva et al. (1974), Suíte Metamórfica Cuiú-Cuiú, de Andrade et al. (1978) e pela Suíte Metamórfica Jacareacanga, definida por Bizinella et al. (1980); 2 – Cobertura de Plataforma, constituída por sequências sedimentares dobradas, que possivelmente representam sedimentos de cobertura tipo Greenstone Belt, relacionados ao Mesoproterozóico e Neoproterozóico, sendo representada pelos grupos Beneficente de Almeida & Nogueira Filho (1959), Gorotire (Moura 1932) e Cubencranquem de Barbosa et al. (1970) apud Santos & Loguercio (1984) e pelas formações Prosperança (Paiva 1929) e Prainha (Almeida & Nogueira Filho op. cit.), além das coberturas sedimentares, tem-se extensas áreas de coberturas vulcânicas, representadas pelo Grupo lriri (Andrade et al. 1978), que está associado a fases extrusivas do evento plútono-vulcânico Uatumã; 3 – Suítes Plutônicas ácidas e básicas, concentradas principalmente no Proterozóico, representadas pelo Granodiorito Parauari definido por Santos & Loguercio (1984), Gabro Ingarana e Suíte Intrusiva Maloquinha. O Granodiorito· Parauari ocorre sob a forma de grandes batólitos com idades em tomo de 1,9 a 2,0 Ga, intrusivos nas unidades de Crosta Antiga. O Gabro Ingarana (1,8 Ga) ocorre sob forma de stock intrusivo na Suíte Metamórfica Cuiú-Cuiú e no granodiorito Parauari, sendo cortado por diques de vulcânicas Iriri. A Suíte Intrusiva Maloquinha, de Andrade et al. (1978), representa a fase plutônica do evento Uatumã (1,7 Ga), constituída principalmente por feldspato alcalinogranitos a monzogranitos sob a forma de stocks e secundariamente batólitos, intrusivos nos metamorfitos Cuiú-Cuiú, granodioritos Parauari e vulcânicas Iriri. Ocorrem outras suítes básicas, consideradas indefinidas, que possuem composição e idades incertas, que foram cartografadas com base em interpretação de sensores indiretos (aerogeofísica e  imagens de satélite e  radar); 4 –  Bacia Sedimentar Amazônica, representada na região do Tapajós pelas seguintes unidades: Grupo Urupadi, que abrange as formações Maecuru (arenitos e pelitos deltaicos emsianos a eo­eifelianos) e Irerê (siltitos, folhelhos e arenitos nefrítiicos e deltaicos neo-eifelianos a eogivetianos); Grupo Curuá (Ludwig 1964) que reúne quatro  formações: Barreirinha constituída por folhelhos cinza escuros e pretos, depositados durante a transgressão global do final do Fransniano (Grahn 1992); Curiri que de acordo com Daemon & Contreiras (1971) corresponde a diamictitos, folhelhos e siltitos de ambiente glacial vigente no Fameniano; Oriximiná constituída de arenitos e pelitos de ambiente fluvial regressivo, datado como Neofamenianos por Carrozi et al. (1973); e Faro representada por arenitos flúvio-deltaicos com influência de tempestades, com idade tournaisianas a viseanas (Daemon & Contreiras 1971); Grupo Tapajós (Santos et al. 1975) composto pelas formações: Monte Alegre formada por arenitos, folhelhos e calcários situados no médio Carbonífero Superior (Miura et al. 1983; Costa 1984); ltaituba (calcários e anidritas, pertencentes a parte média do Carbonífero Superior); Nova Olinda (calcários de inframaré, estendendo-se desde a porção superior do Carbonífero Superior até o Permiano Médio) e Andirá (siltitos e arenitos vermelhos que se depositaram durante o Permiano Superior). As rochas pertencentes ao Cretáceo-Terciário estão representadas pela formação Alter do Chão, constituída de arenitos grossos e friáveis, de cores variadas, siltitos e argilitos, de ambientes fluviais (Daemon & Contreiras 1971).

Recobrindo de forma indiscriminada as rochas da Bacia Paleozoica do Amazonas ocorrem as coberturas lateríticas, constituindo-se em lateritos maturos e imaturos. Caracteristicamente, apresentam-se dispostas em horizontes sub-paralelos, com heterogeneidade quimico-mineralógica (Costa 1990b). Os lateritos geralmente encontram-se recobertos por espessos pacotes argilosos não estruturados, de coloração amarelada, equivalentes à Argila de Belterra (Truckenbrodt & Kotschoubey 1981), de idade Pliocênica ou Mio-Pliocênica.

As coberturas   quaternárias/holocênicas ocorrem   sob a   forma   de   aluviões, constituídos por cascalhos, areias, siltes e argilas, os quais se manifestam na forma de terraços, ilhas atuais e depósitos antigos nas calhas dos rios.

Do ponto de vista estrutural, a região apresenta feições lineares foto interpretadas, que obedecem às direções preferenciais NW-SE, NNE-SSW e E-W, sendo a primeira mais expressiva, provavelmente devido a influência do evento tectônico gerador das descontinuidades gravimétricas e magnéticas, que marcam a zona NW-SE de articula ao aos blocos Juruena e Araguacema, localizada na porção meridional da província (Faraco et al, 1997).

Com base no contexto geológico regional a área enfocada neste trabalho está inserida em uma região da borda sul da Bacia Paleozóica do Amazonas. Os sedimentos desta bacia nesta região foram depositados em parte sobre rochas da Crosta Antiga e da Cobertura de Plataforma.

Figura 2 – Mapa geológico da região do Médio rio Tapajós no estado do Pará. A seta indica a localização do garimpo de diamantes de Painin. Adaptado de Collyer et al. (1998).

 

A Geologia Local (Figura 3) está representada, da base para o topo, pelas seguintes unidades:

 

Forma ao Barreirinha – É constituída por uma camada continua de folhelhos cinza escuros, aflorantes apenas no fundo dos vales, nos pontos onde desenvolve-se quebra de gradiente das drenagens. Representa menos de 1% da área mapeada e limita a base dos níveis conglomeráticos da Formação Monte Alegre e dos coluviões/aluviões quaternários diamantíferos. Seus afloramentos servem de camada guia para a atividade garimpeira local. Sua espessura não· pode ser determinada, entretanto, os primeiros 50 cm do topo desenvolvem um nível argiloso de coloração cinza claro esbranquiçado, com algumas estruturas que ainda lembram a superfície “S0” da rocha mãe (Brito, 2000). A mineralogia desses folhelhos é representada basicamente por caulinita, quartzo e muscovita.

Forma ao Itaituba – Ocorre na região central do garimpo, observados apenas no leito do igarapé Açu (drenagem principal), compondo cerca de 5% da área estudada (Figura 3). Constitui-se de uma camada de calcário desmantelada in situ, creme amarelado, fossilífero (principalmente fósseis de bivalves) e com reprecipitação de geodos de calcita. Os blocos apresentam alcançam até 1 metro de comprimento, espessura média de 50 cm e estão assentados diretamente sobre os folhelhos da Formação Barreirinha. Outros afloramentos dessa formação podem ser observados próximos às margens do rio Tapajós, em regiões adjacentes ao garimpo.

Formação Monte Alegre – Recobre mais de 85% da área estudada e contém os níveis conglomeráticos, que possivelmente representam a fonte da mineralização diamantífera colúvio-aluvionar da areia do garimpo Painin (Figura 3). E representada na área do garimpo por dois fácies distintos, intercalados por níveis conglomeráticos (Figura 4): 1- fácies areno-silto-argiloso, arnarelo-alaranjado, com granulometria média a grossa, sendo os grãos mal selecionados e angulosos; apresenta-se com espessura superior a 30 metros e está depositado sobre as porções oeste e noroeste da região do garimpo, perfazendo 40% da área mapeada (Figura 3). 2- facies argilo-silto-arenoso, cinza esbranquiçado, com areia fina a média, com grãos bem selecionados, moderadamente arredondados, matriz argilosa e espessura superior a 15 m; recobrem 45% da área estudada, sendo localizados nas porções nordeste, leste e sudeste da área do garimpo (Figura 3).

Observa-se ainda nas proximidades da porção sudoeste, além dos lignites da área mapeada, a ocorrência de um fácies areno-argiloso vermelho, com grãos mal selecionados e angulosos. A espessura média é de 8 metros. Em alguns de seus afloramentos observa-se o desenvolvimento de um perfil laterítico imaturo, segundo a classificação de Costa (1990a).  

Coluviões/Aluviões diamantíferos quaternários – Estão depositados na base das encostas e principalmente no fundo dos vales sobre a camada desmantelada in situ da Formação Itaituba, e por vezes preenchendo “marmitas” desenvolvidas nos folhelhos da Formação Barreirinha. Recobrem aproximadamente 12% da área do garimpo. São sequencias grano decrescentes ascendentes, cuja base representam os níveis de cascalhos diamantíferos, constituídos predominantemente por seixos de quartzo, fragmentos de rocha e outros minerais que serão descritos a seguir. A parte superior dessas sequências apresentam cores e texturas diferenciadas quando se compara a suas ocorrências nas duas margens da drenagem principal da região do garimpo. Na margem esquerda observa-se que o topo da sequência é constituído por um solo areno-argiloso, amarelo-alaranjado, com 60 a 65% de areia média a grossa, mal selecionada, angulosa a subangulosa e 35 a 40% de silte + argila. A sequência da margem direita apresenta o topo constituído por um solo argilo-arenoso, cinza escura a marrom, com 50 a 60% de argila + silte e 30 a 40% de areia fina a média, com grãos bem selecionados, subarredondados a arredondados.

Essas diferenças de cores e texturas, no topo dos coluviões/aluviões, refletem as distintas fontes sedimentares que os alimentam, ou seja, os depósitos da margem esquerda são originados a partir da erosão do fáceis arenítico amarelado da Formação Monte Alegre e os depósitos da margem direita pela erosão do fácies arenítico cinza esbranquiçado da mesma formação.

Figura 3 – Mapa e secção geológica esquemática na área de domínio do garimpo Painin. Os calcários fosssilíferos pertencem à Formação Itaituba.

 

Figura 4 – Seção geológica esquemática do perfil na margem esquerda do igarapé no garimpo de diamantes Painin.

 

Quanto ao aspecto morfoestrutural o garimpo Painin está inserido na região de Itaituba, que se enquadra em um padrão de compartimentação de relevo que, com base nas suas formas erosivas e aspectos geomorfogenéticos, tem sido denominada como Superfície Montanhosa do Paleozoico (CPRM 1977). Segundo Pinheiro et al. (1998) a distribuição do relevo da região de Itaituba é bastante irregular. Entretanto predominam formas alongadas segundo a direção E-W dispostas em arranjos de faixas paralelas, nem sempre correspondendo às unidades litológicas da Bacia Sedimentar do Amazonas. O contexto morfoestrutural da área do garimpo Painin é caracterizado por formas do tipo platôs entalhados por ravinas, hem delineados por falhamentos N-S, originando vales em “V”. O falhamento principal responsável pelo surgimento do paleovale, no qual se desenvolveu o garimpo, não foi observado no campo pela falta de afloramentos com elementos de falha preservados e pela intensa coberturas coluvio-aluvionar quaternária. Entretanto, com base nas interpretações de imagens de imagens de satélites, pode-se observar claramente que o paleovale está encaixado em um falhamento regional de direção aproximadamente N-S (Figura 5).

Como a área estudada pertence a uma região de borda de bacia pode-se inferir, que a paisagem da região do garimpo Painin seja condicionada por falhas normais com direções NE­ SW, NW-SE e uma falha normal côncava, aproximadamente N-S, todas com caimento para leste. Dessa forma, os arenitos relacionados ao fáceis amarelado da Formação Monte Alegre, representam o bloco abatido (baixo) e os arenitos cinzas, da mesma formação, o bloco soerguido (alto). Porém, não se deve descartar a possibilidade desse arcabouço ter sido condicionado pelo desenvolvimento de falhas inversas ou mesmo de empurrão (Figura 5).

0 processo erosional é atenuado no fundo dos vales pela presença dos folhelhos cinzas da Formação Barreirinha, que são muito mais resistentes à erosão que as camadas arenosas da Formação Monte Alegre. O garimpo Painin estabeleceu-se no fundo de um desses vales, cujas encostas apresentam diferentes altitudes e formas de relevo (Figuras 3 e 4). Em uma seção aproximadamente Leste-Oeste, a encosta ou flanco da margem direita (oriental) apresenta-se escalonada, bastante íngreme, de topo plano, com altitude máxima de até 60 metros, enquanto a encosta ocidental é mais abaulada, semelhante a uma feição tipo meia laranja”, com altitude média de 40 metros (Figura 5).

Figura 5 – Imagem de satélite da região do Painin. Observar no centro da imagem o falhamento regional com direção aproximadamente N-S, que condicionou o paleovale, no qual se desenvolveu o garimpo.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os trabalhos de campo foram realizados no período 18/07 a 07/08/1998 na área do garimpo do Painin, consistindo de cartografia geológica, elaboração de perfis geológicos e coleta de amostras. As análises de laboratórios foram realizadas no Instituto de Geociências da    UFPA (DRX e microscopia ótica), na Geosol (Análises químicas totais), na Universidade Federal de Minas Gerais (MEV/EDS), na Universidade Federal da Bahia (Microssonda Eletrônica) e no Institut fur Geologische Wissenschaften em Halle (MEV/EDS), na Alemanha.

O estudo macroscópico consistiu na descrição e classificação das principais características físicas (peso, granulometria, hábito cristalino, cor e figura de dissolução) e mineralógicas (fluorescência, presença de capa, qualidade gemológica e tipo de inclusão) dos exemplares de diamante em posse dos garimpeiros e daqueles coletados/adquiridos. Utilizou-se para o estudo ótico uma lupa de bolso triplet, na qual cada lente possui aumento de 10 x. Os resultados obtidos foram transcritos em ficha-padrão desenvolvida com base na metodologia proposta por Chaves (1997) para os diamantes da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais.

As análises por difração empregaram goniômetro Philips PW 3020 com fenda de divergência automática e monocromador de grafite; tubo de raios X com anodo de cobre, operando a 45 kV e 40 mA com varredura continua de 0,04° 20/s e amostragem a cada 0,02° 20; controle automático Philips PW 3710 acoplado ao microcomputador. Os difratogramas foram interpretados com o auxílio do software APD (Automated Powder Difraction) e as fichas PDF do ICDD (International Centre for Diffraction data).

O MEV/EDS foi utilizado para análises químicas de inclusões nos diamantes pelo prof. Dr. Mario Chaves, com o auxílio de um microscópio eletrônico de varredura, tipo Philips XL-20 com imagem acoplada a um microcomputador, pertencente ao laboratório de Metalurgia do Instituto de Física da UFRGS.

Para a avaliação do comportamento luminescente dos diamantes da região do Painin foram selecionados 30 exemplares. A fluorescência foi observada em caixa escura, onde os diamantes foram excitados por luz ultravioletas com comprimento de onda curtas e longo, com o auxílio de um mineralight.

 

RESULTADOS

Caracterização do “peso” (em quilates)

O peso médio dos diamantes estudados do garimpo Painin, é de 0,42 ct. Aproximadamente 46% deles apresenta peso superior a 0,30 ct (Figura 6), sendo, porém, catalogados durante o trabalho de campo, diamantes com até 2 ct, correspondendo a uma população de cerca de 4%. Segundo garimpeiros locais os dois maiores diamantes encontrados nesse garimpo apresentaram peso de 7,85 ct e 7,50 ct, respectivamente.

Figura 6 – Distribuição do “peso” (quilates) dos diamantes do garimpo Painin. Dados obtidos com relação a 30 diamantes analisados.

 

Hábitos cristalinos observados

Durante a classificação de campo, realizada no garimpo Painin, foram catalogados 30 espécimes monocristalinos subdivididos em sete classes: dodecaédrica (44%), octaédrica (23%), octa-dodecaédrica (7%), ballas (7%), hexaédrica (3%), trioctaédrica (3%) e bort (3%); as formas não reconhecíveis foram classificadas como fragmento de clivagem (7%) e   irregular (3%). A geminação observada é constituída por cristais octaédricos, dando origem a forma conhecida popularmente como chapéu-de-frade (Figura 7 e Tabela 1).

Figura 7 – I – Principais hábitos cristalinos identificados entre os diamantes do Painin. II – Evolução morfológica do diamante a partir do octaedro primitivo, passando por fenômenos de dissolução a formas transicionais (111) + (110) e (111) + (hkl), proporcionando hábitos rombo dodecaédricos (110) e hexaoctaédricos (110) (adaptado de Chaves 1997).

 

Tabela 1 – Principais características dos diamantes do Painin.

 

Dodecaedro – Os cristais com esse hábito (13 diamantes) são predominantes com peso médio de 0,26 ct. Representam o provável habito reliquiar da forma   octaédrica primária A cor varia de incolor a amarelado, com raros cristais verdes e marrons claros. Entre esses foram observadas formas regulares, frequentemente com arestas arredondadas, e alongadas (Figuras 7-Ia, b, c e 8). Apenas um cristal apresenta “capa”, sendo esta do tipo verde transparente. As prováveis inclusões singenéticas, sob a forma de “bolhas”, foram registradas em um terço dos cristais com esse hábito cristalino; e as sob a forma de “jaça” e “carvão”, também foram observadas nas mesmas proporções. As características morfológicas desse grupo de monocristais lhes sugerem qualidade gema (gem    quality).

Octaedro – Os diamantes com hábito octaédrico (6 exemplares) são os segundos mais frequentes, com peso médio de 0,60 ct (Figura 9). São três cristais incolores, dois incolor amarelados e apenas um verde claro, em função da presença de uma “capa” verde transparente. As prováveis inclusões singenéticas sob a forma de “jaça”, “carvão” e “bolhas” estão presentes em todos os diamantes desse grupo, com exceção de um único cristal incolor que contém apenas “bolhas” incolores. Quanto à qualidade gemológica, os espécimes desse hábito, são principalmente tipo indústria (Tabela 1).

Transições octa-dodecaédricas – Segundo Leite (1969), as transições evolutivas entre as classes octaédrica (l11) e rombododecaédrica (110) devem ser diferenciadas das demais combinações, pois são originadas por processos diversos. Nesse mecanismo, o hábito octaédrico primário evolui gradativamente, por processos de dissolução, originando assim outras formas cristalinas compatíveis com a simetria do diamante.

A classificação sistemática de campo registrou dois espécimes com esse hábito cristalino, entre os diamantes estudados (Figura 9). Apresentam coloração característica esverdeada, sendo um verde transparente natural e o outro esverdeado pela presença de um capeamento verde transparente; com qualidade gema (gem quality) e peso de 0,50 ct cada. As prováveis inclusões singenéticas, sob a forma de “bolhas”, foram observadas apenas no cristal desprovido de “capa”. Já as inclusões do tipo “jaça” estão associadas ao diamante com “capa” verde transparente.

Figura 8 – Cristais de diamantes com hábito dodecaédrico. a – Cristal de hábito regular (peso=0,30ct); b – cristal de hábito regular com arestas arredondadas (peso=0,1ct); c – cristal alongado (peso=0,30ct).

 

Figura 9 – Cristal de diamante com hábito octaédrico (peso=0,65ct), observando-se ao contorno triangular das faces (à esquerda) e cristal de diamante com hábito octa-dodecaédrico (peso=0,50ct) (à direita).

 

Fragmento de clivagem

Este termo inclui uma categoria de diamantes com hábitos reconhecíveis ou não, mas que apresentam metade ou mais do monocristal original quebrado ao longo de um dos seus planos de clivagem. Foram catalogados dois diamantes pertencentes a essa categoria na área estudada. Um é incolor e o outro marrom escuro, com peso de 0,05 ct e 0,75 ct, respectivamente; apresentam superfícies corroídas; são desprovidos de “capa”; contém prováveis inclusões singenéticas na forma de “carvão” e “jaça”; e são classificados com indústria.

 

Ballas

Os dois cristais observados com esse hábito têm peso de 0,45 ct e 0,13 ct, respectivamente. O cristal mais desenvolvido apresenta cor cinza e qualidade gema (Figura 10). O outro é incolor e classificado como tipo indústria. Apresentam superfícies muito corroídas, caracterizando o seu hábito esférico; contém prováveis inclusos singenéticas sob a forma de “bolhas”; e não apresentam capeamento.

Figura 10 – Diamante policristalino tipo ballas, com aspecto esférico típico (peso=0,45ct).

 

Hexaoctaedro

Apenas um diamante foi observado com esse hábito, pesando 2 ct. Sua cor branca leitosa opaca não permitiu observações a respeito da existência de possíveis inclusões singenéticas ou mesmo da presença de capeamento, impossibilitando a sua qualificação gemológica no campo.

Geminados

Diamantes geminados também são raros no garimpo Painin. Quando ocorrem apresentam-se segundo a lei do espinélio com plano de geminação {111}. Normalmente os diamantes com esse hábito apresentam superfícies planares e contornos triangulares, passando a ser chamado popularmente de chapéu-de-frade. O único cristal com esse hábito, registrado durante o trabalho de campo, apresentou as seguintes características: incolor com pequenas inclusos singenéticas sob a forma de “bolhas”; não apresenta “capa”; e tem qualidade gema.

 

Trioctaedro

Cristais com esse hábito soa incomuns entre os diamantes em geral. Na região do Painin, os diamantes com esse hábito também são raros; apenas um espécime foi catalogado durante o trabalho de campo. Apresenta cor verde escura, pequenas inclusões singenéticas na forma de “jaça” e “carvão”; é qualidade gema.

 

Bort

Encontrou-se apenas um exemplar no Painin como agregado microcristalino (Figura 11). Apresenta coloração   preta   a   marrom   escura, que   dificulta   a   visualização   das   possíveis    inclusões singenéticas; e qualidade “fundo” (inferior ao tipo indústria).

Figura 1 1 – Diamante policristalino irregular tipo bort (peso=0,1ct).

 

Irregular

Chaves (1997) descreve os indivíduos com esse hábito como cristais pequenos muito achatados ou desproporcionalmente desenvolvidos; com faces planas pouco proeminentes; normalmente com planos recurvados, nos quais não se pode notar arestas, dificultando sua orientação. Svisero (1971) relaciona essas formas irregulares ao crescimento desproporcional e a dissolução mais acentuada em determinados setores do diamante. Em Painin foi encontrado apenas um exemplar de diamante irregular. Ele apresenta inclusões singenéticas na forma de “jaça” e “carvão”; foi classificado como industrial (Figura 12).

Figura 12 – Cristal de diamante irregular com “capa” verde (peso=0,38ct) em Painin.

 

Figuras de superfícies

A velocidade de dissolução na superfície do diamante não é homogênea e ocorre na seguinte ordem sistemática entre os planos: (110) > (100) > (111), ou seja, desenvolve-se com uma diferença relativa na velocidade de dissolução entre esses planos, facilitando a corrosão segundo (110), correspondente às faces do rombododecaedro (Patel & Agarwal 1965 apud Chaves 1997). Segundo Chaves (1997) a evolução desse fenômeno explica a formação de cristais trioctaédricos, hexaoctaédricos e rombododecaédricos, a partir de cristais octaédricos primitivos conforme ilustrado na Figura 7- II.

Mais de 95% dos cristais de diamantes estudados em Painin apresentam figura de dissolução bem desenvolvida proporcionando alto grau de corrosão das faces e arestas.

 

Microestruturas em {111}

Os trigons são as principais figuras observadas nas faces de forma {111}. São constituídas por depressões triangulares equiláteras em profundidades variáveis, de fundos planos ou escalonados (pirâmides negativas); orientadas sempre em oposição ao contorno triangular das faces do octaedro; e com dimensões de 10 Å até as visíveis a olho nu (Tolansky 1960 apud Chaves 1997). Williams (1932) e Tolansky (1960) apud Chaves (1997) consideram o crescimento. natural como responsável pelo surgimento dos trigons orientados em oposição ao contorno triangular das faces do octaedro. Leite (1969) e Svisero (1969)  apud Chaves (1997) admitem que estas mesmas estruturas são originadas por fenômenos de dissolução.

Entre os cristais observados em Painin, os trigons visíveis a olho nu são pouco frequentes. Quando ocorrem estão sempre associadas aos cristais com hábito octaédrico de faces “rugosas” (figura 9), contrastante com o aspecto liso das faces da maioria dos cristais com hábito dodecaédrico (Figura 10 a).

Microestruturas em {100}

São peculiares as faces do cubo, observadas em apenas um cristal que por se apresentar bastante dissolvido foi classificado em campo como trioctaedro (Figura 13 a). Entre as figuras observadas nestas faces destacam-se as fraturas e “crostas irregulares” (Figuras 13b e c). As “crostas irregulares” não tem origem bem esclarecida, mas são atribuídas aqui aos processos complexos de corrosão das faces do cubo.

Microestruturas em {110}

Fersman & Goldschimidt (1911) realizaram os primeiros estudos envolvendo as faces {110} em diamantes, relacionando suas origens a fenômenos naturais de dissolução. Williams (1932) apud Chaves (1997), ao estudar os diamantes sul-africanos, observou a presença de estrias paralelas a essas faces. Moore & Lang (1974) ressaltaram a importância das feições de arredondamento típicas dessas superfícies.

Figura 13 – a – Cristal de diamante com hábito cúbico bastante dissolvido (peso=0,12 ct). b – Detalhe da figura a, observando-se estruturas de clivagem. c – Outro detalhe da figura a, ilustrando as “crostas irregulares” atribuídas aos processos de corrosão da face do cubo.

 

A análise das superfícies (110) dos diamantes do Painin identificou várias figuras tais como estruturas em degraus, barras ou colunas, colinas, fraturas, feições quadráticas e marcas de impacto. As estruturas em degraus escalonados são caracterizadas por  um  padrão  com  formas geométricas constantes, observadas em escala de pequenos aumentos até ampliações de centenas  de vezes (Figura 14 a, b e c). Os degraus correspondem a planos (111) formados durante o crescimento do cristal (Chaves 1997). Segundo Svisero & Pimentel (1970) a dissolução atua nos     setores de separarão dos sucessivos planos e produz um abaulamento nas bordas dos degraus. As regiões que apresentam reticulo cristalino menos defeituosos oferecem maior resistência a dissolução, destacando-se na superfície, e constituindo evidências diretas de que essas feições sejam derivadas da dissolução natural do cristal (Chaves 1997).

As feições de barras ou colunas são microestruturas em alto relevo dispostas de forma paralela, rodeadas por estrias de dimensões menores, também paralelas. Essas estruturas são frequentes nos cristais dodecaédricos de faces arredondadas, observadas desde de pequenos aumentos até ampliações de centenas de vezes (Figuras 15a e b). É provável que a origem dessas estruturas esteja relacionada à dissolução natural.

Colinas são figuras, também em alto relevo, de formas alongadas, assimétricas, dispostas em arranjos paralelos entre si, com dimensões variadas e comprimento concordante com os diferentes planos cristalinos. São observadas desde pequenos aumentos até ampliações de centenas de vezes (Figuras 16 a e b). Sua origem é atribuída a provável corrosão natural segundo os diferentes planos de clivagens.

As feições quadráticas são estruturas em alto relevo de contorno regular em dimensões variadas; visíveis somente em aumentos de centenas de vezes (Figuras 17 a e b). Sua origem está possivelmente relacionada aos complexos processos de dissolução das regiões com reticulo cristalino defeituosos, proporcionando o destaque, na superfície das demais regiões com maior resistência a dissolução natural.

Figura 14 – a – Cristal de diamante com hábito dodecaédrico dissolvido (peso=0,08 ct). b – Detalhe da figura a, ilustrando estruturas em “degraus” provavelmente formadas pela dissolução natural nas faces {110}. c – Outro detalhe da mesma figura, observando-se o padrão geométrico constante das figuras em “degraus” escalonadas

 

Figura 15 – a – Cristal de diamante dodecaédrico de faces arredondadas (peso=0,20 ct), observando-se nas faces {110} as figuras conhecidas como barras ou colunas. b – Detalhe das microestruturas em barras ou colunas, mostrando seus tamanhos variados.

 

Figura 16 – a – Cristal de diamante com hábito dodecaédrico, apresentando nas faces {110} microestruturas conhecidas como “colinas”. b – Detalhe da figura anterior, ilustrando a morfologia atribuídas à corrosão natural das feições em “colinas”.

 

Figura 17 – a – Cristal de diamante de hábito dodecaédrico bastante dissolvido, semelhante a um cristal tipo ballas (peso=0,20 ct). b – Detalhe da figura anterior, ilustrando as feições quadráticas, ressaltadas pelas regiões com retículo cristalino menos defeituoso.

 

São conhecidas como “marcas de impacto” (impact marks) as figuras que normalmente apresentam forma de meia-lua, conhecidas comercialmente como “unhadas” (Figura 18). Censier & Tourenq (1985) apud Chaves (1997) interpretaram a origem destas microestruturas nos diamantes como sendo produzida pela abrasão durante o transporte fluvial. Chaves (1997) analisou microscopicamente dezenas dessas figuras, afim de contribuir para o esclarecimento dessa questão. E observou que as estruturas em meia-lua estavam presentes exclusivamente nas faces dodecaédricas, e não indistintamente em todos os tipos de faces cristalinas como era de se esperar, contrariando o possível surgimento dessas estruturas durante o transporte fluvial. Segundo Chaves (1997) essa evidência parece não deixar dúvidas que as marcas de impacto são produzidas pela dissolução natural, corroborando com Svisero (1971) ao considerar a clivagem a única alteração sofrida pelo diamante durante o transporte fluvial.

Figura 18 – Cristal de diamante com hábito dodecaédrico mostrando prováveis “marca de impacto”.

 

Luminescência

Frequentemente o diamante apresenta fluorescência em tons diversos. A avaliação desta propriedade é feita em função das tonalidades e dos seus respectivos graus de intensidade. As fluorescências mais observadas são as de cores azul, verde, amarelo e rosa. Entre essas a azul é a mais comum, podendo variar entre as tonalidades azul claro até azul anil. Alguns espécimes são fosforescentes. Dependendo do comprimento da onda ultravioleta um mesmo diamante pode apresentar diferentes intensidades de fluorescência. Logo, um diamante que apresenta fluorescência média ou fraca sob a incidência de raios ultravioletas com comprimento de ondas curtas, deverá apresentar fluorescência com o mesmo padrão de cor, porém com intensidade muito mais forte ao ser submetido a exposi9ao de fonte ultravioleta de ondas longas.

Entre os trinta diamantes estudados em Painin 83% apresentaram fluorescência (Tabela 2). Entre os indivíduos que apresentaram essa propriedade, predominam os com intensidade média. As fluorescências azul e azul “leitoso” são as mais frequentes, observadas em 40% dos espécimes avaliados; seguindo-se as tonalidades verde e verde amarelada (30%); azul esverdeado e verde azulado (13%). Todos os diamantes coloridos apresentaram fluorescência entre as tonalidades azuladas e esverdeadas, normalmente com intensidade média a fraca.

 

Tabela 2 – Frequência (em %) das cores e intensidade de fluorescência em 30 diamantes do garimpo Painin.

 

Inclusões

As inclusões minerais presentes nos diamantes do Painin foram classificadas em: “carvão”, “jaça” e “bolha”. Por se tratarem de termos puramente comerciais, seus significados devem ser brevemente esclarecidos para melhor compreensão. As inclusões tipo “carvão” são manchas escuras, com duas origens do ponto de vista mineralógico: a – defeito puramente estrutural do cristal como uma clivagem; b – presença de uma inclusão mineral escura.

A manchas escuras nas regiões com defeitos estruturais são geradas pela reflexão total da luz incidente no cristal. Ao passar do diamante que tem índice de refração de 2,42 para uma região com defeito onde existe um vácuo com índice de refração 1, a luz sofre reflexão total originando manchas escuras de formas variáveis em dependência da extensão da clivagem (Chaves 1997). Sua melhor visualização depende principalmente do ângulo de observação do cristal. As “jaças” também são originadas por clivagens, mas não apresentam coloração escura. As “bolhas” representam inclusões minerais transparentes, e sua coloração depende da espécie mineral presente: olivina, enstatita e coesita são incolores; as granadas podem ser vermelhas (piropo) ou alaranjadas (piropo-almandina); diopsídio e onfacita são verdes; espinélio e rutilo podem ser castanho avermelhados (Chaves 1997).

Guimaraes (1934) identificou a presença de inclusões de quartzo nos diamantes de Diamantina. Meyer & Svisero (1975) classificaram inclusões deste tipo como inclusões epigenéticas, preenchendo microfraturas no cristal de diamante. As principais inclusões registradas nos diamantes do Rio Jequitinhonha são representadas por cromo-espinélio, enstatita  e forsterita (Svisero 1978).

As “jaças” e/ou “carvões” estão presentes em pouco mais da metade dos diamantes avaliados (56,7%), seguindo-se as “bolhas” em 20% desses. Apenas cinco entre os cristais estudados não apresentam inclusões minerais; somente dois espécimes com cores opacas não possibilitaram a visualização de possíveis inclusões singenéticas. Apesar da ocorrência das “jaças”, “carvões” e “bolhas”, menos de 35% dos diamantes estudados do Painin não apresenta qualidade gema, em função da quantidade, posicionamento e tamanho dessas inclusões minerais.

O estudo por MEV-EDS de alguns diamantes da região do Painin revelou a presença de inclusões minerais singenéticas e epigenéticas. A determinação da composição química das principais inclusões singenéticas demonstrou tratarem-se de periclásio, diopsídio, topázio ou silimanita, mica (muscovita), coesita e olivina (Figuras 19, 20 e 21). Já as epigenéticas são de preenchimento de microfraturas localizadas principalmente nas bordas dos cristais, representadas por quartzo e outros minerais da crosta como calcita e crandallita (Figura 22).

Figura 19 – Algumas inclusões singenéticas observadas em diamantes do Painin. a – Aspecto geral de uma face polida, mostrando uma inclusão de periclásio; b – Detalhe da inclusão anterior. c – Inclusão de diopsídio. d – EDS dessa inclusão.

 

Figura 20 – Algumas inclusões singenéticas observadas em diamantes do Painin. a – Detalhe de uma inclusão de topázio ou cianita; b – EDS da inclusão de topázio ou cianita; c – Aspecto geral de uma inclusão de muscovita e olivina; d – EDS da inclusão de muscovita; e – EDS da inclusão de olivina.

 

Figura 21 – Algumas inclusões de coesita observadas em diamantes do Painin. a – Aspecto geral da inclusão; b – Detalhe da inclusão anterior; c – EDS da inclusão de a; d – EDS da inclusão de b; e – Inclusão em superfície (111); f – EDS da inclusão anterior.

 

Figura 22 – Algumas inclusões epigenéticas observadas em diamantes do Painin. a – Detalhe de uma inclusão de fosfato, possivelmente crandallita; b – EDS da inclusão de fosfato; c – Aspecto geral de inclusões de preenchimento de calcita e quartzo na borda do cristal; d – EDS da inclusão de calcita; e – EDS da inclusão de quartzo.

 

Capa verde e marrom

Diamantes verdes são frequentes tanto a nível mundial como nos depósitos aluvionares do Brasil.  A cor verde pode ser uma propriedade mineralógica verdadeira dessa gema (raríssimo na natureza), ou simplesmente ocasionada pela existência de capeamento verde (green

coated diamond), que pode ocorrer nas seguintes formas (Vance et al. 1973 e Orlov 1973 apud Chaves 1997): a – capa verde opaca, grossa e com espessura variada; b – capa verde densa, translúcida, normalmente com 20 µm de espessura; c – pontos ou manchas verdes transparentes, também com cerca de 20 µ.

Além da capa verde o diamante também pode apresentar outro capeamento de cor marrom claro ou amarelo “palha”, que é muito mais raro na natureza. É importante ressaltar que ambos os tipos de capa presentes no diamante, normalmente não prejudicam o seu valor comercial podendo ser facilmente eliminada no polimento durante a lapidação.

Segundo Chaves (1997) os diamantes de capa verde translúcida e transparente representam cerca de 50% da produção comercializada da região de Diamantina, e são os diamantes mais frequentes dos dep6sitos brasileiros.

A maioria dos autores relaciona a presença da “capa” verde em diamantes provenientes de kimberlitos da África a fenômenos de irradiação natural dos cristais por partículas emitidas por    minerais (ou soluções) com urânio (Vance et al. 1973 apud Chaves 1997). Essa hipótese foi contestada por Orlov (1973) apud Chaves (1997) que prefere atribuir essa coloração verde a alguns elementos cromóforos como Ni, Cu, Mn, Cr e terras raras, presentes na parte mais externa dos cristais.

Haralyi & Rodrigues (1992) relacionam o alto percentual de diamantes com “capa” verde da regiao da mina de Campo Sampaio, em Diamantina, a presença de monazita no conglomerado da Formação Sopa Brumadinho, concordando com Raal (1969) apud Chaves (1997) ao descrever diamantes com as mesmas características no conglomerado auro-uranifero de Witwatersrand, na África do Sul.

Diamantes com “capa” verde são característicos de áreas onde se tem registros de fontes secundárias metamorfizadas (Urais, Costa do marfim, Witwatersrand, Espinhaço, entre outras), portadoras de minerais radioativos oriundos de outras rochas não kimberlíticas (Chaves 1997).

No garimpo Painin a frequência dos diamantes com capeamento é relativamente baixa quando comparada a outros depósitos do Brasil, como por exemplo Diamantina. Entre os diamantes aqui estudados apenas 20% apresentam essa característica, sendo os de capa verde transparente os mais frequentes. Foi observado apenas um diamante com “capa” verde densa e outro marrom. Os cristais com “capa” verde transparente, quando observados com lupa de 10 X, mostram pontos com núcleos verdes intensos rodeados por nuvens de pontos menores (Figuras 12 e 23). O único diamante “capa” verde densa estudado apresenta sua superfície parcialmente coberta por manchas verdes, facilmente visíveis a olho nu.

 

Figura 23 – Cristal de diamante com “capa” verde, com pontos verdes na superfície.

 

DISCUSSÕES E CONCLUSÕES

A exploração diamantífera na região do garimpo Painin, ocorre ao longo do igarapé Açu (drenagem principal) e subordinadamente em seus afluentes (Figura 3). O diamante é extraído dos níveis de cascalho basal dos depósitos colúvio-aluvionares quaternários, assentados sobre os blocos desmantelados in situ da Formação Itaituba, e em muitos casos, preenchendo “marmitas” nos folhelhos da Formação Barreirinha.

As rochas dominantes na área são representadas pelas diferentes fácies sedimentares da Formação Monte Alegre, intercalados por níveis conglomeráticos. Esses níveis conglomeráticos são constituídos predominantemente por seixos e grânulos de quartzo, arenitos, quartzitos, granitos e gnaisses. Apresentam arcabouço fechado, com uma matriz areno-argilosa formada essencialmente por grãos de quartzo e caulinita, e uma associação de minerais pesados inferior a 1% representada por: estaurolita, turmalina, zircão, rutilo, anatásio e cianita. É provável que esses níveis conglomeráticos tenham derivado do retrabalhamento dos depósitos glaciais da Formação Curiri (principalmente os diamictitos) descrita por Daemon & Contreiras (1971), que regularmente se apresentam truncada pelas camadas basais da Formação Monte Alegre, na região de Itaituba (Caputo 1984).

Os níveis colúvio-aluvionares quaternários diamantíferos são constituídos por seixos de quartzo, fragmentos de rocha (arenito, calcário, quatzito, granito, conglomerado e gnaisse), seixos de minerais do grupo da crandallita e fragmento de crosta lateritica ferruginosa. Estes constituintes estão dispostos em um arcabouço fechado, sustentados por uma matriz areno­argilosa formada principalmente por grãos de quartzo, caulinita, do grupo da crandallita e uma assembleia de minerais acessórios pesados, destacando-se a estaurolita, turmalina, coríndon, rutilo, diásporo, ouro, topázio, zircão, anatásio e cianita. Esses pesados representam cerca de 1 a 2 % do cascalho concentrado.1% representada por: estaurolita, turmalina, zircão, rutilo, anatásio e cianita. É provável que esses níveis conglomeráticos tenham derivado do retrabalhamento dos depósitos glaciais da Formação Curiri (principalmente os diamictitos) descrita por Daemon & Contreiras (1971), que regularmente se apresentam truncada pelas camadas basais da Formação Monte Alegre, na região de Itaituba (Caputo 1984).

São frequentes contatos litológicos entre os níveis de cascalhos colúvio-aluvionares diamantíferos quaternários e os níveis de conglomerado carboníferos da Formação Monte Alegre. Entretanto, a principal distinção entre eles é feita pela ausência de calcário da Formação Itaituba e minerais do grupo crandallita (Costa et al., 2021), nos níveis conglomeráticos da Formação Monte Alegre.  O contato litológico entre os níveis de cascalhos quaternários e os níveis conglomeráticos do Carbonífero é favorecido pela existência de falhamentos normais com direções NW-SE, N-S e uma falha  normal côncava,  de direção  aproximada  N-S,  ambas com caimento  para  leste. Entretanto, não se deve excluir a possibilidade da existência de prováveis falhas inversas ou de empurrão (Figura 3).

Os níveis de cascalhos colúvio-aluvionares diamantíferos apresentam uma associação mineralógica complexa se comparados aos níveis conglomeráticos da Formação Monte Alegre na região do Painin. Entretanto, esses diferentes níveis de cascalhos apresentam alguns minerais pesados comuns as duas unidades (estaurolita, turmalina, zircão, rutilo, anatásio e cianita), com as mesmas propriedades físicas tais como: cor, habito, textura, granulometrias, dentre outras. Apesar da semelhança entre esses pesados, os niveis conglomeráticos da Formação Monte Alegre diferem dos níveis de cascalhos colúvio-aluvionares diamantíferos pela ausência dos fragmentos de crosta lateritica ferruginosa, minerais do grupo da crandallita, calcário, topázio, ouro e diamante, que só foram registrados nos níveis quaternários do Painin. Essa comparação foi feita tendo-se em vista o potencial da Formação Monte Alegre, como área fonte dos coluviões e aluviões diamantíferos da região do Painin.

A prospecção de minerais pesados envolvendo os conglomerados da Formação Monte Alegre e os depósitos colúvio-aluvionares quaternários não identificou minerais que permitissem associar a mineralização diamantífera do Painin a rochas de filiação kimberlítica (Brito, 2000).

Os minerais pesados com maior afinidade ao diamante, comumente descritos na literatura como acompanhantes/indicadores, e frequentemente usados pelos garimpeiros locais como “guias prospectivos” são os que seguem em ordem decrescente de importância: grupo da crandallita, estaurolita, coríndon, rutilo, diásporo e topázio, que tem a seguinte denominação local: “feijão”, “chicória”, “anil”, “pretinha”, “vermelhinha” e topázio, respectivamente.

A presença de minerais do grupo da crandallita (supergrupo alunita segundo Costa et al., 2021), coríndon e diásporo, em especial o primeiro, que ocorre como o principal mineral indicador do diamante associado aos níveis colúvio-aluvionares da região do Painin, deve ser investigada como maiores detalhes, visto que esses minerais também ocorrem em outros depósitos diamantíferos de natureza semelhante aos da região do Painin. CPRM (1997) identificou uma complexa associação mineralógica nos cascalhos mineralizados a diamante e ouro das regiões de garimpos do rio Maú, em Roraima e observou que os cascalhos com maior potencial diamantífero daquela região apresentavam as maiores concentrações de coríndon, diásporo e seixos de minerais do grupo da crandallita (gorceixita­goyazita-plumbogumita-florencita), em especial os com maiores concentrações de florencita. Costa (1999) observou entre os constituintes mineralógicos de alguns depósitos aluvionares ricos em diamante e ouro da região da Serra do Tepequém, a presença de seixos avermelhados, com dureza alta, aspecto vítreo e composição mineralógica representada por diásporo e pirofilita, conhecido como “lacre”. Hohn (2000) identificou seixos de minerais do grupo da crandallita, coríndon (rubi) e diásporo (ou safira?) acompanhando os diamantes de alguns depósitos aluvionares no rio Tocantins, município de São Joao do Araguaia, também no estado do Pará. Chaves (1997) também observou a presença de diásporo e do grupo da crandallita (florencita-goyazita-gorxeicita e goyazita-gorxeicita) como importantes acompanhantes de vários depósitos aluvionares recentes da Serra do Espinhaço em Minas gerais. Guimaraes (1934), ao estudar os diamantes dos mesmos depósitos investigados por Chaves (1997), relacionou minerais como o óxido de titânio e “favas” fosfatadas a uma fase magmática ácida, a qual seria possivelmente responsável pela origem primária do diamante dessa região. Entretanto, até o presente, aqui também não se tem evidências suficientes que possam relacionar os principais minerais indicadores/acompanhantes do diamante da região do garimpo Painin com sua origem primária ou secundária.

O estudo mineralógico e geoquímico do solo da região do Painin descartou a possibilidade de existência de assinaturas geoquímicas que possam relacionar os terrenos adjacentes a gênese (procedência) do diamante com rochas portadoras de mineralização diamantífera primária (Brito, 2000).

Depósitos diamantíferos de origem primária tem como principais características o predomínio de cristais quebrados e do tipo bort, além de maiores proporções de cristais com hábito octaedro em relação aos dodecaédrico” (Hall & Smith14 1984 apud Chaves 1997). Em Painin os cristais quebrados e do tipo bort são muito raros, e os cristais dodecaédricos são mais frequentes que os octaédricos. Chaves (1997) considera a baixa frequência de cristais quebrados e do tipo bort, assim como o predomínio das formas dodecaédricas, nos depósitos conglomeráticos da Serra do Espinhaço, como uma característica típica de dep6sitos sedimentares distantes. A maior concentração de diamantes dodecaédricos em depósitos dessa natureza é favorecida pelas próprias condições hidrodinâmicas que eles apresentam, ou seja, maior numero de faces, as quais são arredondadas pela dissolução natural atuante no meio magmático durante o seu emplacement (Chaves 1997).

Os depósitos diamantíferos primários apresentam um baixo percentual de cristais com qualidade gemológica, além de altas taxas de cristais com inclusões singenéticas, cristais geminados e de hábito cúbico (Chaves 1997). Entre os diamantes aqui estudados observou-se o predomínio de cristais com inclusões do tipo “jaças”, “carvões” e “bolhas. Entretanto, a quantidade, posicionamento e tamanho dessas inclusões minerais não comprometem a qualidade gemológica da maioria desses cristais.

A ocorrência de diamantes com “capa” verde (ou com restos de capa), assim como a presença de inclusões de quartzo e outros minerais típicos da Crosta como a crandallita e calcita, entre os cristais analisados, podem ser indicativos da existência fontes secundárias já metamorfizadas, conforme propôs Chaves (1997) para a região do Espinhaço.

A presença da “capa” verde em cerca de 20% nos diamantes aqui estudados deve ser devidamente investigada, pois é possível que esse capeamento tenha sido originado pela emissão de partículas α, a partir de alguns elementos radioativos presentes no grupo da crandallita constituinte dos seixos Brito et al, 2021, neste número do BOMGEAM; Brito, 2000).

Apesar do exposto, a problemática da gênese do diamante da região estudada, como na Amazônia de um modo geral, continua envolta por uma série de dúvidas, as quais deverão permanecer como alvos de discussões futuras. A prospecção na tentativa de localização de kimberlitos tem se intensificado nos últimos anos no Brasil como um todo, e em particular na Amazônia. Embora estes trabalhos de prospecção tenham começado a apresentar resultados positivos, ainda não foi comprovado o potencial diamantífero desses pipes kimberliticos (vários pipes kimberlíticos da Amazônia estão de fato mineralizados e produzindo diamantes por atividade garimpeira, parte deles situados em terras indígenas, segundo a mídia. Nota de Marcondes Lima da Costa em 12/2021) ou mesmo a sua ligação com depósitos coluvionares/aluvionares das regiões estudadas.

 

Agradecimentos

Ao CNPQ através do projeto “Mineralogia e Geoquímica de Sistemas Supergênicos da Amazônia” e Taxa de Bancada concedida ao segundo autor, pelo suporte financeiro; ao prof. Dr. Mario Sá Carneiro pelas discussões técnicas relevantes e análises químicas por microssonda eletrônica; aos laboratórios químicos e mineralógicos (prof. Thomas Scheller e geóloga Walmeire Alves de Melo Costa) do Instituto de Geociências pelo apoio analítico; a Dra. Regina Beck pelo apoio analíticos dos ETR através do IPEN; aos colegas de Grupo de Mineralogia e Geoquímica Aplicada (GMGA): Rômulo Angélica, Rosiney Araújo e Daniel Souza.

 

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 10.31419/ISSN.2594-942X.v82021i2a1MAGB