01 – Potencial de produção de minerais de gema no norte do Estado de Mato Grosso.

Ano 04 (2017) - Número 04 Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i4a1NJF

 

 

Natã José de França, Universidade Federal de Mato Grosso; Jayme Alfredo Dexheimer Leite; Antônio João Paes de Barros, Companhia Matogrossense de Mineração; Wanderlei Magalhães de Resende, Companhia Matogrossense de Mineração.

 

INTRODUÇÃO

As ocorrências, em Mato Grosso, de minerais com potencial gemológico, tem sido cada vez mais abundante, como mostrou o Catálogo de Gemas de Mato Grosso lançado ainda no ano de 2006, através da parceria da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (SICME) com a Companhia Matogrossense de Mineração (METAMAT) (Albuquerque & Oliveira, 2007; Cavalcante, 2012). Neste catálogo, além do diamante, são descritas ocorrências de ametista, quartzo fumê, granada, zircão, diopsídio, quartzo rosa, ágata e turmalina. Em 2016 a METAMAT lançou o Mapa de Ocorrências de Pedras Coradas do estado com novas ocorrências, com destaque para opala. Todavia, essas ocorrências ainda são pouco conhecidas do ponto de vista geológico e gemológico,

O presente divulga os resultados de mapeamento geológico e avaliação gemológica de ocorrências de minerais de gema como opala de fogo e ametista, no município de Aripuanã; de turmalina e quartzo fumê, no município de Cotriguaçu (Distrito de Nova União); e de quartzo róseo e turmalinas, em Alta Floresta, todas em Mato Grosso.

 

AS OPALAS

A ocorrência das opalas localiza-se acerca de 14 km da cidade de Aripuanã (UTM 21L 0225959E / 887741S), na propriedade rural denominada sítio Salto do Garibaldi. As opalas apresentam boa qualidade gemológica, porém, são exemplares de pequenos tamanhos (Figura 1). As opalas brancas mostram opalescência e também brilho sedoso. As opalas de fogo têm cor alaranjada, são translúcidas e a o brilho vítreo. As opalas mel são esbranquiçadas a levemente cor de mel e apresentam leve opalescência. Essas opalas encontram-se o blocos e lajedos (Figura 2).

 

 

Figura 1. Afloramento em lajedo cortado por veios contendo opalas.

 

Figura 2. Exemplares de opalas branca, opalas mel e, opalas de fogo.

 

AMETISTA

O depósito de ametista encontrada no município de Aripuanã está localizado no sítio denominado Mata Grande (UTM 21L 218863,531 E/8880548,087S), acerca de 20 km a oeste da sede do município. Esse depósito está em lavra de forma descontinuada desde 1984. A cava mede 250 por 100m, com uma galeria inundada, por corpo d’água com 80 por 40 metros de extensão, e até 15 metros profundidade, segundo informações do Sr. Guaraci, sitiante e proprietário das terras onde se encontra o depósito. Ainda segundo o Sr. Guaraci, este depósito já produziu cerca de 100 toneladas de ametista, das quais cerca de 5 foram comercializadas como gemas.

As ametistas encontram-se como cristais com fácies bem definidas e formam drusas (Figura 3) cobertas por película de cor marrom.

 

 

Figura 3A. Drusas de ametista com os cristais individuais recobertos por uma película mineral marrom, ainda não identificada.

 

Figura 3B. Drusas de ametista com os cristais individuais recobertos por uma película mineral marrom, ainda não identificada (vista lateral).

 

TURMALINAS

Nas proximidades da Vila Nova União, município de Cotriguaçu, foram identificadas várias ocorrências de turmalinas, da variedade dravita. Ocorrem preferencialmente, em veios de quartzo, envelopados em hidrotermalito rico em muscovita, tipo greisen.

A região tem um histórico de lavra de turmalinas. Alguns moradores contam que em sua propriedade já foi extraído muito mineral, como é o caso do senhor Zézinho e do senhor Marinho, ambos com shafts, de 10,5m e 15m respectivamente, em suas propriedades. O senhor Mineiro conta que do shaft que está locado em sua propriedade já foram extraídos 300 quilos de turmalina de variados tamanhos (Figuras 4 A e B).

 

 

Figura 4A. Vários cristais de turmalinas inclusos na rocha matriz.

 

Figura 4B. Cristal de turmalina com 5 cm de comprimento e prisma bem desenvolvido.

 

QUARTZO RÓSEO

O depósito de quartzo róseo de Alta Floresta localiza-se no sítio conhecido como Mirassol, no município de Alta Floresta. Está associado a um corpo pegmatítico (localização: UTM 21L 573752 W / 8879583 N) motivo de pesquisa da METAMAT, cujo relatório foi apresentado ao DNPM.

O quartzo róseo (Figura 5) aflora em um pequeno morro, cujo afloramento alcança 80 m de comprimento (E W) por 25 m de espessura, com destaque para a porção mais central de quartzo róseo, com cerca de 10 m de espessura (Figura 5), envelopado em granito fino a médio, cinza, orientado a levemente foliado.

 

Figura 5A. Afloramento mostrando o pegmatito com banda de quartzo róseo na porção superior aflorante.

 

Figura 5B. Perfil geológico esquemático observado em um corte lateral do corpo pegmatítico.

 

Escavações feitas nesse pegmatito, similar a uma trincheira, acompanhando a porção de lapa, sob o nível de quartzo róseo, expôs-se uma massa de caulim cortado por vênulas de quartzo.

Na parede com quartzo róseo, exposta pela escavação, observa-se enclaves e fragmentos do granito, a rocha encaixante mais proximal.

Em alguns locais é possível que o veio de quartzo róseo possa representar uma fase hidrotermal mais tardia. Na lateral do afloramento, sentido norte, o granito encaixante está muito alterado pelo intemperismo com tonalidades vermelho escuro a quase roxo, recortado por vênulas de caulim, subparalelas, e com pouquíssimo quartzo.

Além do quartzo róseo (Figuras 6 A e  B), ocorrem tumalinas como minerais gemológicos e sempre muita muscovita  (Figura 7).

 

Figura 6A. Quartzo róseo com alta qualidade gemológica.

 

Figura 6B. Matacões de quartzo róseo de até 4 metros de altura.

 

Figura 7A. Bolsão de turmalinas incrustadas em quartzo.

 

Figura 7B. Amostra de muscovita.

 

CONCLUSÕES

As diversas ocorrências aqui descritas de minerais com potencial gemológico, mostram que o Estado de Mato Grosso poderá ser importante produtor de minerais de gema. As opalas encontradas de Aripuanã são de boa qualidade gemológica, da mesma forma como as ametistas, todavia é necessário cautela visto que não foi possível fazer um detalhamento do corpo mineralizado em decorrência da frente de lavra estar submersa.

As ametistas encontradas em Nova União não apresentam diversidade de cores, são opacas e por vezes quebradiças, o que requer novas pesquisas para avaliar seu potencial gemológico.

O quartzo róseo mostra-se muito promissor devida ao seu grande volume e facilidade na extração, pois está aflorante. As pesquisas no corpo pegmatítico continuam a fim de que se encontre outros minerais de gemas, como por exemplo, turmalinas coloridas.

 

REFERÊNCIAS

Albuquerque, M. C. & Oliveira, C. C. 2007. Folha Aripuanã, escala 1:250.000. Goiânia: CPRM (Convênio CPRM/SICME-MT). 90 p. il.

Cavalcante, J. A. 2012. Relatório Preliminar de Pesquisa apresentado ao DNPM, Processo 867336/2008.

 

 

 

 10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i4a1NJF