05 – Formação de placas de pirita em raízes de manguezal

Ano 04 (2017) - Número 02 Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v42017i2a5CRLM

 

 

Christiene R L de Matos, doutoranda do PPGG/IG/UFPA; Marcondes Lima da Costa, Curador do Museu de Geociências/IG/UFPA; José Francisco Berrêdo, pesquisador do MPEG.

 

Sedimentos redutores de manguezal são famosos por seu alto teor de pirita. A formação de H2S (Reação 1) é responsável por este grande acúmulo de pirita. A formação de H2S, por sua vez, é mantida pela oferta abundante de SO42- a partir da água do mar e da matéria orgânica proveniente da vegetação de mangue. A decomposição da matéria orgânica é atribuída principalmente à sulfato-redução bacteriana (SRB) (Jørgensen, 1982).

SO4-2 + 2CH2O → 2HCO3 + H2S                             (Reação1)

Em seguida, o sulfeto produzido pela SRB pode reagir rapidamente com minerais de ferro detríticos para formar sulfetos de ferro (por exemplo, mackinawita, greigita ou pirrotita) e, finalmente, formar pirita à temperatura ambiente através de vários processos. Por exemplo, a pirita pode formar-se diretamente pela adição de enxofre elementar ou polissulfeto a FeS (Reação 2).

FeS + S0→ FeS2 ou FeS + → FeS2 +                  (Reação 2)

Os cristais ou os frambóides de pirita também podem estar escondidos dentro de peles protetoras de raízes (Figuras 1a e b), tocas e canais, fornecendo condutos para um contínuo suprimento de sulfato dissolvido para a água da maré. Associações entre pirita e detritos de plantas, particularmente raízes, têm sido comumente relatadas. Wada e Seisuwan (1988) observaram que a quantidade de pirita associada com os detritos de plantas aumenta com o crescente grau de decomposição, sugerindo uma relação entre decomposição e formação de pirita.

Segundo Alongi et al., (2001) as taxas de redução de sulfato correlacionaram-se significativamente com a biomassa de raízes mortas, sugerindo que o carbono em raízes mortas pode indiretamente promover a formação de pirita fornecendo combustível para o crescimento de comunidades bacterianas sulfatadas que produzem sulfetos livres necessários para a precipitação de FeS2.

 

Figura 1. a) Placa de pirita em torno de uma raiz de mangue, b) Cristais de pirita dentro de uma raiz de mangue. Fonte: Tokey e Dent (2002).

 

REFERÊNCIAS

ALONGI, D. M.; WATTAYAKORN, G.; PFITZNER, J.; TIRENDI, F.; ZAGORSKIS, I.; BRUNSKILL, G. J.; DAVIDSON, A.; CLOUGH, B. F. 2001. Organic carbon accumulation and metabolic pathways in sediments of mangrove forests in southern Thailand. Mar. Geol. 179: 85–103.

JØRGENSEN, B. B., 1982. Mineralization of organic-matter in the sea bed-the role of sulfate reduction. Nature 296, 643–645.

TOVEY, K.; DENT, D. 2002. Microstructure and microcosm chemistry of tidal soils. Proceedings of the 17th World Congress of Soil Sciences, Bangkok, Thailand, n.892, 7p.

WADA, H.; SEISUWAN, B., 1988. The process of pyrite formation in mangrove soils. In Dost, H. (ed), Selected Papers of the Dakar Symposium on Acid Sulphate Soils. Publication 44, International Institute forLand Reclamation and Improvement,Wageningen, The Netherlands, p. 24-37.

 

 

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