11 – Fitoplâncton (diatomáceas) do estuário do rio Pará

Ano 03 (2016) - Número 01 Artigos

Maria S.P. Vilhena, PDR/PPGG/UFPA/CAPES, Marcondes L. Costa, curador do Museu de Geociências, José F. Berrêdo, CCTE/MPEG, Rosildo S. Paiva, ICB/UFPA.

 

O fitoplâncton constitui um conjunto de microrganismos vegetais encontrados principalmente nos mares, rios e lagos, é um dos componentes-chave da dinâmica dos ecossistemas estuarinos. Esses organismos são capazes de absorver quantidades significativas de matéria orgânica dissolvida e concentrar grandes quantidades de elementos químicos, transportando-os de maneiras variadas nas estruturas esqueléticas (Martin and Knauer, 1973).

O fitoplâncton é ideal para o estudo das interações terra (solo ou sedimento)-água e para indicar modificações químicas e biológicas nos ecossistemas naturais. Nos estuários, as diatomáceas destacam-se como as espécies dominantes entre os fitoplâncton (Paiva et. al., 2006) e, por isso, são admitidas como marcadores de condições ambientais, climáticas e paleoceanográficas (Barron e Bukry, 2007), por que as frústulas silicosas, resistentes, podem ficar preservadas nos sedimentos (Gil et al., 2007). As diatomáceas são em geral constituídas de sílica opalina, portanto, o mineral dominante seria a bioopala.

Em estudo recente, conduzido no estuário do rio Pará (Vilhena et al., 2015), pode-se constatar que o fitoplâncton, principalmente diatomáceas, possui em sua composição química quantidades surpreendentes dos elementos Si, K, Ca, P, Fe e Al. A presença desses elementos no fitoplâncton e suas elevadas concentrações indicaram as condições ambientais dominantes em que se desenvolveu o processo de adsorção, provavelmente um dos principais mecanismos de controle da composição química da água estuarina.

De fato, no estuário rio Pará os sedimentos são areno-siltosos, constituídos por quartzo como mineral predominante, mas ainda contem caulinita, illita, goethita e hematita. É provável que os valores elevados de Al (média: 8111 ± 5820 µg g-1), encontrado associado a esses organismos, possa refletir uma possível contaminação ambiental devido às atividades industriais de processamento de minério de aluminio (bauxita), e do terminal de cargas de Vila do Conde.

 

Figura 1. Espécies mais abundantes de diatomáceas no estuário do rio Pará (A) Aulacoseira granulata, (B) Polymyxus coronalis e (C) Coscinodiscus rothii.

 

REFERÊNCIAS

BARRON, JA, BUKRY, D. 2007. Solar forcing of Gulf of California climate during the past 2000 yr suggested by diatoms and silicoflagellates. Marine Micropaleontology 62, 115–139.

GIL, I.M., ABRANTES, F, HEBBELN, D. 2007. Diatoms as afloramento costeiro and river discharge indicators along the Portuguese margin: instrumental data linked to proxy information. The Holocene 17 (8), 1245-1252 MARTIN, J.H., KNAUER, G.A. 1973. The elemental composition of plankton. Geochemica et Cosmochimica Acta. 37, 1639-1653.

PAIVA, R.S.; ESKINAZI-LEÇA, E.; PASSAVANTE, J.Z.O.; Silva-Cunha, M.G.G.; Melo, N.F.A.C. 2006.

Ecological considerations on phytoplankton from the Guajará bay and from the Guamá river estuary in Pará, Brazil. Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, 1, 133-146.

VILHENA, M.P.S.P., COSTA, M.L., BERREDO, J.F., ROSILDO, S.P., ALMEIDA, P.D.A., 2014. Chemical

composition of phytoplankton from the estuaries of Eastern Amazonia. Acta Amazônica 44 (4), 1-14.