12 – Barita na Tartaruga do Diabinho

Ano 02 (2015) - Número único Artigos

Maria do Socorro Progene, PDR PPGG/UFPA/CAPES e Marcondes Lima da Costa, curador do Museu de Geociências

 

O fóssil de tartaruga foi coletado pelo Prof. Dr. Marcondes Lima da Costa no barranco da margem direita do igarapé Diabinho, que estava naturalmente muito fraturada. O Igarapé Diabinho é afluente pela margem direita do rio Envira, que drena os municípios de Feijó e Tarauacá, no Acre. Tem em geral vale encaixado nos sedimentos da Formação Solimões, os quais são ricos em fragmentos de vertebrados fósseis. O Igarapé Diabinho, no período chuvoso, eleva assustadoramente o seu nível de água, adquirindo alto potencial erosional, erodindo suas margens, e expondo de vez em quando registros dos referidos fósseis na vazante (Costa et.al., 2003).

Os fragmentos do fóssil do quelônio (tartaruga) são constituídos principalmente de hidroxiapatita e calcita que estão associados a outros minerais como quartzo, pirita e a barita, além de minerais de argila e óxidos e hidróxidos de ferro. A barita é o segundo mineral autigênico mais abundante, sempre encontrada dentro de cavidades, e se apresenta em aglomerados de cristais prismáticos subédricos ocupando as bordas das cavidades. Ocorre também em cristais tabulares ou laminares, isoladas ou como rosetas. A barita e calcita são encontradas frequentemente associadas no mesma parte óssea.

A apatita deve ser a possível fonte de Ba para formação da barita já que concentração de Ba na bioapatita da tartaruga do igarapé Diabinho é elevada, em média 4024 µg g-1. O aumento da concentração de Ba é geralmente interpretado como um efeito de aridez e evaporação, que são os fatores que controlam a concentração deste elemento (Samoilov et al., 2001). Portanto a remineralização durante a diagênese dos fragmentos fósseis ricos em biopatita (Trueman et al., 2004) favoreceram a formação da barita, já que o ambiente foi também rico em sulfatos, como o gipso, além da calcita que comprova o ambiência sub-árida a sub-úmida. A formação de calcita pode representar o período mais úmido quando a evaporação pode ter sido temporariamente limitada (Bodzioch e Kowal-Linka, 2012).

 

Figura 1: fragmentos de ossos fósseis da tartaruga do Diabinho.

 

Fig 2: imagem de MEV da barita mostrando suas formas e distribuição no fóssil quelônio (tartaruga do igarapé Diabinho).

 

Fig 3: imagem de MEV da barita mostrando suas formas e distribuição no fóssil quelônio (tartaruga do igarapé Diabinho).

 

REFERÊNCIAS

Bodzioch, A., Kowal-Linka, M. 2012. Unraveling the origin of the Late Triassic multitaxic bone accumulation at Krasiejów (S Poland) by diagenetic analysis. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 346-347; 25–36.

Costa. M.L., Almeida, H.D.F., Rego, J.A. R., Jesus, I.M., SÁ, G.C., Brabo, E.S., Santos, E.O., Angélica, R.S. 2003. Aspectos Físico-Químicos e Considerações Geoquímicas sobre as Águas Fluviais do Acre. In: Congresso Brasileiro de Geoquímica, 9, Belém. Anais. Belém, SBGQ. p.322-324.

Trueman, C.N.G., Behrenmeyer, A.K., Tuross, N., Weiner, S., 2004. Mineralogical and compositional changes in bones exposed on soil surfaces in Amboseli National Park, Kenya: diagenetic mechanisms and the role of sediment pore fluids. Journal of Archaeological Science 31, 721–739.

Samoilov, V.S., Benjamini, Ch., Smirnova, E.V., 2001. Early diagenetic stabilization of trace

elements in reptile bone remains as an indicator of Maastrichtian–Late Paleocene climatic changes: evidence from the Naran Bulak locality, the Gobi Desert (South Mongolia). Sedimentary Geology 143, 15–39.