09 – AS JOIAS DO INFINITO: UMA ABORDAGEM COMPARATIVA ENTRE AS GEMAS FICTÍCIAS DO UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO DA MARVEL E GEMAS REAIS

Ano 05 (2018) - Número 02 Artigos

 10.31419/ISSN.2594-942X.v52018i2a9AFSQ

 

 

Alan Felipe dos Santos Queiroz*

 

*Grupo de Mineralogia e Geoquímica Aplicada (GMGA)

Graduando em Geologia FAGEO/UFPA

Email: queiroz.afs.geologia@gmail.com

 

ABSTRACT

The Infinity Stones are fictitious gemological materials first presented in the Marvel comic books. These stones have been highlighted since their introduction in the films of the Marvel Cinematic Universe. The stones feature six characteristic colors: blue, yellow, red, purple, green and orange, with brilliance, transparency and singular beauty. In the films, for each stone is attributed a unique and immeasurable power. In real life, the Infinity Stones closely resemble gemological minerals well known by the man, such as sapphire, ruby, emerald, amethyst, topaz, and opal. Among the similarities are the color, brightness, fascination and some beliefs attributed to them. The Space Stone, with its blue color, resembles blue sapphires, while the Mind Stone, yellow-colored, in turn, resembles the topaz, while the Reality Stone, Power Stone, Time Stone and the Mind Stone, resemble ruby, amethyst, emerald and orange opal, respectively. In addition to the great value in the gemological market, these real gemstones may have been used as inspiration for the Infinity Stones illustrated in the Marvel Cinematic Universe movies. The Infinity Stones attract attention and can help in the diffusion of information and curiosities about gems and jewelry minerals, given its similarity with real specimens. For this happens, it is necessary the existence of comparisons and associations between the Infinity Stones and real gemstones with correct and easily accessible information.

Palavras-Chave: Mineralogia, Minerais Gemológicos, Gemologia no Cinema.

 

INTRODUÇÃO

O Universo Cinematográfico da Marvel (UCM, ou MCU- Marvel Cinematic Universe, em inglês), criado por Kevin Feige e outros colaboradores, engloba uma sequência de títulos cinematográficos cujas tramas apresentam eventos interligados entre si, pertencentes a uma mesma dimensão e culminariam na formação e evolução de um grupo de super-heróis conhecidos como Os Vingadores. Toda a franquia gira em torno da construção dos super-heróis, no entanto, alguns elementos foram apresentados como essenciais em toda a trama, como as Joias do Infinito, tendo a sua primeira aparição em 2011, no filme Capitão América: O primeiro Vingador. Desde então elas foram ocupando espaços de destaque na franquia, posteriormente tornando-se o grande e principal alvo do maior vilão das sequências: Thanos.

Na história fictícia do Universo Cinematográfico da Marvel, estas joias se apresentam em seis cores: amarelo (Joia da Mente), roxo (Joia do Poder), azul (Joia do Espaço), verde (Joia do Tempo), vermelho (Joia da Realidade) e laranja (Joia da Alma). Segundo os filmes, a cada joia é atribuído um poder único e imensurável, tornando-as tão desejadas pelo principal vilão da franquia, Thanos, cujo objetivo durante as histórias é a localização e coleta dessas joias para sua manopla dourada, um artefato criado para permitir a manipulação dos poderes das gemas (Figura 1).

 

Figura 1: Manopla do Infinito. Manopla dourada utilizada pelo vilão Thanos nos filmes da Marvel, com as seis Joias do Infinito incrustadas: Joia do Poder (roxo), Joia da Realidade (vermelho), Joia do Espaço (azul), Joia do Tempo (Verde), Joia da Mente (Amarelo) e Joia da Alma (laranja). Fonte: Naranjo, 2015.

 

Na vida real, a utilização de joias e gemas como fonte de admiração e curiosidade é conhecida desde o tempo pré-histórico, onde cristais de minerais eram utilizados como objetos cortantes, armas, objetos de adorno, amuletos, em pinturas, tapeçarias, etc. (Hurlbut; Kammerling, 1991; Klein; Dutrow, 2012; Schumann, 2013).

Tanto nas histórias em quadrinhos quanto na sua adaptação para o cinema, as Joias do Infinito fornecem poderes especiais ao seu portador, retratando, de certa forma, uma antiga crença do homem de que minerais podem apresentar poderes sobrenaturais. Esta crença pode ter sido usada como inspiração na criação de joias fictícias, portadoras de poderes especiais, pelos quadrinhos e filmes da Marvel. Uma abordagem comparativa entre as joias fictícias do Universo Cinematográfico da Marvel, denominadas de Joias do Infinito, e gemas reais pode criar um vínculo entre os exemplares fictícios, criados pelas histórias em quadrinhos, e minerais reais, contribuindo para a difusão do conhecimento sobre mineralogia e gemologia, assim como instigar o interesse de pessoas por informações sobre gemas e joias, visto o grande sucesso e fascínio que esse mundo de super-heróis e poderes mágicos proporciona.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa trata-se de um estudo comparativo entre exemplares gemológicos reais e fictícios, este último criado e apresentado pelos diversos filmes produzidos pelos Estúdios Marvel. Ela consta de uma revisão de sites e blogs especializados e de curiosidade sobre os filmes da Marvel, assim como uma pesquisa da cultura popular sobre alguns minerais gemológicos parecidos com os apresentados pelos filmes. Foram utilizadas palavras-chaves na pesquisa, como “Joias do Infinito”, “Universo Cinematográfico da Marvel”, “Minerais gemológicos”, dentre outras.

 

TEORIA

Na origem fictícia dessas gemas, explicada no filme Guardiões da Galáxia (2014), as Joias do Infinito foram criadas por 4 entidades cósmicas (denominadas Morte, Eternidade, Infinito e Entropia,) que esculpiram 6 gemas com os restos preservados de 6 singularidades (seres cósmicos poderosos) destruídos durante o Big Bang. Estas gemas ficaram conhecidas como Pedras ou Joias do Infinito.

Na vida real, os minerais gemológicos possuem origem predominantemente inorgânica, formados por processos geológicos e pela cristalização ordenada de compostos químicos de composição relativamente homogênea (Read, 2005). A utilização de gemas e minerais como amuletos e talismãs era bastante comum pelos povos antigos, onde acreditava-se que cada gema possuía poderes sobrenaturais e poderia conferir ao seu portador certas virtudes e proteções, sendo utilizadas muitas vezes como remédios para diversas doenças (Schumann, 2013).

A beleza característica das gemas são oriundas das propriedades físicas e óticas dos minerais, como cor, brilho, transparência, luminosidade, jogo de cores, etc., além da dureza e a tenacidade. A valorização de um mineral como joia depende bastante de sua raridade, fama e portabilidade (Klein; Dutrow, 2012). Minerais como diamante, berilo, coríndon, opala, quartzo (incluindo sua variedade ametista), topázio e turquesa são alguns exemplares muito utilizados como gemas e joias (Klein; Dutrow, 2012).

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As Joias do Infinito, nos filmes, são gemas tidas como de origem cósmica e que possuem um enorme poder. Cada gema apresenta um nome, uma cor e um poder específico.

Tal como na ficção, diversas gemas e minerais foram utilizados ao longo da história, pelo homem, como amuletos e talismãs, pois acreditava-se que os mesmos possuiriam poderes sobrenaturais. Essa crença pode ter influenciado os autores dos quadrinhos, no qual os filmes são inspirados, na criação de joias com poderes extraordinários como os apresentados.

Tanto nos filmes quanto nos quadrinhos as Joias do Infinito apresentam as cores azul, amarelo, vermelho, roxo, verde e laranja. Nas histórias, essas joias não estão associadas a nenhum exemplar encontrado na Terra. Todavia, suas características visuais são semelhantes à algumas das gemas mais populares e conhecidas pelo homem, como: safira, topázio, rubi, ametista, esmeralda e opala laranja.

 

Figura 2: Joias do Infinito: Da esquerda para direita: Joia do espaço, Joia da Mente, Joia da Realidade, Joia do Poder, Joia do Tempo e Joia da Alma. Fonte: Google Imagens.

 

Figura 3: Cristais gemológicos reais lapidados. Da esquerda para direita: Safira, topázio amarelo, rubi, ametista, esmeralda e opala, onde as gemas apresentam talhe oval (safira, topázio, ametista e opala), gota (rubi) e esmeralda (esmeralda). Fonte: Google Imagens.

 

Essas gemas reais são conhecidas desde a antiguidade, algumas sendo citadas na bíblia e utilizadas pelos povos gregos, egípcios e romanos. Por vários e vários anos algumas dessas gemas foram utilizadas como adornos para demonstrar poder e status social (Schumann, 2013).

Quando comparamos as Joias do Infinito com as gemas reais, podemos nota algumas similaridades, como a cor, fascínio e algumas crenças atribuídas a elas.

A Joia do Espaço, devido a sua coloração azul, assemelha-se muito a safira azul, uma variedade azul do coríndon. A Joia da Mente, de coloração amarela, assemelha-se ao topázio. O topázio é um silicato de flúor e alumínio frequentemente encontrado em pegmatitos (Klein; Dutrow, 2012). A Joia da Realidade, de cor vermelho intenso, assemelha-se ao rubi. O rubi é a variedade vermelha do coríndon e quando apresentada na cor vermelho intenso, é considerada extremamente valiosa (Klein; Dutrow, 2012). A Joia do Poder, de coloração roxa, assemelha-se a ametista. A ametista é uma variedade roxa do quartzo, sendo a mais apreciada das variações (Juchem, 1999). A Joia do Tempo apresenta uma cor verde intensa parecida com a da esmeralda. A esmeralda é uma variedade verde intensa e transparente do berilo. A Joia da Mente, de cor laranja e assemelha-se muito a opala laranja. A opala é uma variedade criptocristalina e hidratada de quartzo, sendo depositada por fontes quentes em baixas profundidades (Klein; Dutrow, 2012).

Os poderes imensuráveis atribuídos as Joias do Infinito pelos criadores da história fictícia são em parte derivados de uma antiga crença do ser humano em poderes sobrenaturais conferidos a certos minerais. Ainda hoje é possível observar essa crença no conhecimento popular, em revistas e sites, especialmente os que falam de astrologia, moda, curiosidades, etc.

Esse credo nas gemas e minerais contribui de certa forma para a propagação da curiosidade e consequente conhecimento dos mesmos. As Joias do Infinito, por sua vez e por desempenharem um papel de grande importância nas sequências cinematográficas, ajudam a despertar o interesse pelos minerais cuja beleza seja semelhante. Portanto, a presença das Joias do Infinito nos filmes e revistas contribuem não somente para fomentar nossa imaginação, mas também para provocar e instigar nossa curiosidade sobre as joias e minerais gemológicos.

 

CONCLUSÕES

O fascínio pelo mundo de super-heróis e vilões favoreceu o grande interesse pelo universo cinematográfico e fictício da Marvel. As Joias do Infinito, abordadas dentro dessa temática, chama a atenção para os cristais gemológicos visto à similaridade das gemas fictícias com exemplares reais. Logo, comparações e associações entre ambos podem ajudar na difusão de informações e curiosidades sobre os minerais gemológicos e de joias para a população com menos conhecimento sobre o assunto, pois os filmes, além de introduzirem as imagens das gemas no imaginário de seus expectadores, podem ajudar na troca de informações sobre o assunto, isto é, caso haja informações disponíveis para pesquisas.

 

REFERÊNCIAS

Bridi, N, 2018. Tudo sobre as Joias do Infinito no cinema. Disponível em: https://omelete.com.br/filmes/lista/tudo-sobre-as-joias-do-infinito-no-cinema/2/. Acesso em 18/02/2018.

Hurlbut J, C. S.; Kammerling, R. C., 1991. Gemology. 2nd edition, Wiley-Interscience, New York, 352p.

Juchem, P. L.; 1999. Mineralogia, geologia e gênese dos depósitos de ametista da região de Alto Uruguai, Rio Grande do Sul. Tese de doutoramento. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, 239p.

Klein, C.; Dutrow, B. 2012. Manual de Ciência dos Minerais. Bookman. 23rd ed. Porto Alegre. 796p.

Maltez, J. 2017a. Guia essencial de aficionado para as Joias do Infinito. Disponível em: https://www.aficionados.com.br/joias-do-infinito/. Acesso em 17/02/2018.

Naranjo, M. 2015. A Saga de Thanos e o surgimento das Joias e da Manopla do Infinito. Disponível em: http://www.universohq.com/materias/saga-de-thanos-e-o-surgimento-das-joias-e-da-manopla-infinito/. Acesso em 20/02/2018.

Read, P. G. 2005. Gemmology. 3rd Ed. Elsevier, Amsterdam; New York, 336p.

Schumann, W. 2013. Gemstones of the world. Newly Revised. 5th Ed. Sterling Publishing, 320p.

 

 

 10.31419/ISSN.2594-942X.v52018i2a9AFSQ